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Geral 01/04/2022 09:01
Por: Odete Jochims

Coleção aposentado reúne cerca de mil latas de alumínio

Há aproximadamente três décadas atrás, Romildo Goelzer, 83 anos, juntava latinhas por acaso; desde 2006, passou a sistematizar a sua coleção de centenas de itens

  • Seu Romildo e sua coleção de aproximadamente mil latas

“Eu juntava objetos que as pessoas não davam muito valor”. Assim Romildo Goelzer, 83 anos, começa a explicar o seu hábito de colecionar. “Talvez até hoje, quem vai dar valor para essas coisas?”, indaga-se. Seu Romildo é candelariense, natural da Vila Botucaraí. Quando jovem, na década de 1950, começou trabalhando nas chamadas “casas de comércio”, onde se vendia de tudo um pouco. Depois, se mudou para Santa Cruz do Sul, onde trabalhou na Viação União Santa Cruz. Por cerca de 20 anos, Seu Romildo era responsável por escalas, pneus, combustível, entre outros. Segundo conta, a sua família já soma mais de um século de contribuição à companhia, na qual ele, seu pai, sua irmã e sobrinhos trabalharam.

Seu Romildo nunca casou – assim como sua irmã. Depois de aposentado, Seu Romildo voltou para Candelária para residir com ela, na Vila Botucaraí. Em sua casa, Seu Romildo tem uma coleção impressionante de latinhas que junta há mais de 30 anos. “Eu fui guardando latinhas e, quando eu voltei para Candelária, resolvi organizá-las”, conta. “Aí eu já não tinha mais nada para fazer, né?”, completa, sem conter o riso. “Ao longo dos anos, eu guardei latinhas dentro de uns sacos. Um dia, um senhor, muito amigo meu, disse: ‘tu deverias fazer uma prateleira para expor estas latinhas’. E aí eu fui atrás de fazer isso”, lembra.

Para quem vê de fora, a casa de Seu Romildo não tem nada de peculiar. No entanto, basta entrar na sua garagem para se surpreender. As latas forram as paredes e se estendem pelo alto como enfeites de São João. “A que mais tenho é Coca-Cola”, diz, enquanto aponta para os objetos. No entanto, a melhor parte de sua coleção está na sala ao lado. Nesta, todas as latinhas são únicas. Em um canto especial, Seu Romildo escreve o nome de pessoas importantes para a sua vida com as letras presentes nas latas de Coca-Cola: seu pai, seus irmãos, sobrinhos e o amigo que ajudou a montar as prateleiras. “Só não tem a da minha mãe porque faltaram as letras”, se explica.

Seu Romildo não esconde a felicidade de poder mostrar a sua coleção. Ele conta que só notou que suas latinhas poderiam ser valorizadas quando técnicos de internet estiveram em sua casa. “Por acaso, eles entraram aqui nesta sala e falaram: ‘barbaridade, mas tu tens latas aí, hein?’. Ficaram impressionados”, recorda. Perguntamos a ele qual era o sentimento de poder compartilhar um pouco da sua história e da sua coleção. “Eu nunca pensei que um dia alguém de um jornal, ou de algo parecido, viria aqui para saber mais sobre a coleção e tirar fotografias. Tenho um sentimento diferente em poder compartilhar o que tenho”, reflete. “Mas o objetivo era só passar o tempo”, completa. Aliás, quantas coisas especiais na nossa vida também não nascem assim?

( por Arthur Lersch Mallmann