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25/08/2009 16:56
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Cad o cip?

Há mais de 30 anos, quando os pais de Vilimar, João e Vergílio dos Santos começaram a fazer cestos e balaios, a quantidade de cipós encontrada nas matas, principalmente nos arredores da Picada Karnopp, em Candelária, era bem mais expressiva. Hoje, a planta está escassa; difícil de ser extraída das árvores. Eles atribuem esta diminuição às agressões sofridas pela natureza nas últimas décadas. A situação, que provoca a queda de produtividade das famílias que dependem do artesanato, serve, sobretudo, de alerta para as ações praticadas contra o meio ambiente. Afinal, é a prova de que os recursos naturais reagem aos efeitos negativos da poluição, do desmatamento e das queimadas - crimes comumente registrados e denunciados.
Na manhã de terça, 2, a reportagem da Folha conversou com os irmãos Santos para conferir o trabalho desenvolvido pelos balaieiros que moram às margens da RS 400 (liga Candelária a Sobradinho), nas proximidades da sede campestre do Clube Rio Branco. Das 18 famílias que residem naquelas imediações, cinco dependem da extração de cipó para comercializar balaios e cestos e tem a produção como sua principal fonte de renda. Tudo o que eles fazem varia de acordo com o que obtêm na natureza. “A quantia produzida depende do que conseguimos encontrar na mata. Está mais difícil de achar e às vezes precisamos sair pra longe; aqui pelas redondezas não tem muita coisa”, explica João. “Não tem como calcular o que é feito porque antes tem que retirar o cipó”, acrescenta Vergílio.
Segundo Vilimar, a venda também oscila. “O que mais tem saída é o cesto; os balaios são mais procurados durante a colheita do milho”, destaca. De acordo com ele, os fumicultores não têm demonstrado muito interesse pelo material pelo fato de as mudas serem plantadas nas bandejas. Em vista disso, os balaieiros saem à procura de novos mercados. “Vendemos em Santa Cruz, Pinheiral, Sobradinho, Vale do Sol, Ferraz e Novo Cabrais”, complementa. Atualmente, eles utilizam os cipós “manteiga” e “pau- pau” e as taquaras “mansa” e “mambu” na fabricação dos produtos. A escassez destas matérias-primas também pode estar associada às suas particularidades. “A taquara mansa leva uns sete anos para brotar; é mais macia e fácil de manusear”, diz João. E ainda tem um segredo. “Se cortar na lua nova morre. O melhor é na crescente porque aí se desenvolve mais rápido”, recomendam eles.

PREÇO - Atualmente o valor dos cestos varia de R$ 10,00 a R$ 15,00 enquanto que o dos balaios chega, em média, a R$ 20,00. Os produtos duram até dois anos - período que pode ser prolongado se o material não ficar exposto à chuva.