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25/08/2009 16:56
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O ideal emancipacionista

Foi em janeiro de 1917 que dezenas de candelarienses se reuniram no quiosque em frente ao Hotel dos Viajantes, marcando oficialmente o início da campanha pela independência político-administrativa. Entretanto, o ingresso do Brasil naquele ano na Guerra Mundial iniciada em 1914 retardou o processo.
Assim, em maio de 1924 o Partido Republicano local enviou ao coronel José Antônio Pereira Rego, chefe do partido e intendente do município de Rio Pardo, um memorial assinado por 340 correligionários, no qual se solicitava a criação de uma exatoria estadual. Ainda naquele ano, Pereira Rego se encontrou com o presidente do Estado, Borges de Medeiros, e acertou a criação do município de Candelária.
decreto nº 3.493 – Em abril de 1925, uma comissão emancipacionista foi à capital entregar para Borges de Medeiros um memorial com 464 assinaturas de militantes republicanos. Pouco depois, em junho, houve uma reunião na sede do Cartório Distrital local, na qual compareceram comerciantes e industriais dos dois partidos da época. A executiva do Partido Republicano solicitou aos presentes uma declaração que lhe desse poderes para efetivar a emancipação junto ao governo estadual. Assim, em 7 de julho de 1925, sob o decreto nº 3.493, o então 3º Distrito de Rio Pardo passou a ser, definitivamente, o município de Candelária.

Exército garantia domínio das terras
Por volta de 1852, quando terminou a guerra para a qual foram contratados, os soldados do Império da Prússia (antigo país do norte da Europa) vieram ao Brasil para formar o exército e manter as divisas das terras. A autora do livro “Retalhos de Candelária”, Marli Hintz, conta que eles chegaram à região pelo rio Pardo utilizando barcos. “Houve conflitos muito sangrentos naquela época. Depois que este processo foi estabilizado, por meio de acordo, os soldados poderiam optar se ficariam ou não no Rio Grande do Sul. Os que ficassem ganhariam uma área de terras como recompensa.
Em Candelária havia mais de 60 soldados, também chamados de ‘brumers’, que decidiram fixar residência. De acordo com Marli, eles não tinham preparação para trabalhar na lavoura. “Eles eram mais intelectuais e se tornaram os representantes culturais de suas comunidades. Por isso que foram formados os clubes sociais, clubes de tiro e caça”, explica.

Saiba mais
>> Na região, o processo de ocupação das terras iniciou em 1849, época em que a Província fazia a distribuição gratuita das áreas para Santa Cruz. Entre 1849 e 1955 mais de cinco mil imigrantes povoaram aquelas bandas. “Como não havia mais disponibilidade de terras, as outras famílias foram obrigadas a comprar se sujeitando às condições impostas pelos agenciadores”, revela a escritora Marli Marlene Hintz.   
>> Naquela época, o objetivo do governo da Província era povoar o Rio Grande do Sul. Candelária era uma das áreas totalmente desocupadas e era habitada por índios e alguns portugueses.