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25/08/2009 16:56
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Farinha sem glten j produzida no municpio

A farinha de arroz sem glúten foi exposta para comercialização, dias 18 e 19 de julho, durante a 2ª Festa da Colônia. O produto estava no estande reservado por Deivis Alencar Schmachtenberg e Lothar Kuhn, que administram o moinho colonial Ponte do Império, do Alto Passa Sete. Pelo menos 80 quilos foram vendidos para consumidores de Candelária e municípios vizinhos. Embora tenha iniciado em meados de junho, a fabricação visa dar continuidade a um trabalho desenvolvido desde 2007 pelo Irga, através do qual se busca aumentar o consumo de arroz.
Conforme o engenheiro agrônomo Luciano Siqueira, que presta assessoria à entidade, a fabricação da farinha no município vai contribuir para o desenvolvimento da campanha. "No começo foram promovidos treinamentos com as merendeiras do município e com líderes dos grupos de mulheres do interior para difundir as técnicas de preparação dos produtos feitos com o arroz. Os mercados também manifestaram interesse de vender, mas não havia matéria-prima suficiente para atender a esta demanda. Agora, com a moagem da farinha aqui, isto vai ser possível", explica.
Este, segundo ele, foi o ponto que motivou a realização da moagem no moinho colonial Ponte do Império. "Com a matéria-prima no mercado é que se pode divulgar o produto e aumentar o consumo", diz. Em entrevista à Folha, os proprietários do moinho explicaram que a fabricação começou assim que as instalações foram avaliadas. "Fomos procurados por representantes do Irga e do Sindicato Rural para moer o arroz. Há 35 anos que o moinho não tinha mais fabricação de farinha de trigo; somente de milho. Isto elimina qualquer vestígio do glúten no produto", conta Lothar. Ele destaca que a moagem também é feita para terceiros. "Quem quiser pode levar o arroz para fazer a farinha", acrescenta.
O objetivo, no entanto, é produzir em escala comercial. A partir da segunda quinzena deste mês os proprietários do moinho pretendem instalar um ponto de venda na cidade. Será na rua Lopes Trovão, nº. 767. Num primeiro momento a produção será comercializada apenas em Candelária, visto que ainda não há encomendas para outras cidades. A farinha está cotada em R$ 3,00, o quilo.

FABRICAÇÃO - Sobre o processo de fabricação, Lothar Kuhn adianta que é semelhante ao da farinha de milho. "O que muda é só o modo de regular as pedras que fazem a moagem e o tipo de peneira. A farinha de arroz é um pouco mais pesada do que a de trigo", comenta. O Ponte do Império é o único moinho colonial que ainda é movido pela força da água e que utiliza pedras para fazer a moagem. Foi construído há 100 anos e nos últimos 59 é administrado pela família Schmachtenberg. Atualmente, faz parte da Rota Turística Caminho dos Tropeiros de Candelária, motivo pelo qual foi totalmente restaurado e reconstruído nos moldes originais.

Saiba mais
> O glúten está presente no trigo, cevada, centeio, aveia, triticale, malte e painço e em todos os seus derivados, como a farinha e os farelos. É formado quando se adiciona água à farinha, onde seus dois componentes (gliadina e glutenina) se aglomeram para formar a massa. Conforme a massa é trabalhada, o glúten confere elasticidade, plasticidade e adesividade, permitindo o crescimento, a maciez e a textura do pão. 
O fubá e as farinhas de milho, arroz, batata, mandioca, amido de batata e soja não apresentam estas propriedades por não conterem um destes componentes que formam o glúten.
> De acordo com a lei nº. 8.543, de 23 de dezembro de 1992, é obrigatório informar no rótulo de qualquer produto a presença de glúten. Isto porque diversas pessoas apresentam sensibilidade a esta proteína, caracterizada por vômitos, diarréias, distensão abdominal e dificuldade na absorção dos nutrientes pelo organismo.