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25/08/2009 16:56
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Pai quem cria

Homens comuns, mas com coração nobre. Este é o perfil de muitos tios, avôs e padrinhos que assumem a condição de pai de seus sobrinhos, netos e afilhados. São eles quem resgatam a autoestima daquelas crianças que, por infelicidade do destino ou por escolhas alheias à sua vontade, ficam sem o amparo do pai biológico. É a bondade destes homens que fortalece famílias e garante um futuro mais feliz e digno para os filhos adotivos. Mais do que isso, impedem que novas vidas sejam abreviadas pela criminalidade ou pelas drogas.
O exemplo escolhido pela Folha para retratar esta realidade é do aposentado Ari Henker, de 64 anos. Pai de três filhos, ele assumiu a criação de dois dos sete netos e neste domingo, 9, poderá comemorar duplamente a data. O pai biológico das crianças, Alberto Henker, é o filho “do meio” de Ari, e atualmente mora em Erechim. Já a mãe, Marlene, reside na Vila Passa Sete. Quando o casal se separou, há 12 anos, as crianças foram inicialmente morar com a mãe. No entanto, em função dos estudos, vieram morar na cidade. “Antes disso, quando ainda eram bem pequenos, eles estavam sempre lá em casa porque o Alberto e a Marlene tinham uma casa perto e então as crianças estavam seguidamente com nós”, lembra Ari.   
Hoje, os netos Alberto Jr. e Ânela estão com 19 e 17 anos, respectivamente, e auxiliam o “pai-avô” nos negócios. “O Beto trabalha desde os 18 aqui na funilaria e a Ânela também está sempre aqui”, conta. “São muito obedientes e tenho orgulho deles”, acrescenta. Sobre a criação, Ari diz que as mudanças são evidentes (se comparado ao tempo em que educou os três filhos), mas que não teve dificuldades com os netos. A aposta, segundo ele, está na conversa franca e no diálogo para orientar os jovens.
De acordo com Ari, do ponto de vista financeiro foi mais fácil criar os netos do que os próprios filhos. “Quando criei o pai deles era mais difícil porque ainda trabalhava de empregado. Eu pude dar a eles coisas melhores do que dei aos meus filhos. Hoje a gente tá um pouco mais estruturado”, ressalta. Para ele, na ausência dos pais biológicos, cabe à família assumir a responsabilidade pelos filhos ou netos.
Este, portanto, é um dos muitos gestos de amor e de dedicação ao próximo. Uma demonstração de que há, sim, pessoas que ainda se preocupam com o bem-estar dos seus semelhantes.