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25/08/2009 16:56
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Trag?dias prenunciadas pela in?rcia

Qual o valor de uma vida? Os que choram a morte de familiares vítimas de acidentes de trânsito irão responder que não tem preço, mas para os poderes constituídos, que deveriam ter a obrigação de preservá-las, uma vida parece valer bem menos do que os custos para implantação de medidas eficazes, e não somente paliativas, como se tem observado nos últimos anos.
Um levantamento de notícias veiculadas pela Folha de Candelária entre janeiro de 2005 e maio de 2007 apurou que já são 21 os mortos em 26 acidentes de trânsito nas três rodovias estaduais que cortam o município de Candelária, a RSC 287, a RS 400 e a VRS 808 – a estrada da Linha do Rio. Pelo menos outras 27 pessoas envolvidas nestes mesmos acidentes acabaram feridas.

SOCORRO – Se há inércia por parte do governo estadual em acabar com as tragédias em locais como no trevo da Vila Marilene, não se pode dizer o mesmo dos poderes públicos municipais. Tão logo assumiu a prefeitura, em janeiro de 2005, o prefeito Lauro Mainardi já havia endereçado correspondência à Santa Cruz Rodovias, concessionária do trecho da RSC 287, manifestando sua preocupação com os acidentes e solicitando a implantação de lombadas eletrônicas no trecho urbano da rodovia, como forma de reduzir a velocidade nos locais mais críticos. Em resposta, a concessionária ponderou que a solicitação seria de responsabilidade do governo do Estado. Assim, no dia 12 do mesmo mês e ano, um ofício com o mesmo conteúdo foi enviado ao Daer, solicitando ao Engenheiro Eudes Missio, diretor de operações da autarquia, as mesmas providências. Passados quase 30 meses, o ofício ainda não foi respondido.
Preocupação no mesmo sentido foi manifestada pelo vereador Cláudio Roberto Gehres na sessão da Câmara de 22 de agosto de 2005. Ele sugeriu à Santa Cruz Rodovias que fizesse um estudo para reestruturar os trevos da Vila Marilene e da Linha do Rio, citando como exemplo o trevo do Pinheiro, antes apelidado de “Trevo da Morte”, e que após as modificações não registrou nenhum outro acidente grave. Na mesma época, a reportagem da Folha entrevistou algumas mães de alunos que estudam no centro da cidade, que se diziam preocupadas com a segurança dos filhos na ida e na volta da escola.

Lauro garante: "Vou tomar providências"
Sem sucesso nas tentativas de resolver os problemas no trânsito em vias estaduais, o prefeito Lauro Mainardi disse que não sabe mais para quem apelar, mas garantiu que irá tomar providências. “É desolador ver famílias chorando a perda de seus entes enquanto ninguém faz nada”, destacou o prefeito. “O que dificulta alguma ação é que as estradas estaduais, mesmo passando pelo perímetro urbano, não estão sob nossa competência”, continuou. “Vou esperar mais um pouco e, com a concordância do povo, tomar uma medida arbitrária, talvez a construção de quebra-molas. O que não podemos é aceitar passivos que nada seja feito enquanto vidas vão se perdendo”, complementou. O certo é que falta vontade política e um tanto de sensibilidade para que o quadro seja revertido. Enquanto isso, só resta à mídia esperar o próximo acidente para repercutir tragédias e acrescentar à lista ao lado o nome de outras vítimas.

2005
8 de janeiro

Laureci de Moura, 35 anos
5 de abril
Anael Alberto Teixeira, 59
10 de abril
Gerson Luiz Rieck, 22
17 de maio
Valêncio M. Silva, 45
24 de junho
Vera Manske, a “Xuxa”, 47
15 de agosto
Remi Kegler, 41
5 de outubro
Edson da Silva, 11
27 de outubro
Josimar Hiegni, 17

2006
9 de janeiro

Marco Enio Conrad, 32
2 de abril
Cristiano N. Ghiel, 22
17 de setembro
João F. Silva, 33
24 de dezembro
Willy Wollmann, 62

2007
23 de fevereiro
Jair Velfle, 45
Mauro Pohlmann, 45
Francisco F. Silva Jr., 25
Rafael Vieira, 20
2 de março
Dileta T. Linhar, 41
13 de abril
Jussara Tucachelis, 57
Ramão Lago Gomes, 65
5 de maio
Jéferson Jung, 20
13 de maio
Eloí José dos Santos, 45

287 com novo nome
Em princípio, o leitor da matéria pode ter se deparado com um possível erro de grafia, mas em atenção à Resolução 8 do Departamento Nacional de Infra-estrutura Terrestre – DENIT, de 2 de maio de 2006, as RSTs (Rodovias Estaduais Transitórias) passaram a ser chamadas de RSCs (Rodovias Estaduais Coincidentes). Assim sendo, desde então a antiga RST 287, também denominada Rodovia Maurício Cardoso, que tem o seu marco quilométrico zero no entroncamento com a RSC 470, em Montenegro, e que passa por Candelária em direção a Santa Maria, passou mesmo a se chamar RSC 287.