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Riquezas do nosso futebol - Captulo XXI (parte 1) - O Minuano, de Vila Ftima
Vento Minuano ou simplesmente Minuano. Este é o nome dado à corrente de ar que tipicamente acomete os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. É um vento frio, de origem polar, com orientação sudoeste e classificado como cortante. Ocorre após a passagem das frentes frias no outono e inverno. Seu nome deriva dos Minuanos, um grupo indígena que habitava os campos no sul do Rio Grande do Sul. Eram índios de origem patagônica, como os Charruas e os Guenoas, com os quais nunca sobrepunham-se no mesmo território. Em 1730, aliaram-se aos charruas, havendo referências a ambas as denominações para o mesmo grupo.
1963. Um dia típico de inverno na gélida Vila Fátima de outrora. Os amigos Ernani Grehs, Darci Grehs, Elo Lopes de Carvalho, Anês Butzke, Alberi Soares e Loir Cezar se reuniram para um bate-papo casual na pacata localidade. Com o vento minuano soprando forte, ambos tiveram a ideia de formar um time de futebol, visando o entretenimento dos amigos. Surgia neste instante, o time denominado Esporte Clube Minuano. Segundo Elo Lopes de Carvalho, 67 anos, o primeiro campo foi feito em sua propriedade. Elo recorda do trabalho que os fundadores tiveram para adquirir a primeira bola para a equipe. “Como não tínhamos recursos, vendemos para o seu João Hintz vários frascos de vidro vazios de remédio e com o dinheiro, adquirimos a primeira bola”, lembra. Danilo Grehs, o Danilão, foi o primeiro presidente. Os jogos iniciais foram apenas entre os jovens da localidade. Alguns meses depois, a equipe realizou o seu primeiro amistoso na Vila Fátima contra o Independência, do Bom Retiro, sendo derrotado por 5x2. Depois, o campo passou para a propriedade de Hardi Rediske e o time promoveu jogos contra Picada Escura, Gaúcho (Palmeira), Botucaraí, entre outros. Em 1964, o Minuano disputou o seu primeiro campeonato na história. Conforme o agricultor Danilo Cezar, 59 anos, a equipe participou de um campeonato intermunicipal que contou com Real, Estrela, Botucaraí, Picada Escura, Gaúcho (Palmeira) e Minuano. Os jogos eram no sistema todos contra todos e quem somasse o maior número de pontos era campeão. Danilo e Elo lembram que o Minuano fez o maior número de pontos e acabou conquistando o título da competição. O time vencedor foi formado com Darci Grehs, Geraldo Cezar, Cabeleira, Alberi Soares e Elo Carvalho. Alberi Butzker, Anês Butzker e Eri Matana. Policarpio da Silva (Tio Fio), Loir Cezar e Ernani Grehs. No ano seguinte, a equipe da Vila Fátima faturou o bicampeonato na competição. Danilo e Elo também recordam de um torneio vencido em 1968 pelo Minuano no Bom Retiro. “Já estava escuro e a final foi contra um time de Cachoeira do Sul. Colocaram quatro carros para iluminar o campo. A partida estava 0x0 e no fim do jogo atiraram uma bola da lateral para o Romeu da Silva. Ele agarrou com a mão, colocou no chão e rolou para o gol vazio. Como não se enxergava bem de longe, o juiz achou que tinha sido gol e validou. Vencemos por 1x0 e conquistamos aquele torneio”, conta Elo.
Na foto principal que ilustra a matéria, o time campeão intermunicipal em 1964, formado por Alberi Soares, Ernani Grehs, Darci Grehs, Cabeleira, Policarpio da Silva (Tio Fio) e Elo Carvalho; agachados, Eri Matana, Geraldo Cezar, Alberi Butzker, Anês Butzker e Loir Cezar
Nos primeiros municipais, vice em 71
No início da década de 70, o Minuano passou a ter a sua praça de esportes na propriedade de Esmelindro Soares Cezar, o seu Lóka. Na época, o proprietário possuía salão de baile e uma cancha de bolão. Em 71, a equipe da Vila Fátima disputou o seu primeiro campeonato municipal, que naquele ano chegava a 2ª edição.
Depois de enfrentar equipes como Tabacos, Olarias, Independência, São Bento, Botucaraí, entre outros, o time chegou na final, que foi disputada em partida única no dia 31 de dezembro de 1971 contra o Ouro Verde. A equipe de Linha Bernardino acabou conquistando o título ao vencer o Minuano por 3x1, gols de Iá (2) e Silvio Minks para os vencedores. Joaquim Porto fez o gol do Minuano. O time do Minuano, vice-campeão em 71, foi formado com Darci Grehs, Quinha, Pedro Paulo, Gaúcho e Pingo. Mauro Trindade, Alberi Rodrigues e Ernani Grehs. Danilo Cezar, Diovan Machado e Joaquim Porto. Nos outros campeonatos, disputados até 1978, o Minuano não figurou entre os finalistas.
ESTADUAIS – Danilo Cezar recorda que a partir de 1974, o Minuano passou a disputar o Estadual de Amadores. Deste ano em diante, o campo ficava na propriedade de Levino Joaquim da Silveira. Como o local ainda não estava cercado, em 74 e 75 o Minuano disputou o estadual no Estádio Darcy Martin, onde enfrentou Juventude (Candelária), Tereza (Vera Cruz), Avenida (Santa Cruz), Cruzeiro (Venâncio Aires), entre outros. Danilo lembra dos primeiros clássicos com o Juventude pelo estadual, apelidado de Ju-Mi. “Era uma rivalidade muito forte. Quando nos enfrentavamos, lotava o Darcy Martin”, conta Danilo. Em 74, o Juventude venceu os dois confrontos pelo estadual. No ano seguinte, o Minuano venceu o primeiro jogo por 2x1. Após a partida, Danilo comenta que os jogadores desfilaram pela cidade para comemorar o triunfo. Nos dois primeiros anos, o Minuano chegou só até a segunda fase.
A sede que virou ginásio
As reuniões entre os membros do Minuano aconteciam na antiga Ferraria de Ernani Grehs. Eles debatiam assuntos relacionados à equipe. Segundo Alberi Soares, em 1972 Loir Cezar (já falecido) lançou a idéia do time ter sua sede própria, o que foi aceito pelos demais. Levino Joaquim da Silveira, que na época já cedia um espaço para o campo, doou um terreno para a construção da sede. Como a equipe não tinha recursos, Alberi lembra que os membros passaram a vender títulos da já então sociedade Minuano para adquirir fundos. Ico Hoppe foi o pedreiro responsável, Elemar Doebber deu parte dos tijolos e a empresa Horbach, a cobertura metálica. O restante da obra foi parcelada a prazo. A partir daí, a comunidade da Vila Fátima também passou a ajudar e a pequena sede se transformou no Ginásio da Sociedade Esportiva Minuano. Alberi diz que a construção não foi apoiada por nenhum político da época. “Foi uma vitória da comunidade conseguir concluir o ginásio”, explica. A inauguração aconteceu em meados de 1975. Após, o Minuano passou a realizar grandes bailes com bandas famosas como Itamone, João Roberto, entre outras, que eram muito comentadas na época.
CAMPO – Em 1977, o Minuano voltou a participar dos estaduais de futebol amador. Danilo Cezar recorda que a equipe da Vila Fátima não se acertou com a diretoria do Juventude para mandar os jogos novamente ao estádio Darcy Martin. Diante disso, e com autorização do proprietário do campo, Levino Joaquim da Silveira, a Sociedade Minuano cercou o campo com alambrado. Então, o alvi-rubro passou a disputar os jogos no estadual pela primeira vez em sua praça de esportes na Vila Fátima. Danilo lembra que como a equipe possuía as cores vermelho e branco, foi feito um uniforme em azul, vermelho e branco para diferenciá-la do Juventude. A equipe enfrentou novamente times tradicionais na região, mas foi eliminada na 1ª fase.
1963. Um dia típico de inverno na gélida Vila Fátima de outrora. Os amigos Ernani Grehs, Darci Grehs, Elo Lopes de Carvalho, Anês Butzke, Alberi Soares e Loir Cezar se reuniram para um bate-papo casual na pacata localidade. Com o vento minuano soprando forte, ambos tiveram a ideia de formar um time de futebol, visando o entretenimento dos amigos. Surgia neste instante, o time denominado Esporte Clube Minuano. Segundo Elo Lopes de Carvalho, 67 anos, o primeiro campo foi feito em sua propriedade. Elo recorda do trabalho que os fundadores tiveram para adquirir a primeira bola para a equipe. “Como não tínhamos recursos, vendemos para o seu João Hintz vários frascos de vidro vazios de remédio e com o dinheiro, adquirimos a primeira bola”, lembra. Danilo Grehs, o Danilão, foi o primeiro presidente. Os jogos iniciais foram apenas entre os jovens da localidade. Alguns meses depois, a equipe realizou o seu primeiro amistoso na Vila Fátima contra o Independência, do Bom Retiro, sendo derrotado por 5x2. Depois, o campo passou para a propriedade de Hardi Rediske e o time promoveu jogos contra Picada Escura, Gaúcho (Palmeira), Botucaraí, entre outros. Em 1964, o Minuano disputou o seu primeiro campeonato na história. Conforme o agricultor Danilo Cezar, 59 anos, a equipe participou de um campeonato intermunicipal que contou com Real, Estrela, Botucaraí, Picada Escura, Gaúcho (Palmeira) e Minuano. Os jogos eram no sistema todos contra todos e quem somasse o maior número de pontos era campeão. Danilo e Elo lembram que o Minuano fez o maior número de pontos e acabou conquistando o título da competição. O time vencedor foi formado com Darci Grehs, Geraldo Cezar, Cabeleira, Alberi Soares e Elo Carvalho. Alberi Butzker, Anês Butzker e Eri Matana. Policarpio da Silva (Tio Fio), Loir Cezar e Ernani Grehs. No ano seguinte, a equipe da Vila Fátima faturou o bicampeonato na competição. Danilo e Elo também recordam de um torneio vencido em 1968 pelo Minuano no Bom Retiro. “Já estava escuro e a final foi contra um time de Cachoeira do Sul. Colocaram quatro carros para iluminar o campo. A partida estava 0x0 e no fim do jogo atiraram uma bola da lateral para o Romeu da Silva. Ele agarrou com a mão, colocou no chão e rolou para o gol vazio. Como não se enxergava bem de longe, o juiz achou que tinha sido gol e validou. Vencemos por 1x0 e conquistamos aquele torneio”, conta Elo.
Na foto principal que ilustra a matéria, o time campeão intermunicipal em 1964, formado por Alberi Soares, Ernani Grehs, Darci Grehs, Cabeleira, Policarpio da Silva (Tio Fio) e Elo Carvalho; agachados, Eri Matana, Geraldo Cezar, Alberi Butzker, Anês Butzker e Loir Cezar
Nos primeiros municipais, vice em 71
No início da década de 70, o Minuano passou a ter a sua praça de esportes na propriedade de Esmelindro Soares Cezar, o seu Lóka. Na época, o proprietário possuía salão de baile e uma cancha de bolão. Em 71, a equipe da Vila Fátima disputou o seu primeiro campeonato municipal, que naquele ano chegava a 2ª edição.
Depois de enfrentar equipes como Tabacos, Olarias, Independência, São Bento, Botucaraí, entre outros, o time chegou na final, que foi disputada em partida única no dia 31 de dezembro de 1971 contra o Ouro Verde. A equipe de Linha Bernardino acabou conquistando o título ao vencer o Minuano por 3x1, gols de Iá (2) e Silvio Minks para os vencedores. Joaquim Porto fez o gol do Minuano. O time do Minuano, vice-campeão em 71, foi formado com Darci Grehs, Quinha, Pedro Paulo, Gaúcho e Pingo. Mauro Trindade, Alberi Rodrigues e Ernani Grehs. Danilo Cezar, Diovan Machado e Joaquim Porto. Nos outros campeonatos, disputados até 1978, o Minuano não figurou entre os finalistas.
ESTADUAIS – Danilo Cezar recorda que a partir de 1974, o Minuano passou a disputar o Estadual de Amadores. Deste ano em diante, o campo ficava na propriedade de Levino Joaquim da Silveira. Como o local ainda não estava cercado, em 74 e 75 o Minuano disputou o estadual no Estádio Darcy Martin, onde enfrentou Juventude (Candelária), Tereza (Vera Cruz), Avenida (Santa Cruz), Cruzeiro (Venâncio Aires), entre outros. Danilo lembra dos primeiros clássicos com o Juventude pelo estadual, apelidado de Ju-Mi. “Era uma rivalidade muito forte. Quando nos enfrentavamos, lotava o Darcy Martin”, conta Danilo. Em 74, o Juventude venceu os dois confrontos pelo estadual. No ano seguinte, o Minuano venceu o primeiro jogo por 2x1. Após a partida, Danilo comenta que os jogadores desfilaram pela cidade para comemorar o triunfo. Nos dois primeiros anos, o Minuano chegou só até a segunda fase.
A sede que virou ginásio
As reuniões entre os membros do Minuano aconteciam na antiga Ferraria de Ernani Grehs. Eles debatiam assuntos relacionados à equipe. Segundo Alberi Soares, em 1972 Loir Cezar (já falecido) lançou a idéia do time ter sua sede própria, o que foi aceito pelos demais. Levino Joaquim da Silveira, que na época já cedia um espaço para o campo, doou um terreno para a construção da sede. Como a equipe não tinha recursos, Alberi lembra que os membros passaram a vender títulos da já então sociedade Minuano para adquirir fundos. Ico Hoppe foi o pedreiro responsável, Elemar Doebber deu parte dos tijolos e a empresa Horbach, a cobertura metálica. O restante da obra foi parcelada a prazo. A partir daí, a comunidade da Vila Fátima também passou a ajudar e a pequena sede se transformou no Ginásio da Sociedade Esportiva Minuano. Alberi diz que a construção não foi apoiada por nenhum político da época. “Foi uma vitória da comunidade conseguir concluir o ginásio”, explica. A inauguração aconteceu em meados de 1975. Após, o Minuano passou a realizar grandes bailes com bandas famosas como Itamone, João Roberto, entre outras, que eram muito comentadas na época.
CAMPO – Em 1977, o Minuano voltou a participar dos estaduais de futebol amador. Danilo Cezar recorda que a equipe da Vila Fátima não se acertou com a diretoria do Juventude para mandar os jogos novamente ao estádio Darcy Martin. Diante disso, e com autorização do proprietário do campo, Levino Joaquim da Silveira, a Sociedade Minuano cercou o campo com alambrado. Então, o alvi-rubro passou a disputar os jogos no estadual pela primeira vez em sua praça de esportes na Vila Fátima. Danilo lembra que como a equipe possuía as cores vermelho e branco, foi feito um uniforme em azul, vermelho e branco para diferenciá-la do Juventude. A equipe enfrentou novamente times tradicionais na região, mas foi eliminada na 1ª fase.