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25/08/2009 16:56
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Morangos, mais sabor e renda para os agricultores

A segunda parte da série “Riquezas da Nossa Terra” inicia hoje, 16, mostrando as alternativas de diversificação das lavouras temporárias. Ao todo, serão publicadas 19 matérias - todas evidenciando o potencial produtivo do interior do município. As culturas foram elencadas com base nas informações disponibilizadas no último Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nas 11 reportagens sobre pecuária (veiculadas entre os dias 3 de março e 2 de junho) estes dados igualmente possibilitaram o desenvolvimento dos trabalhos.
Na última edição a Folha publicou matéria sobre apicultura. Foi evidenciado que o município possui aproximadamente três mil colméias, que produzem em torno de 67.300 quilos de mel ao ano. O leitor conferiu que a média de enxames, por produtor, varia de cinco a 15 e que o índice de produtividade oscila de acordo com as condições climáticas porque a presença de flores é fundamental, especialmente na primavera, para que as abelhas obtenham o néctar. A produção é utilizada para o consumo doméstico e tem o excedente comercializado de maneira informal no varejo.
Os morangos, por sua vez, fazem parte da área cultivada com lavouras temporárias em Candelária - 30.059 hectares, o equivalente a 3.597 propriedades, conforme o IBGE (2006). Segundo informações da Emater, no município o cultivo é feito principalmente pelos feirantes ecológicos que expõem junto à praça Alberto Blanchard da Silveira. Conforme o técnico agrícola e extensionista da Emater, Sanderlei Pereira, a produção não tem caráter comercial, visto que a venda ocorre de modo informal, direto ao consumidor. Este é o destino de praticamente tudo o que se produz ou dos excedentes, já que muitos agricultores utilizam os frutos como incremento da alimentação. É o que se verifica na propriedade de Fábio Steil, na Linha Brasil, a 14 km da cidade. Funcionário público, ele ingressou na atividade ainda no ano 2000, como forma de melhorar sua fonte de alimentação. Na época, ele cuidava de uns canteiros num terreno próximo de casa. “Sempre gostei destas frutas; quando criança observava as mudas que meus pais cultivavam”, conta. Entretanto, foi a partir de 2005, quando adquiriu uma área de terras no interior que a produção ganhou força. “Foi então que comecei a produzir em grande escala. O plantio inicial foi de 500 pés e hoje são cerca de 2.500”, adianta. Ao todo, são utilizados em torno de 500 m² com a plantação.
Em entrevista à Folha, ele conta que uma das variedades de morangos foi obtida durante a 1ª Expocande. “Comprei num vaso; estava com alguns expositores e era chamada de longa vida”, lembra. “Com o passar do tempo fui fazendo uma seleção das novas mudas e hoje esta variedade se adaptou à propriedade; não é mais igual a que foi comprada”, acrescenta.

REPRODUÇÃO - Fábio Steil conta que aproveita as mudas (de um ano para outro) que apresentam melhor desenvolvimento e produtividade. O segredo, conforme ele, está na observação das plantas. “Costumo monitorar os pés que se destacam na florada e na colheita. O ideal é que em cada florada (que ocorre a cada duas ou três semanas) uma muda produza até 100 gramas”, afirma. Além de avaliar as plantas para melhorar a qualidade da sua produção, ele fornece muda para os outros agricultores. “Ainda tenho umas 10 mil para comercializar”, completa. Os interessados poderão contatá-lo no telefone (51) 9875 2200.

Em setembro, nova colheita
Embora o plantio (ou replantio) atrase em função da estiagem, em meados de setembro deve iniciar a colheita dos primeiros morangos. Conforme o produtor Fábio Steil, a fruta tem grande dependência do clima. Para que a planta floresça é preciso, por exemplo, que a temperatura esteja abaixo dos 28 graus. “Quando o calor é excessivo o florescimento retarda e ocorre a produção de mudas ao invés de flores”, explica. Sobre o modo de plantio, Steil destaca que opta pelo sistema direto. “Não uso estufa; planto direto na terra porque assim a produção não acelera e ocorre na época certa, garantindo o sabor da fruta”, conclui.
Para garantir o desenvolvimento e manter o índice de produtividade, ele utiliza adubação orgânica certificada e forração com folhas de pinus. “Só uso produtos orgânicos, como fungicidas, inseticidas e acaricidas (contra ácaros)”, diz. A adoção de produtos ecologicamente corretos se justifica pela sua preocupação com a preservação do meio ambiente. “O objetivo é mostrar que isso é viável, ou seja, que não é preciso agredir a natureza”, resume.  Em 2008, Steil produziu 800 quilos de morangos - bem abaixo do esperado em função do excesso de chuvas ocorrido no início da primavera, o que retardou o desenvolvimento da planta. Para este ano, a previsão é de que fique em torno de 2.000 quilos.
Conforme a Emater, as variedades mais cultivadas em Candelária são a Convoy, a Larsen e Oso Grande. Esta última é uma planta vigorosa, com folhas grandes e de coloração verde escura; de elevada capacidade produtiva. Os frutos são grandes, com polpa de textura firme no início da produção.