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O dia em (que eu acho) que fumei maconha
Novo Cabrais uma cidade privilegiada, que fica quase bem no meio do Estado, que nem Candelria, que nem Santa Maria, que nem Paraso do Sul, bom, que nem um monte de cidade que fica no meio do Estado. Mas na poca de Oktoberfest que a cidade fica mais agitada e parece mesmo o centro do Estado, principalmente nos finais de semana de Oktoberfest, que fica em Santa Cruz, tambm quase no meio do Estado. Pois no sbado passado tinha show dos Inimigos da HP na Oktober, e da tudo quanto excurso que no para em outras cidades do meio do Estado para em Novo Cabrais para a gurizada dar aquela tradicional mijadinha, comprar cerveja e Halls no posto e.... fumar um cigarrinho.
Pois no sbado estava eu sentado em frente minha casa quando chegou uma destas excurses. Como o banheiro do posto meio pequeno, todos vo mijar na parede dos fundos, que fica bem de frente pra minha casa. Lindo de ver aquilo, gente (sic) apontando as pingolas para tudo quanto lado, sem se importar se tem gente vendo. Bom, sou daquela que "quem j viu sabe pra que serve, quem no viu, no sabe o que ", e isso. Coitados dos funcionrios do posto que no outro dia tem que pegar na mangueira pra limpar barris e barris de xixi. Fiquei observando aqueles jovens quando dois se desgarraram do grupo e foram fumar um cigarro escondido ao lado do supermercado que fica atrs do posto. Gurizada estranha esta, que tem uns hbitos um tanto diferentes. Digo isso porque eles nem levam os pais junto para as excurses e mesmo assim vo fumar escondidos. Mas dava gosto de ver a dupla fumando. Eles aproveitavam tanto o cigarro que apertavam o nariz e seguravam a fumaa por um tempo, at quase ficarem roxos. Depois que soltavam a fumacinha. Simultaneamente, outros dois jovens estavam prximos ao gerador de energia do posto. Vi quando um deles tirou alguma coisa da carteira e comeou a espalhar em cima do gerador. Outro tirou algo parecido com uma nota, destas de grana, da sua carteira, e fez tipo um canudinho. De repente, um entregou o canudinho pro outro e comearam a cheirar o gerador. Cacete, v te gosto estranho assim l no sei onde. Onde j se viu pegar dinheiro pra cheirar um gerador? Os caras foram rpidos e a todo instante olhavam para os lados. Decerto no queriam que achassem que eles eram loucos de cheirar um motorzinho. Logo saram dali.
Em seguida, os dois que fumavam escondidos foram chamados por outros da turma porque a lotao j estava saindo. Cada um deu mais uma puxada e atiraram fora o cigarro. Nisso me deu vontade de ir l no posto e cheirar o gerador. Curiosidade, sabem? Eu tambm nunca tinha cheirado um gerador. Olhei praquilo, tinha um aspecto meio enfarinhado e como um posto de combustvel tudo o que senti foi cheiro de... combustvel. Ao voltar dali, passei em frente ao mercado e vi que o cigarrinho que os rapazes estavam fumando escondido ainda estava fumegando. Fiquei com pena de deixar queimar toa, afinal, nossos colonos suam horrores para produzir nosso fumo e fui ensinado desde pequeno a no jogar coisas fora. Por isso, peguei o cigarrinho, sentei no banco do mercado e fumei sossegadamente aquele pito, at quase queimar os dedos. Eu nunca fumei bosta de cavalo, nem de vaca, nem qualquer outro tipo de bosta, masj senti o cheiro de bosta queimada, e era muito similar ao cheiro daquele cigarrinho. Antes que me perguntem, no, no tinha gosto de bosta.
Voltei pra casa para preparar um sambinha com alambique e Fanta uva e, estranhamente, cismei que tinha que ser no liquidificador. Como minha mulher encheu muito o saco, dizendo que ia fazer muita sujeira e coisital, fiz no fervedor de leite, que tinha um pouco de leite no fundo, e acar, e uma borra de Nescau. Uma gostosura. Enquanto tomava o samba, me vinham sensaes estranhas, como o bicho da foice passando pela minha frente, e eu j me armava para dar um draps nele. Todo mundo sabe quem o bicho da foice, n? Aquela caveirinha vestida que tem um gadanho e que geralmente aparece nos desenhos animados. Tipo o Mun-h, dos Tnderqutis.
Eu tava ligado, as pupilas pareciam que iam saltar dos olhos e me sentia tentado a cantar pagode, v se pode (arre, gua, Deus me livre). De repente, me deu uma larica daquelas que me vi obrigado a ir at a geladeira para procurar algo diferente para comer. Sim, eu embestei que tinha que comer algo diferente, que ningum jamais havia comido. L vi um pote de mel, um repolho, po de sanduche, mostarda e uma salada velha de beterraba. Lavei umas cinco folhas de repolho, passei mel em cima e fiz uma bela montagem com o po de sanduche e a salada de beterraba. Intercalando esta maravilha de lanche com samba da Fanta uva, imaginem o resultado. No outro dia, achei que tinha menstruado, mas isso conto outra hora.
L pelas tantas, quando ningum mais me aguentava em casa - era draps no sof, vassourada na porta aberta, gritos de kung-fu, tudo para me defender do bicho da foice - fui aconselhado a tomar um banho pra curar o porre. Mas da me enfezei, como todo o bbado se enfeza quando dizem que t bbado, s que eu no tava bbado de verdade. E no tava mesmo, porque tomei s dois goles do samba, aquele com leite, e leite no faz mal. Da minha mulher perguntou por que eu estava agindo assim, to estranho, desconfiado tipo cachorro que comeu pinto. Respondi que eu comecei a me sentir legalzo depois que cheirei o gerador do posto e porque fumei o resto dum cigarrinho que achei na frente do mercado, mas que naquele momento no estava conseguindo controlar minha cabea.
Aceitei a sugesto e fui tomar um banho. Tava com um gosto horrvel aquele condicionador, mas como adoro castanha do Par e o condicionador era feito base de castanha do Par, resolvi experimentar um golinho. Para tirar o gosto estranho, escovei os dentes com Hipogls. Amigos, nunca experimentem se secar com papel higinico, no seca muito bem e fica um monte de coisinhas grudadas no corpo da gente, alm de ser muito caro. Passar talco nos cabelos para facilitar o penteado tambm no legal e sapato social com bermudo e regata continua no estando na moda. Passadas duas horas, mais ou menos, comecei a voltar ao normal e me achar ridculo vestido daquele jeito, alm do gosto estranho na boca, que parecia que eu tinha comido uma farmcia. Da, juntando as coisas, lembrei dos aconselhamentos de meus pais que recebi desde pequeno, pra no pegar nada de estranhos, no juntar balas, pirulitos ou chicls do cho porque poderiam estar envenenados, ou conter drogas.
Hoje fico numa dvida danada pensando se aquele cigarro era de maconha, se um inocente gerador de energia poderia ter gerado tanta energia assim ou se samba com resto de leite e Nescau poderia se tornar um alucingeno to forte. Via das dvidas, prometi a mim mesmo nunca mais juntar bituca de cigarro do cho, mesmo quando estiver sem dinheiro. Aqui pra ti, , bicho da foice \o/.