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18/12/2009 12:42
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Ento Natal

Dois homens disputam a primazia de excelncia "primus inter pares" na Terra. Uns afirmam que Leonardo da Vinci (pintor, escultor, arquiteto, inventor...) teria sido o mais importante ser vivo gerado pela humanidade. Smbolo do Renascimento, da Vinci tido e havido como gnio universal. Outros discordam da primazia de da Vinci e atribuem o cetro a um menino pobre, nascido numa manjedoura e que levou o nome de Jesus. At aos doze anos o tal menino pobre viveu em casa, vendo o carpinteiro Jos aplainar cabos de ferramentas e Maria, sua me, submetida s lidas domsticas. Com essa idade, numa tarde fria, o menino pobre "furou" a segurana e entrou no Templo Sagrado, local reservado aos doutores da lei, ento em reunio ordinria. Atrevido, passou a debater com os intelectuais defendendo idias novas, quase revolucionrias. Um judeu (Jos de Arimatia) que presenciava os debates, impressionado com o carter e a inteligncia do intruso, tomou-o pelo brao e sumiu com ele por dezoito anos. Aos trinta anos de idade, j ento maduro e preparado, um lder de rosto afilado e longos cabelos lisos retornou Galilia. Convincente em suas pregaes, por onde passava, aglutinava. Primeiro, s, externava para pequenos grupos uma filosofia calcada no amor e na caridade. Depois, escudado por doze pescadores, alargou os horizontes da pregao. Passou a visitar povoados, vilas e cidades sem nunca se afastar da essncia do sermo: amor e caridade. Trs anos foi o tempo que durou. Os donos do poder assustaram-se. Uma nova liderana, legtima porque natural e espontnea, concentrava as atenes e, por onde passava, era recepcionada com tapetes vermelhos. O Governador, o Cnsul, os doutores da lei, todos enfim os que defendiam o poder pela fora perdiam, no conceito popular, o prestgio construdo a duras penas. Ao arrepio do status quo vigente, o novo lder pregava a paz, e no a guerra; propunha o amor, e no o dio; promovia a caridade, e no o egosmo; apregoava a virtude, e no o vcio Para os detentores do poder, agora em risco, aquele perigo teria que ser extirpado pela raiz. Ento, numa comprovao histrica de que nem sempre a maioria est com a razo, o lder de cabelos longos foi julgado pelos doutores da lei e submetido subserviente homologao de lacaios que gritaram em coro: "crucifica, crucifica"! Pilatos lavou as mos e o lder de rosto afilado subiu o Calvrio aoitado. O final, todos sabemos. Entre da Vinci e Jesus, muitos optam por da Vinci. Eu ainda prefiro Jesus. O Smbolo do Renascimento foi gnio na criao de bens temporais, enquanto isso o menino pobre foi gnio insupervel na gerao dos sublimes bens transcendentais. Agora vem o Natal, a festa para homenagear o nascimento do menino que priorizou o amor e pagou com a prpria vida. A caridade apregoada pelo lder de cabelos longos, na sua essncia, no se faz somente dando presentes aos necessitados. Na sua essncia, o maior dos presentes fazer-se presente. Ento, se queres seguir os fundamentos do lder crucificado, reserva uma parcela do teu precioso tempo e vai at a casa pobre, do brasileiro pobre, ali na vila pobre. Mas no leves um pacote colorido. Leva contigo um sorriso, leva um abrao. Leva uma gota de amor, leva. At o da Vinci vai gostar. Engenheiro Civil