Por: Diego Foppa
Diretoria do hospital encerra mandato no final do mês
Uma eleição será convocada nos próximos dias e a diretoria eleita poderá trocar a administração da casa de saúde
A semana foi mais uma vez marcada por uma polêmica envolvendo o Hospital Candelária, que motivou nova enxurrada de comentários nas redes sociais e outros desdobramentos, incluindo reivindicação para uma intervençao da Prefeitura e boatos sobre a demissão de integrantes da atual diretoria da Casa de Saúde. De concreto, a reportagem da Folha recebeu a informação de que na tarde de quarta, 3, a Sociedade Beneficente Hospital Candelária (SBHC) informou ao prefeito Nestor Ellwanger (Rim) que o profissional médico pediatra previsto na escala comunicou que não teria mais condições de dar continuidade ao atendimento por razões de saúde. No documento assinado pelo presidente Romi Ávila Hugo, foi informado não terem sido encontrados profissionais para substituir o pediatra. Desssa forma, o hospital notificou o município sobre a suspensão do serviço de sobreaviso pediátrico, o que também afetaria o serviço de obstetrícia. Essa situação e os demais problemas relacionados ao hospital foram debatidos em reunião na Prefeitura na manhã de quinta, 4, com a participação do prefeito Rim, do vice Cristiano Becker, de secretários municipais e de integrantes da diretoria da instituição de saúde.
A emergência principal relacionada à falta de um pediatra ganhou uma solução provisória. A secretária de Saúde, Grazieli Priebe, disse que assim que soube da correspondência do hospital entrou em contato com a Coordenadoria Regional de Saúde, que indicou o Hospital de Rio Pardo para dar um suporte nesta área. Segundo Grazi, sem pediatra responsável, o hospital não pode realizar partos. Durante a reunião, os representantes da administração municipal falaram da pressão popular em favor de mudanças na casa de saúde. O presidente da SBHC e diretor técnico do hospital, Romi Ávila Hugo informou que havia formalizado um pedido de afastamento de suas funções. Sem diretor técnico, o hospital teria que fechar suas portas. Bastante pressionado com os episódios recentes, o diretor administrativo Aristides Feistler também afirmou que não teria problemas em deixar suas funções.
Ouvido na tarde de ontem, o prefeito Rim voltou a manifestar sua preocupação com a polêmica envolvendo o hospital, lembrando que o município não tem outra casa de saúde. Por isso, a situação de crise deve ser tratada com toda a cautela para que a população não fique desassistida. Conforme o chefe do executivo, o mandato da atual diretoria da SBHC encerra no final do mês de maio. Em função disso, houve um pedido para o médico Romi seguir como diretor técnico da casa de saúde pelo menos até o final do mês. Da mesma forma, a diretoria também optou em manter Aristides nas suas funções até o final de maio. A partir da eleição de uma nova diretoria, esta poderá ou não indicar um novo diretor administrativo para o hospital. Sobre uma eventual intervenção do hospital, o prefeito respondeu que prefere aguardar esse período de transição até a definição de uma nova diretoria, considerando que falta menos de um mês para o encerramento do mandato.
O mais recente episódio relacionado ao hospital envolve uma criança, cuja mãe postou uma reclamação em seu perfil no facebook. Segundo o relato, um procedimento de colocação de oxigênio no menino teria gerado queimaduras no rosto. A direção do hospital nega com veemência qualquer falha no atendimento. De acordo com o diretor técnico, Romi Ávila Hugo, durante uma consulta no PAM Central, a pediatra que atendeu a criança diagnosticou um problema respiratório, indicado aos pais que fossem até o hospital. Segundo alegou, era caso de insuficiência respiratório, exigindo intubação. Após dois dias de internação, a avó da criança teria constatado um ferimento na face da criança e chamado os pais, que identificaram o machucado como uma queimadura. Alegando erro médico, removeram o oxigênio e tiraram a criança do hospital sem alta médica. Conforme o médico, a criança possui diversas alergias, que teriam sido diagnosticadas pela mesma médica. Por isso, desenvolveu uma reação alérgica à fita micropore, usada para fixar o oxigênio em suas vias áreas. Segundo Romi, o incidente é comum e não justifica que a mãe tenha tirado a criança do hospital, algo que, segundo ressaltou, colocou em risco a saúde do menor. A administração do hospital ainda informou que o Conselho Tutelar foi notificado a respeito da atitude da mãe, que teria privado o filho de receber assistência médica.
Já o diretor administrativo do hospital, Aristides Feistler, reclamou do fato de mais uma vez uma postagem nas redes sociais tenha gerado uma situação de desmoralização do trabalho do hospital, que é referência em saúde mental, obstetrícia e oftalmologia. “Toda essa enxurrada de críticas injustas inviabiliza nossos serviços”, enfatizou. Aristides ainda comentou que a pediatra responsável pelo atendimento acabou sofrendo ameaças em razão da repercussão do caso e pediu demissão. “Agora, o hospital se vê temporariamente sem pediatra, gerando consideráveis prejuízos para a população, como, por exemplo, a impossibilidade realizar partos no hospital pela falta de um profissional pediátrico”, acrescentou. O administrador da casa de saúde voltou a mencionar que todos os profissionais do hospital estão se queixando da hostilidade de pacientes que buscam atendimento, deixando o ambiente, que já é estressante, ainda mais insustentável. Conforme observou, embora todos busquem prestar a melhor assistência possível à comunidade, algumas pessoas estão fazendo ataques contundentes a toda a equipe, espalhando o medo entre os funcionários. “Caso essas atitudes não sejam revistas, a comunidade corre o risco de ficar sem atendimento em diversas áreas.
Vereador Jorge Willian: "intervenção"
Em contraponto às alegações da direção do hospital, o vereador Jorge Willian Feistler (PTB) manifestou-se através de seu perfil pessoal na internet, reivindicando uma intervenção da prefeitura na casa de saúde. Conforme observou, a situação chegou ao limite, alegando que todas as semanas recebe muitas reclamações de usuários, principalmente em relação à má gestão do hospital. Lembrou dos episódios recentes, sustentando que a população perdeu a confiança no hospital. “A situação exige uma mudança de rumos para a instituição”, defendeu. O vereador lembrou que em 2013 já ocorreu uma intervenção da Prefeitura no hospital. Ele ainda lamentou que os funcionários estejam sofrendo pela má gestão. A respeito, justificou que diante da insegurança sobre o tratamento que irão receber, os usuários vão ao hospital com medo, o que os leva a questionar o atendimento, filmar as consultas e até ofender os profissionais. “Tudo isso tem gerado uma situação insustentável em uma das pautas mais importantes para a sociedade que é a saúde”, concluiu.