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23/04/2010 14:57
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Saudade da infncia

Aos meus (cinco ou seis) leitores que aguardam ansiosamente a coluna nas sextas-feiras, peo desculpas pelo vazio cerebral. Isso acontece sempre quando comea o frio, mas vai passar. E como tudo passa, e vai passando, peguei um texto que um amigo mandou, e fiz o que a maioria dos acadmicos fazem hoje em dia: copiei e colei e aqui est. Relembro com saudades, algum se identifica? Se foste criana nos anos 60, 70 ou princpio dos 80... como fizeste para sobreviver? Os carros no tinham cintos de segurana, apoios de cabea, nem air-bag, amos soltos no banco de trs fazendo aquela farra. E isso no era perigoso! As camas tinham grades e os brinquedos eram multicores, com pecinhas que se soltavam ou no mnimo pintados com umas tintas "duvidosas" contendo chumbo ou outro veneno qualquer. No havia travas de segurana nas portas dos carros, chaves nos armrios de medicamentos, detergentes ou qumicos domsticos. A gente andava de bicicleta pra l e pra c, sem capacete, joelheiras, caneleiras e cotoveleiras... Bebamos gua de filtro de barro, da torneira, de uma mangueira, ou de uma fonte e no guas minerais em garrafas ditas esterilizadas. Construamos aqueles famosos carrinhos de rolim e aqueles que tinham a sorte de morar perto de uma ladeira asfaltada, podiam tentar bater recordes de velocidade e at verificar no meio do caminho que tinham economizado a sola dos sapatos, que eram usados como freios... alguns estavam descalos. amos brincar na rua com uma nica condio: voltar para casa ao anoitecer. No haviam celulares e nossos pais no sabiam onde estvamos. Era incrvel! Tnhamos aulas s de manh e amos almoar em casa. Quando tnhamos piolho usvamos Neocid em p. Braos engessados, dentes partidos, joelhos ralados, cabeas lascadas. Algum se queixava disso? Comamos doces vontade, po com manteiga, bebidas com o (perigoso) acar. No se falava de obesidade. Brincvamos sempre na rua e ramos super ativos. Dividamos com nossos amigos uma Guaran Frisante Polar comprada naquela vendinha (do Atalcio), gole a gole e nunca ningum morreu por isso. Nada de Playstations, Nintendo 64,X boxes, jogos de vdeo, internet por satlite, vdeo cassete (no final dos anos oitenta existiam, mas era muito caros) e DVD, dolby surround, celular com cmera, computador, chats na Internet. S amigos. Quem nunca teve um co ? Rao? Pet-shop? Comiam a mesma comida que ns (muitas vezes os restos), e sem problema algum. Banho quente? Xampu ? Que nada, o banho era no quintal, um segurava o co e o outro com a mangueira ia jogando gua (fria) e esfregando-o com (acreditem se quiserem) sabo (em barra) de lavar roupa. A p ou de bicicleta, amos casa dos nossos amigos, mesmo que morassem a quilmetros de nossas casas, entrvamos sem bater e amos brincar. verdade, l fora, nesse mundo cinzento e sem segurana, como era possvel? Jogvamos futebol na rua, com as traves sinalizadas por duas pedras, e mesmo que no fossemos escalados ningum ficava frustrado e nem era o "fim do mundo"! Na escola tinham bons e maus alunos, uns passavam e outros eram reprovados, ningum ia por isso a um psiclogo ou psicoterapeuta. No havia a moda dos superdotados, nem se falava em dislexia, problemas de concentrao, hiperatividade. Quem no passava, simplesmente repetia de ano e tentava de novo no ano seguinte. As nossas festas eram animadas por radiolas (vitrolas) com agulhas de diamantes deslizando sobre os discos de vinil, luz negra e um delicioso coquitel feito de groselha e ma em cubinhos.Tnhamos liberdade, fracassos, sucessos e deveres e aprendamos a lidar com cada um deles. A questo : como conseguimos sobreviver? E acima de tudo, como conseguimos desenvolver a nossa personalidade? Eu no sei, mas acho que tem muita opo para pouca infncia, e isso nos rouba o que de mais precioso temos, que aproveitar a vida. Abraos e bom fim de semana!