Mirtilo: tem potencial, mas falta produ��o

Menor do que a uva e da cor da jabuticaba. Assim se caracteriza o mirtilo. Com sabor �nico, � consumido principalmente por apresentar grande quantidade de vitaminas A e B. Estas, cont�m subst�ncias que impedem a a��o de radicais livres, produzem efeito antiinflamat�rio, melhoram a circula��o, reduzem o colesterol ruim e melhoram a sa�de dos olhos. Al�m disso, especialistas apontam em sua composi��o a presen�a de �cido el�gico, respons�vel por inibir a replica��o do v�rus HIV e a indu��o qu�mica do c�ncer. A exemplo das demais frutas vermelhas, tamb�m � excelente mat�ria-prima para produ��o de gel�ias, sucos, doces (em pasta ou cristalizados), tortas e bolos. Na edi��o de hoje, 20, a s�rie "Riquezas da Nossa Terra" destaca algumas das particularidades da cultura. Na anterior, o leitor conferiu o potencial produtivo das amoras, cujo plantio � igualmente voltado ao incremento da alimenta��o. Foi evidenciado que a produ��o pode ser expandida desde que haja investimentos para aumentar o volume e, assim, buscar novos mercados. De modo geral, � uma planta r�stica, de f�cil cultivo e baixo custo. � isto, ali�s, que possibilita o aumento das lavouras. Ao contr�rio de outras esp�cies, as amoreiras s�o adquiridas a pre�os acess�veis. Os pomares podem ser instalados em �reas pequenas e requerem cuidados simples, como as podas. Um detalhe interessante e que se aplica ao mirtilo � a utiliza��o de abelhas para a poliniza��o. Conforme o t�cnico agr�cola da Emater, Sanderlei Pereira, na Argentina (um dos grandes produtores da fruta), � pago 35 d�lares por cada colm�ia instalada em meio �s lavouras de mirtilo. As abelhas s�o bem-vindas porque ao fazerem a poliniza��o, melhoram a qualidade (na apar�ncia) e a produtividade das planta��es. Segundo ele, a cren�a de que o mirtilo se adapta melhor em regi�es altas e frias n�o se aplica necessariamente a todas as esp�cies. "Em C�rdoba, na Argentina, tem lavouras bem desenvolvidas em lugares de temperaturas quentes. Portanto, a exig�ncia de frio n�o deve ser considerada � risca", explica. PRODU��O - Em Candel�ria, a produ��o de mirtilo iniciou em 1998. Desde ent�o, se mant�m de forma t�mida em propriedades da Vila Passa Sete e da Vila Uni�o, uma vez que as frutas s�o consumidas apenas pelos produtores. N�o h� sequer a oferta na feira ecol�gica. Informa��es da Emater indicam que existe potencial para desenvolver a cultivo no munic�pio. "� uma alternativa que pode ser explorada, mas que depende de uma cadeia produtiva organizada. � preciso um n�mero maior de produtores para ampliar o volume e de uma c�mera fria para formar lotes e buscar compradores em potencial, como os de S�o Paulo", destaca Sanderlei. Enquanto isso n�o ocorre, uma das possibilidades de comercializa��o seria a feira rural. Curiosidade favoreceu o plantio Os dois produtores que apostaram no mirtilo, ainda em 1998, foram Belarmino Steffanello (na Vila Passa Sete) e Raul Markus (na Vila Uni�o). Eles investiram no plantio depois de terem conclu�do um curso de fruticultura, promovido pelo Sindicato Rural de Candel�ria. As mudas foram obtidas com um produtor de Caxias do Sul. Steffanello conta que naquela �poca o plantio tamb�m foi feito em v�rias localidades do munic�pio. Ele e outros quatro participantes apostaram na cultura por curiosidade. "Plantei 10 mudas, mas todas morreram devido � aplica��o de ur�ia. Um ano depois comprei outros quatro p�s de um vendedor de Pareci Novo, que est�o produzindo at� hoje", diz. A produ��o, segundo ele, pode chegar a um quilo/ano se a planta estiver bem desenvolvida. "Na minha propriedade n�o est� produzindo bem porque � uma �rea de microclima (pr�xima a encostas de cerros). A fruta se adapta com mais facilidade a regi�es altas e frias", avalia. Fora isso, n�o h� outros limitantes consider�veis. "A aduba��o � m�nima; at� uns 10 gramas por p�", adianta. Em localiza��o tida como estrat�gica est� o produtor Raul Markus. Os dois p�s que ele plantou numa horta de sua propriedade, na Vila Uni�o, apresentam bom rendimento, mas sofrem com a presen�a de formigas. "A principal praga � a formiga. Ela come a folha e enfraquece os p�s. No mais, � uma planta resistente � geada, que se adapta at� mesmo em solos �cidos", afirma. O volume produzido por Stef-fanello e Markus � desconhecido, visto que a utiliza��o das frutas se limita ao consumo. AUMENTO - Sobre o aumento da �rea plantada, Markus acredita que h� viabilidade. Adianta, no entanto, que n�o investiu no acr�scimo do plantio por falta de estrutura e de mercado consumidor. A expans�o do mirtilo no Brasil entrava, de acordo com especialistas, nas condi��es de clima e solo, no crescimento lento da planta, nas dificuldades no manejo da colheita e na falta de mudas em fun��o da dificuldade de propagar algumas cultivares. A ficha completa > Solo: areno-argiloso, rico em mat�ria org�nica e levemente �cido > Clima: temperado > �rea m�nima: em vasos de, pelo menos, 20 litros > Colheita: dois anos ap�s o plantio, entre os meses de novembro e janeiro, de forma manual > Exig�ncia: frio hibernal de 300 a 1100 horas (com temperaturas menores ou iguais a 7,2�C), conforme a esp�cie e a cultivar > Mudas: para obt�-las � s� coletar estacas do caule da planta. Depois, � s� aquecer o substrato para haver maior enraizamento. Em aproximadamente 70 dias, as estacas devem estar bem enraizadas e prontas para ser transferidas para sacolas pl�sticas com substrato rico em mat�ria org�nica. Ap�s oito meses, as mudas podem ser levadas para o campo