Logo Folha de Candelária
25/08/2009 16:56
Por:

Riquezas do nosso futebol - captulo XIV

Trincheira ou Linha Boa Vista. Uma localidade próxima da área urbana de Candelária que nos áureos tempos era conhecida pela aviação e pelo futebol. Lá existia um hangar que abrigava aviões de pequeno porte, sendo naquela época, uma referência na região. No futebol, já existia o América , fundado em 1971. Em pouco tempo depois, em meados de 1972, surgia a equipe do Esporte Clube União, da Linha Boa Vista.
Quem relata as histórias da equipe é o aposentado Hilton Steil, o popular Menegueti. Com 76 anos, "Seu Menegueti" conta que o União surgiu porque ele, Valdomiro Kochenborger, Arnoldo Pereira, Ari Hintz, Danilo Oliveira, entre outros,  gostavam do futebol e queriam oportunizar momentos de lazer, nos domingos, para os membros da comunidade. O campo da equipe ficava na propriedade de Valdomiro Kochenborger, próximo ao trevo da localidade com a RSC 287. Menegueti relata que nos primeiros anos, o União disputava apenas amistosos, onde enfrentou agremiações de Cerro Branco e equipes tradicionais da época, como Tabacos, Botafogo (Travessão Schoenfeldt),  Flor da Serra, Pinheiro e Cruzeiro (Linha Travessão). Menegueti, que além de fundador, era treinador da equipe,  destaca uma vitória do União em um jogo amistoso que a equipe disputou contra o Botafogo no Travessão Schoenfeldt. “Estávamos perdendo no primeiro tempo por 2x1. No intervalo, eu paguei um refrigerante para cada atleta e dei uma chamada neles. No segundo tempo partimos para cima e nos acréscimos o Irio fez o gol e vencemos eles por 4x3. Após o jogo, o presidente deles chorava pela derrota, pois o Botafogo jamais tinha perdido um amistoso em casa”, conta. Um dos primeiros times do União foi formado com Paíca, Pedro, Morango, Ivan Machado e Rudimar. Ildo Rodrigues, Ricardo (Rascunho) e Enio Sanmartin. Ivo Rodrigues, João e Pedrinho. O contabilista Ildo Rodrigues, atualmente com 54 anos, relata outra jornada da equipe em amistosos na época. “Fomos jogar no sábado um amistoso contra o Flor da Serra em Picada Karnopp. Na subida, o nosso ônibus estragou. Como não tínhamos como voltar, toda a equipe teve que pernoitar no ônibus. Sem sono, acabamos indo em um baile no Salão Otto e no domingo pela manhã, ressacados, fomos jogar o amistoso. Somente no fim da tarde conseguimos voltar para a cidade”,  lembra. Sobre os clássicos com o América, Menegueti diz que eram grandes jogos. “Não me recordo bem, mas acredito que o União tenha vencido mais partidas contra o América”, destaca o fundador.

Título bateu na trave em 1978
Em 1975, o União passou a disputar os campeonatos municipais. A equipe enfrentou agremiações como Botucaraí, Olarias, Minuano, Tabacos, América, Pedras Brancas, Minuano, Candelária, Renascença, Ouro Verde, Gaúcho (Linha Travessão), entre outros. Nos primeiros anos, não chegou  entre os finalistas. Em 1978, o União obteve a sua melhor campanha ao chegar na final e decidir em seus domínios o título daquele ano contra o Olarias, que  havia conquistado o municipal em 76 e 77. Segundo o Jornal Nossa Opinião, a decisão foi em duas partidas. No primeiro jogo, disputado na Linha do Rio, empate em 1x1. No segundo jogo, na Linha Boa Vista, vitória do Olarias por 3x1. “Saímos vencendo no primeiro tempo por 1x0. Na etapa final, o nosso goleiro foi infeliz em alguns lances e acabamos perdendo a final”, lembra Menegueti. Aquela conquista marcou o tricampeonato municipal do Olarias. O grupo do União foi formado com Fredão, Luis, Lampião, Pedrão e Orlando Gass. Bugrinho, Alceliro, Enio Sanmartin e Portinho. Rascunho e Irio Schünke. Após, os municipais tiveram uma parada e o União seguiu apenas disputando amistosos até 1983. Dirceu da Rosa Gomes era um dos atletas da equipe e recorda que o time jogava todos os domingos, na sua maioria, contra equipes de fora do município. A equipe contou com os seguintes jogadores naquela época: Fredão, Chico Preto, Bugrinho, Roni Braga, Mauro Trindade, Miguel Inácio, Vanderlei Ribeiro, Valdemar Schwantz (Maia), Valdir Schwantz (Tiza), Paulinho Glänzel, Valinho, Irio Schünke, Clóvis Braga, Dirceu da Rosa Gomes, entre outros.

A glória veio em 2007
Após disputar o certame municipal nos anos 80 e 90, Menegueti se afastou e Valdomiro Kochenborger, proprietário do campo, acabou desativando a praça esportiva da equipe no final da década de 90. Somente em 2007, através da iniciativa do esportista Valdomiro Lucas, o Miro, o União retornou e disputou o municipal no estádio Darcy Martin. Na sua volta ao municipal, a equipe eliminou o Ouro Verde nas semifinais. Em uma final épica contra o Ouro Preto, depois de perder o primeiro jogo por 3x0 e estar perdendo o segundo jogo por 2x0 no primeiro tempo, o União acabou  virando o placar  para 4x2 no tempo normal. Após 0x0 na prorrogação, a equipe da Linha Boa Vista conquistou nos pênaltis o tão sonhado título municipal. O time campeão foi formado com Diefer, Neguinho, Kiki, Marcel e Caju. Pelé, Valter, Pingo e Cebola. Choco e Lauri. Jogaram ainda Conrado, Barroges e Iri. Sobre o futuro do futebol, Menegueti diz que hoje não se faz futebol como antigamente. “Na época, não tínhamos apoio e trabalhávamos por amor à camisa. Hoje, o custo é muito alto e a juventude não tem o mesmo interesse que a gurizada da época tinha para praticar o futebol. Infelizmente o nosso futebol de campo está acabando”, diz.

Na foto principal, uma das primeiras formações do União: Hildo Rodrigues, Paíca, Pedro, Ivan Machado, Morango, Enio Sanmartin e Menegueti. Agachados: Rascunho, Duarte, Rudimar, João e Pedrinho.