� sombra do Botucara� - (Um conselho � juventude de Candel�ria)

Voc� � jovem, o futuro � seu. Ningu�m muda o passado. O que passou � definitivo, n�o existe for�a capaz de alterar o ontem. At� podem surgir vers�es conflitantes quanto a um fato, mas o fato ningu�m modifica. J� o futuro � pass�vel de inger�ncias, de vontades, de esfor�os e at� de sonhos. Principalmente de sonhos. Se voc� ainda � jovem, n�o se menospreze por ter uma certa propens�o ao imagin�rio. Todo o grande empreendimento, toda a grande transforma��o da humanidade tem, no seu nascedouro, a utopia de um jovem. Ent�o sonhe a vontade, d� asas � imagina��o, mas sonhe alto. Conteste as coisas como ela s�o, use sua criatividade e fantasie um outro jeito, um mundo novo e diferente. A quimera de ontem � a realidade de hoje. O mundo que est� a� fomos n�s, os velhos de hoje, que o fizemos assim. Recebemos dos nossos pais, pela pr�tica e pelo aconselhamento, uma f�rmula padr�o de vida e de conven��es e a mudamos. Mudamos a f�rmula e alteramos o padr�o de vida. Ouvimos no decorrer do processo, quando contest�vamos as conven��es vigentes, que a transforma��o insinuada provocaria o fim do mundo. N�o provocou, era medo deles. O mundo anda pra frente, n�o pra tr�s. N�o regride, o mundo evolui e progride. A Hist�ria � um atestado vivo de que as id�ias novas s�o melhores do que as antigas que ainda prevalecem. Se assim n�o fosse o mundo n�o andaria pra frente e ainda estar�amos vivendo na Idade da Pedra Lascada Fizemos muito? At� que fizemos. Recebemos dos nossos pais um mundo sem Internet, com as informa��es vindo de �nibus, vimos gente morrer de apendicite e assistimos a produ��o rural ser escoada no lombo de burros. Sob esse enfoque t�cnico-cient�fico nossa gera��o contribuiu para o progresso da humanidade. Mas, e do ponto de vista moral, ser� que evolu�mos? Ser� que o desrespeito aos mais velhos se constitui avan�o? Ser� que a nudez e o sexo expl�cito, que invadem nossos lares pela telinha da TV e deixam nossos filhos perplexos, � sin�nimo de progresso? Ser� que as drogas que campeiam soltas pela madrugada da Av. Pereira Rego, devastando nossa mocidade, significam evolu��o social? Ser� que a trapa�a como regra e o caloteiro como int�rprete n�o est�o remetendo para o ralo da �tica o vener�vel respeito ao fio de bigode? Esse novo jeito de ser e viver at� pode suscitar d�vidas, mas n�o em mim. A bem da verdade, sobre estes assuntos eu tenho minhas convic��es firmadas desde sempre. S� que eu n�o sou mais jovem. Agora cabe a voc�s, que s�o jovens, uma an�lise e, se necess�ria, uma tomada de posi��o quanto ao comportamento em uso. A mim, j� usado pelo tempo, cabe passar um conselho: existe sempre uma margem a ser vencida entre a realidade que vivemos e o ideal que sonhamos. Estreitem esta margem, jovens de Candel�ria, e aproximem com a��es a realidade que vivenciamos do ideal que voc�s sonham. N�o fiquem � sombra do Botucara� esperando pelos outros. Esta tarefa agora � de voc�s.