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Histrias de Casamento - Parte 1 - O enlace de Ado e Zenith:
No dia 28 de maio de 1947 foram realizados trs casamentos em Candelria. O primeiro deles foi oficializado, ainda pela manh, quando Ado Batista Ferreira e Zenith Rodrigues se apresentaram no Cartrio na companhia dos seus padrinhos. Ele, ento com 23 anos, vestia um terno azul, camisa rosa, gravata estampada e sapatos escuros. Ela, com 19, usava vestido branco de seda (confeccionado pela costureira Herta, uma das mais famosas daquela poca) e que acompanhava vu, grinalda, o buqu de flores e os sapatos claros. O enlace foi testemunhado por Atacildo Prudncio Rodrigues, Maria Jos Porto Rodrigues, Alfredo Messias Rodrigues e Eva Pereira Rodrigues.
Quando assumiram este compromisso, eles estavam certos de que queriam construir uma vida juntos. Antes mesmo de firmarem o namoro, j conheciam as qualidades um do outro. Afinal, moravam na mesma localidade - Data do Ribeiro - e trabalhavam na mesma atividade. Ado plantava fumo com vizinhos e, ao fim de cada safra, recebia uma porcentagem dos lucros. Zenith ajudava os pais no plantio de fumo e de outros alimentos. E assim, num belo dia o destino fez com que os antigos vizinhos se encontrassem numa festa de escola - hoje o local onde funcionava o educandrio conhecido por Sesmaria do Cerro. "Eu fui com a turma do colgio Campo do Potreiro, da Picada Escura, e com a professora Alma Ritzel", disse ela. "Eu fui a cavalo com amigos da vizinhana", completou ele.
Daquele dia em diante, tudo mudou. J no eram simples vizinhos, mas pretendentes. Ento, o hbito espordico de frequentar os bailes que ocorriam em sales do Rinco das Casas e da cidade se tornou mais atrativo. "Naquele tempo era mais conhecido o salo de Joo Nepomuceno, Ado Soares e do Vitorino de Andrade", destaca Ado. Foi nesse tempo que o namoro engrenou e ele passou a trabalhar com os futuros sogros, seu Lus Mariano e dona Tomsia. "Fiz safra com eles at ter o dinheiro para construir a casa para a gente se casar", contou. A primeira moradia era humilde, com o telhado de santa f (uma espcie de capim), mas que chuva nenhuma conseguia transpor.
Nela, viveram por dois anos, at que outra mais ajeitada - e com telhado mais resistente - foi construda. Nesta segunda morada, j em terreno dos pais de Ado, tambm ficaram por dois anos. Quando se mudaram para a terceira casa, naquelas proximidades, abriram um mini armazm de secos e molhados e construram uma cancha de bocha. "Tinha banha, acar, farinha, linguia, de tudo que se possa imaginar e em grande quantidade", lembra Zenith. O local era um ponto de encontro para os cavaleiros da poca. Junto ao negcio, Ado ainda mantinha uma pequena rea de fumo que secava nas estufas de vizinhos. Para ele, o armazm era motivo de orgulho porque, de certa forma, representava sua autonomia. "Eu queria crescer na vida", resumiu.
MUDANA - Entretanto, o armazm s funcionou por oito anos. Com o surgimento dos impostos, os custos para manter o negcio se tornaram inviveis. Em vista disso, o casal decidiu se mudar pela quarta e ltima vez. Bastante conhecido nas redondezas, Ado recebeu uma proposta ousada de Jos Rodrigues de Oliveira, proprietrio de terras na Linha Boa Vista. Por 300 contos de ris, Ado comprou uma rea de 16,5 hectares que j tinha casa, galpo e duas estufas de fumo. O montante teve que ser parcelado e para reconstrurem uma nova vida, o casal voltou a plantar fumo. Nesta poca j tinham duas filhas: Liste e Lisane. Elas, da mesma forma, cresceram ajudando os pais na lavoura.
A casa que compraram na Linha Boa Vista s pode ser reformada 15 anos depois. Naquela poca, recorda Ado, era difcil de trabalhar na agricultura porque no havia muitas ferramentas. Tudo era feito praticamente de forma manual ou com as juntas de boi. O auxlio fornecido pelas fumageiras tambm era limitado.
COSTUMES - Zenith lembra que maioria das roupas da famlia era feita em casa. Sobre as festas, ela destaca que eram escassas e que o mais comum eram as surpresas em aniversrios. "As pessoas se visitavam noite, faziam uma galinhada e festejavam", ressalta. A festa de casamento de Ado e Zenith foi assim. "Teve um churrasco para os amigos e os vizinhos. No houve msica. Foi uma comemorao simples", disse ela.
A UNIO - Nestes 62 anos de casamento Ado e Zenith superaram juntos todas as dificuldades que enfrentaram principalmente no trabalho. De famlias humildes, tiveram que se esforar por durante toda vida para conquistarem seu pedao de terra e o alimento. s filhas, eles ensinaram a importncia de tudo isso. Foi por acreditarem na capacidade um do outro que no esmoreceram, no desanimaram. Em toda esta caminhada houve, sobretudo, amor, compreenso e respeito.
No prximo dia 24 Ado completar 86 anos, e no dia 28, os 63 anos de casamento. Zenith tem, hoje, 82 anos. Suas filhas Liste e Lisane tm, respectivamente, 54 e 50 anos. O casal tambm tem quatro netos: Cludia, 28 anos; Ana Maria, 27; Marcos, 26; e Daiana, 26.
* Os nomes que constam neste texto so de responsabilidade das fontes.
Saiba mais
Nmeros
Levantamento feito pelo Cartrio de Registros Pblicos aponta que no ano de 1947 foram realizados 150 casamentos no municpio. S no ms de maio foram 18.
Curiosidades
> A aliana de casamento
Para os egpcios, o crculo representava eternidade, e assim tambm o casamento que deveria durar para sempre. Os gregos utilizavam anis de m no dedo anelar da mo esquerda, acreditando que atrairiam o corao do companheiro. Mais tarde, os romanos adotaram tambm esse costume, que se mantm at hoje: usar uma aliana na mo esquerda como sinal de casamento.
> O vestido de noiva
O vestido nasceu como smbolo do patrimnio das famlias, da fertilidade da esposa e da paixo entre o casal. O branco representa a pureza e a castidade. Mais do que nunca, estes vestidos tm sido apresentados com tecidos luxuosos, brilhantes e bordados e sua alta carga simblica continua a representar o papel da mulher dentro da instituio do casamento.
Fonte: www.portalsaofrancisco.com.br