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25/08/2009 16:56
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Jacobi diz que n?o ser? cassado

O ano legilativo de 2007 iniciou como terminara em 2006, turbulento, confirmando as previsões de que a calmaria iria durar somente no período de recesso. A presença da Brigada Militar em frente à Casa do Povo era o prenúncio de que o clima anda mesmo pesado no prédio de número 1000 da rua Frederico Gewehr. Ao final da primeira sessão ordinária após a instalação, na segunda-feira, 5, um desentendimento entre os vereadores Rogério Jacobi (PP) e José Luiz Gomes (PMDB), por pouco não terminou no soco. Jacobi tornou a envidar críticas contra a administração municipal enquanto Gomes saiu em defesa desta. O peemedebista chegou a levantar do lugar que ocupa frente à mesa diretora e ir à mesa de Jacobi pedir explicações. Não se sabe ao certo o que ele disse a Jacobi, que por sua vez se disse ameaçado pelo colega. O presidente da casa, Anselmo Vanderli da Silveira, chegou a intervir, advertindo os brigões. Agora é aguardar a segunda sessão, ou o segundo round, já que a Câmara está prestes a se transformar em um ringue se ânimos não forem arrefecidos.
Também foi no mínimo surpreendente a declaração do vereador Rogério Jacobi na sessão da última segunda-feira ao anunciar na tribuna que não seria cassado em decorrência de um processo movido contra ele pelo Ministério Público em 2006. Jacobi foi alvo de manchetes de jornais e TV ao ser flagrado passeando na praia de Camboriú enquanto utilizava dinheiro da Câmara para participar de um curso em fevereiro daquele ano. O pronunciamento de segunda-feira correu pela região, uma vez que duas emissoras de rádio locais estiveram transmitindo a sessão. Jacobi também proferiu críticas à administração municipal, trazendo à tona assuntos como o sumiço de documentos da última administração do PMDB anterior a esta, a queima de uma patrola da municipalidade em Linha Palmeira, o vazamento em um reservatório d’água da prefeitura que acabou por danificar documentos do setor de prestação de contas e da contratação de um paisagista (veja o resumo da Câmara nesta edição). Em razão das críticas dirigidas à administração municipal, o vice-prefeito Ênio Hübner chamou a reportagem da Folha para fazer algumas ponderações a respeito.
Hübner colocou que o poder executivo se preocupa em vender uma imagem positiva da prefeitura, dizendo que a Câmara também deveria ter esta preocupação. “Lamentavelmente se verificou mais uma vez que isto não ocorre diante da manifestação de alguns vereadores, que não primam nem um pouco por isso”, considerou. “Não é incomum ouvir cidadãos de outros municípios que às segundas-feiras já têm um programa cativo, que é sintonizar nossas emissoras de rádio mas não para ouvir coisas boas e positivas da Câmara, mas em função do espetáculo quase circense diante da manifestação de alguns”, continuou. O vice-prefeito disse que na manifestação de alguns edis se verifica muitas vezes um desrespeito entre os próprios vereadores, mas, especialmente ao poder executivo. “Ataques de natureza pessoal, colocações agressivas e raivosas e mentiras muitas vezes comandam a sessão, e quando agridem o poder executivo, naturalmente estão agredindo o prefeito e o vice, por isso temos que nos defender”, explicou. “Algumas mentiras novamente foram colocadas na última sessão, o que já é normal para um vereador. Aliás, este vereador, em uma sessão de 2003, chamou seu prefeito de então de mentiroso, mas foi solidário com ele, admitindo na mesma ocasião que também é mentiroso”, prosseguiu. “Este vereador, novamente, na tentativa de atingir a administração municipal, mentiu na última sessão quando tentou fazer insinuações maldosas sobre o vazamento de um reservatório de água na prefeitura e mentiu também quando disse que a prefeitura tinha contratado um paisagista”, emendou. “Quanto à patrola, foi comprovado pela perícia que o incêncio decorreu de ato criminoso e por mais de uma vez este vereador tocou neste assunto, dando a entender que ele sabe muito a esse respeito”, alfinetou.
SENTENÇA – “Entre as tantas declarações, a que nos deixa muito preocupados foi a declaração deste mesmo vereador, que em 2006 vendeu negativamente a imagem do nosso município, ao parar nas principais manchetes por ter sido flagrado passeando na praia e na piscina do Balneário Camboriú, tudo a custo do dinheiro público e que por conseqüência disso está sendo processado por improbidade administrativa, ao dizer taxativamente que não será cassado”, ponderou Ênio Hübner. “É normal quando uma pessoa está sendo julgada, que tenha uma grande expectativa em relação ao processo, inclusive no sentido de ser absolvido. Mas não se tem notícia de que a absolvição se dá pelo próprio réu e de forma pública através da transmissão de duas emissoras de rádio, uma vez que nesta alçada quem sentencia é o juiz”, argumentou. “Não nos consta de que este processo já tenha sido julgado. Não acredito também que ele possa ter qualquer informação privilegiada e antecipada de que não será cassado, pois o cidadão que está sendo processado, enquanto não julgado, não sabe o resultado da sentença. O que se quer acreditar é que esta declaração do vereador tenha sido mais um de seus arroubos sem limites, um desrespeito agora a um outro poder, o judiciário, de forma como costuma agir no próprio legisaltivo e em relação ao poder executivo”, finalizou.
O juiz titular da comarca de Candelária, Gérson Martins da Silva, encontra-se em férias e o juiz substituto, Miguel Carpi Nejar, de Agudo, informou ontem através de sua assessoria que não teve conhecimento do processo movido contra Jacobi e, portanto, não proferiu nenhuma sentença.