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20/11/2009 10:27
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20 anos de eleies diretas para presidente

Uma eleio especial, assim podemos definir a primeira eleio direta para Presidente da Repblica, ps-ditadura militar, ocorrida em 1989. No bastasse ser a mais esperada dos brasileiros, e a que at hoje gera comentrios sobre os lances decisivos que aconteceram e culminou na vitria de Fernando Collor de Mello, esta foi coincidentemente, a minha primeira experincia no campo poltico, o primeiro contato com a urna, ou seja, o de poder expressar o meu desejo atravs do voto. Era uma eleio recheada de expectativa, porque reunia muitos elementos, j que se passavam 25 anos do golpe militar, que desencadeou no exlio de Joo Goulart, passando pela frustrao das Diretas J, a qual foi rejeitada no Congresso Nacional, ao fato do povo no ter visto Tancredo Neves assumir a Presidncia. Todos esses fatores contriburam fervorosamente para que a populao brasileira participasse cheia de orgulho e de esperana naquele processo eleitoral, como jamais visto em qualquer outro pleito posterior, tamanha a emoo e empatia demonstrada pelo eleitor. O que os eleitores queriam era apagar o passado, descobrir o novo, viver um futuro diferente, talvez, por isso tenham optado por um candidato que no lembrava em nada os velhos. A eleio de 1989, apresentava grandes nomes do cenrio poltico nacional: Leonel Brizola, Ulisses Guimares, Mrio Covas, Paulo Maluf, Luis Incio Lula da Silva e Aureliano Chaves, aos mais desconhecidos dos brasileiros, no caso de Marronzinho, Enas, Celso Brant, dentre outros, face a sua atipicidade. Mas foi o "Caador de Marajs", o homem que soube explorar o marketing poltico e afiliado do Sr. Roberto Marinho, o vencedor da eleio mais valorizada da histria do Brasil. Quando as eleies foram marcadas, a expectativa de vitria recaa sobre o gacho Leonel Brizola, o mais preparado, nico governador de dois estados brasileiros (Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro), herdeiro do trabalhismo de Getlio Vargas e Jango, mas que viu dia a dia, durante a campanha eleitoral, a queda nas pesquisas, talvez por no ter feito uma leitura correta do que a populao queria ou por ter subestimado a fora do dono da Rede Globo, mas ao final, ao ser ultrapassado por pouco mais de 400 mil votos, por aquele a quem chamou de "sapo barbudo", acabou sepultando seu sonho de se tornar Presidente do Brasil. Brizola, ainda assim conseguiu transferir no segundo turno, os votos macios que obteve em seus dois principais estados para Lula, porm no foram suficientes, pois do outro lado tinha um jovem poltico, inteligente, decidido e impetuoso, que soube explorar todos os meios possveis para alcanar a vitria, desde ataques ofensivos pessoais as vsperas das eleies, e que por conseqncia, acarretaram no abatimento de Luis Incio, o seu oponente, at a produo importantssima e decisiva da edio do Jornal Nacional, em mostrar somente os momentos favorveis de Collor no ltimo debate poltico realizado na televiso. De l pra c, j vimos muitas coisas, alm do impeachment do produto do marketing, aos afetuosos elogios dos ex-adversrios e agora aliados Collor e Lula, mas o que ficou foi o sentimento de que naquela eleio, com certeza, os brasileiros poderiam ter votado bem melhor. * Assessor da secretaria de Relaes Institucionais/RS