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08/01/2010 10:51
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Todo fim um recomeo

Quando comecei a escrever esta coluna, no sabia se daria certo. Acho que deu, pelos elogios e crticas que recebi, ou at mesmo pela indiferena de alguns, coisa que posso sentir. Mas nunca me preparei para escrever o eplogo, mesmo porque o fim da vida a morte e acho que Deus ainda reservou um bom tempo para mim neste plano. Mas alguns fatores externos e a forma com que certos assuntos so tratados tem me enojado tanto que por vezes perco o teso por escrever. No estou feliz faz tempo e infeliz no consigo me concentrar, por mais que queira; e no guardo rascunhos, nem rancores; foram pro lixo as porcarias que achei que no deveriam ser publicadas, talvez nem porcarias fossem. Sei que muitos dos leitores compreenderam as tantas mensagens subliminares que fazia esconder nas entrelinhas e, sinceramente, me realizei por poder compartilhar momentos alegres e at mesmo desabafar em momentos tristes nesta vlvula de escape. Se serviu - para rir ou para chorar -, serviu. O breve intrito pode revelar um certo transtorno de bipolaridade, mas seria esta a ltima coluna que escreveria. Seria, sim, estava decidido a parar. No entanto, alguns fatores me fizeram refletir um pouco mais em relao a esta deciso. Os acontecimentos dos ltimos dias me fizeram refletir bastante sobre o que ter muito e no se contentar com nada e tambm o que ter quase nada e se contentar com menos ainda. A breve historinha que se segue vem a calhar neste momento. Contam que Deus convidou um homem egosta para conhecer o cu e o inferno. Ao abrirem a porta do inferno, viram uma sala em cujo centro havia um caldeiro onde se cozinhava uma suculenta sopa. Em volta dela, estavam sentadas pessoas famintas e desesperadas. Cada uma delas segurava uma colher de cabo to comprido que lhe permitia alcanar o caldeiro, mas no suas prprias bocas. O sofrimento era imenso. Em seguida, Deus levou o homem para conhecer o cu. Entraram em uma sala idntica primeira, havia o mesmo caldeiro, as pessoas em volta, as colheres de cabo comprido. A diferena que todos estavam saciados e felizes. - Eu no compreendo - disse o rabugento a Deus - por que aqui as pessoas esto felizes, enquanto na outra sala morrem de aflio, se tudo igual? Deus sorriu e respondeu: - Voc no percebeu? porque aqui eles sabem compartilhar... aprenderam a dar comida uns aos outros! Espero sinceramente que o ano que comeou mal termine muito bem para todos. Que as promoes pessoais sejam deixadas de lado, ou pelo menos sejam evidenciadas em momentos oportunos; que as colheres cheguem com carinho boca do prximo, sem pedir nada em troca; que o dio que por vezes brota dos coraes se transforme em adubo para dar vida s flores e s poesias; e que na falta de um norte, v para o leste, oeste, sul, pra onde for, mas que seja para ser feliz, na certeza de que cada fim nada mais do que um recomeo.