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25/08/2009 16:56
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Dvida de R$ 1,7 bilho: loucura ou irresponsabilidade?

As concessões de pedágio podem se transformar no pior negócio que o governo do Estado realizou nas últimas décadas, com prejuízos bilionários tanto para os usuários das rodovias quanto para a população como um todo, já que governo não produz dinheiro, gastando o que é arrecadado com impostos. Em 1998, de forma apressada e mal negociada, o Governo Britto concedeu cerca de 1.600 quilômetros de rodovias federais e estaduais para um grupo de concessionárias explorá-las por um período de 15 anos.  Todas as estradas foram entregues recuperadas às empresas e estas tinham a obrigação apenas de mantê-las, não assumindo nenhuma responsabilidade por duplicações que, inclusive, são uma das demanda dos motoristas, já que essas vias estão saturadas.
Nesta semana fomos surpreendidos com o ato da governadora Yeda Crusius que devolveu as rodovias para o governo federal juntamente com as concessões. E mais surpresos ainda ficamos quando as empresas de concessão de pedágio apresentaram a conta reivindicando a astronômica soma de R$ 1,7 bilhão, tendo por argumento o  desequilíbrio econômico-financeiro dos contratos.
Já pagamos um dos pedágios mais caros do Brasil por estradas que, mesmo pedagiadas, deixam muito a desejar em termos de qualidade.  Com R$ 1,7 bilhão é possível construir pelo menos 1.700 quilômetros de asfalto ao custo de R$ 1 milhão por quilômetros. Cabe ressaltar que Paraná e Mato Grosso conseguem construir um quilômetro de asfalto por R$ 300 mil.
A loucura é que com o valor cobrado pelas concessionárias neste período de 10 anos é possível construir uma nova malha asfáltica, maior do que a que foi concedida.  Vamos colocar da seguinte fora: com R$ 1,7 bilhão dá para construir, ao lato do asfalto atual, mais duas pistas com acostamento e ainda sobra para mais 100 quilômetros.
 E o valor pago pelos usuários?  Quanto representou nesses 10 anos?  Onde foi aplicado?  Alguém tem que dar muitas explicações.
Gostaria que algum mágico do capitalismo explicasse: como uma empresa pode operar por uma década tendo prejuízos milionários (como as empresas argumentam) e ainda pedir para continuar no negócio por mais 15 anos? Tem caroço nesse angu. Governos, empresas de pedágios e Agergs estão devendo esclarecimentos. E nós vamos cobrar e tentar impedir mais este assalto ao nosso Estado.

Heitor Schuch
Deputado Estadual (PSB)