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Rural 02/06/2023 10:03
Por: Diego Foppa

Estiagem provocou quebra de 35% na soja

Falta de chuva, aumento do custo de produção e queda acentuada no preço da saca frustrou a maioria dos produtores

  • Balanço da safra não é positivo para a maioria dos produtores de soja
  • Engenheiro agrônomo da Agrican, Adalton Siqueira:

A soja, uma das culturas que mais cresceu na região do Vale do Rio Pardo nos últimos anos, também é uma das que mais sentirá os impactos da estiagem na safra deste ano. Em Candelária, com praticamente toda área superior a 20 mil hectares colhida, o balanço não é satisfatório para a maioria dos produtores. Conforme o engenheiro agrônomo do Escritório de Planejamento Agrícola e Consultoria de Candelária (Agrican), Adalton Siqueira, o rendimento ficou muito aquém das expectativas no município por conta da seca e do aumento do custo de produção em aproximadamente 40%, se comparado com a safra anterior. “A guerra entre Ucrânia e Rússia foi um dos principais fatores que elevou esse custo de produção, pois são dois países que tem peso relevante no mercado internacional de insumos. A Rússia, por exemplo, é nosso maior fornecedor de potássio”, analisa Adalton. Além disso, durante o ciclo da cultura, o preço da saca esteve em queda constante e hoje chega a ser vendida na casa dos R$ 125,00. “Foi um ano difícil para a maioria dos produtores. A produtividade nas lavouras caiu de 60 sacas por hectare para cerca de 38. Para quem trabalha com arrendamento, somado ao preço do adubo, semente, inseticidas e outros, é custo de produção de mais de 40 sacas por hectare. A conta não fecha”, ressalta. 

A Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) vê o momento atual da cultura com grande preocupação. Para o economista-chefe da instituição, Antônio da Luz, além da quebra em razão da estiagem e a decorrente redução da produção total no Estado, outros estados colheram safra cheia. Essa maior oferta do grão no mercado é o motivo da queda progressiva do preço da saca. “Sem dúvida pressiona, nós estamos com os prêmios todos negativos. Aqueles R$ 170,00 a R$ 180,00 por saca, tão cedo não veremos novamente, porque com esse ‘mar’ de soja teremos uma recomposição dos estoques”, ressaltou ele, em entrevista para o jornal Gazeta do Sul, de Santa Cruz do Sul. 

FUTURO
Ao projetar o futuro, Adalton diz que o cenário atual traz incertezas. “Não se pode afirmar que haverá redução da área plantada, mas os produtores estarão mais receosos para realizar novos investimentos”, afirma. Conforme ele, meteorologistas estimam que 2023 seja marcado pelo fenômeno El Niño. Na prática, caso isso se confirme, representaria uma maior concentração de chuvas no Sul do país. “Para áreas altas, isso é bom. Porém, em partes baixas, existe o risco de alagamentos. Ou seja, alguns produtores poderão migrar para o arroz por conta disso”, comenta.