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25/08/2009 16:56
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Hora de preparar a nova safra de fumo

Maioria dos fumicultores de Candelária está envolvida na preparação dos canteiros para a safra 2009/2010. Devido ao atraso na comercialização da colheita anterior, a rotina se divide na classificação do fumo e no cuidado com as novas mudas, que serão plantadas já na primeira quinzena de julho. A previsão da Farsul (Federação da Agricultura no Estado do Rio Grande do Sul) é de que a área plantada permaneça igual a do ano passado. “No Rio Grande do Sul o cultivo deve ser novamente registrado em aproximadamente 215 mil hectares”, destaca Mauro Flores, dirigente da entidade. 
Em entrevista à Folha, ele disse que os números relacionados à preparação da nova safra são considerados normais para esta época. A recomendação, no entanto, é para que se faça o plantio na segunda quinzena de julho. “Neste período dá para garantir o desenvolvimento das mudas porque mais adiante já começam a aumentar os períodos de frio e a incidência de geada”, considera. Normalmente, na região de Candelária, o transplante das mudas se intensifica no fim de agosto, quando o declínio das temperaturas é mais evidente.
Em vista disso, alguns produtores optaram por antecipar a preparação das mudas neste ano. Um deles foi Derli Rodrigues, 37 anos, que mora às margens da RS 400, nas proximidades do bairro Ewaldo Prass. No caso dele o objetivo é evitar que o fumo também seja prejudicado pelo calor, nos meses de janeiro e fevereiro. Em entrevista à Folha, ele explicou que as mudas foram semeadas no dia 20 de maio para antecipar, sobretudo, a colheita. “Assim dá para colher mais no cedo porque o sol queima muito o fumo; sempre se perde alguma coisa no verão”, confirma. A exemplo das duas últimas safras, ele reduzirá a área plantada na deste ano. Em 2007/2008 foram 65 mil pés e agora (2009/2010) serão 50 mil.
A redução, conforme a sua esposa, Odélia, se explica pela dificuldade de encontrar mão-de-obra. “Geralmente somos só nos dois. Dá muita despesa contratar diaristas e os insumos também estão muito caros”, diz. Neste sentido, Derli cita como exemplo o aumento no preço de um dos adubos que utiliza. “No ano passado custava R$ 50,00 o saco e agora já subiu para R$ 65,00. Já o fumo teve só 12% de aumento neste ano”, considera. Ele também justifica que o produto está desvalorizado. “Cada ano piora, mas a gente espera que melhore porque desse jeito não tem quem agüente. Só não deixo de plantar porque não tem outra coisa melhor”, lamenta. A previsão é de que as mudas semeadas em maio possam ser plantadas no começo de agosto. “Tão desenvolvendo bem e já estão com duas folhas, em média”, finaliza.

VENDA - A estimativa é de que 80% do fumo colhido na safra 2008/2009 tenham sido comercializados até o momento. Os 20% restantes estão estocados nos galpões à espera de uma melhor classificação. Segundo o presidente da comissão do tabaco da Farsul e do Sindicato Rural de Candelária, Mauro Flores, o encerramento inicialmente previsto para o fim de julho deverá retardar, já que foi um ano atípico, com atraso na definição do reajuste da tabela de preços. No que se refere à produtividade, ele calcula que sejam comercializadas 730 mil toneladas nos três estados da região Sul.