Hist�rias de Casamento - Parte 2 - Os enlaces de Theofried e Ol�via

O dia 22 de mar�o de 1950 amanheceu nublado e com uma garoa fina em Candel�ria. Mesmo sem a presen�a de sol, a temperatura estava agrad�vel - nem muito quente e nem muito frio. Foi assim que por volta das 9h30 daquela manh�, o ent�o pastor Ludwig Bohn celebrou a uni�o de Theofried Guilherme Wendler e Ol�via H�bner, na Igreja Evang�lica Luterana Cristo, junto � pra�a Alberto Blanchard da Silveira. Os noivos chegaram acompanhados dos padrinhos num Ford 29, de propriedade de Leopoldo H�bner, tio de Ol�via. No Cart�rio de Registros P�blicos de Candel�ria (ou da sede) consta que este foi o �nico matrim�nio registrado no dia. O enlace do casal - no civil e no religioso - foi testemunhado por Arthur Wendler, Dol�ria Wendler, Oswaldo H�bner e Arlanda H�bner e uns poucos convidados. Ol�via, na �poca com 18 anos, usava vestido branco acompanhado de v�u e longa grinalda (confeccionado pela costureira Malvina Trapp que morava na Linha do Rio), sapatos claros e buqu� de flores. Theofried, com 19, vestia terno cinza, camisa branca, gravata e sapatos escuros e portava uma pequena flor de lapela. O traje foi confeccionado pelo alfaiate Marcondes Pereira. Na cerim�nia, que durou cerca de uma hora, eles prometeram se unir n�o s� na alegria, mas tamb�m na tristeza. E � desta forma que permanecem at� hoje. Depois de deixarem a igreja, os rec�m-casados foram festejar com seus convidados. Para isso, os pais da noiva, Berthold e Frida H�bner, prepararam um almo�o simples, na localidade do Arroio Grande. Naquela hora, as nuvens acinzentadas j� tinham dado lugar ao sol e o dia seguia radiante. Ao longo da tarde, eles se divertiram com a m�sica tocada por alguns conhecidos. Um fato, em especial, chamou aten��o. "Ganhamos um pinico de presente e encheram-no de vinho. Todos beberam e, por fim, jogaram na cabe�a de um convidado. Foi uma farra", contou Theofried. OS GANSOS - Embora fossem conhecidos de longa data, j� que na inf�ncia haviam estudado juntos na antiga escola Carlos Graeff, do Arroio Grande, foi gra�as a alguns gansos que o namoro engrenou. "Eu morava a uns quatro quil�metros da escola e a Ol�via a uns 300 metros. Depois que sai do col�gio fui trabalhar em S�o Borja e voltei para Candel�ria quando tinha uns 16 anos. A�, juntamente com meu irm�o Alfredo, resolvi abrir uma casa de neg�cios bem perto da casa dela. Num certo dia, ela foi ajudar a recolher uns gansos que tinham fugido e fiquei observando a cena. Ent�o percebi que era uma mo�a muito bonita", lembra Theofried. A partir de ent�o, as trocas de olhares se acentuaram e as dan�as nos bailes se tornaram frequentes. "Nas tr�s primeiras �marcas� j� se descobria se podia dar namoro ou n�o. Se a mo�a continuasse dan�ando, o rapaz tinha chance. � meia-noite tinha a valsa das damas e, num desses bailes, ela me tirou. Ali eu vi que ela tamb�m estava interessada", brincou ele. Os sal�es mais conhecidos eram o de Augusto Seckler (Linha do Rio), Alfredo Schieferdecker e Alfonso Schwantz (ambos da Linha do Salso). "Naquele tempo era mais dif�cil de sair porque era preciso ir a p� ou ent�o de carro�a", comenta Ol�via. "Tamb�m era proibido dan�ar sem casaco nos sal�es. Quem descumprisse essa regra corria o risco de ser colocado para a rua", acrescentou Theofried. Antes de firmarem o casamento, eles namoraram por tr�s anos. Festa de noivado n�o houve para evitar despesas. "Tudo era caro e n�o t�nhamos muito dinheiro". NEG�CIOS - Depois do casamento, Theofried comprou a parte que seu irm�o tinha na casa de neg�cios e foi morar com Ol�via naquele im�vel. S� puderam fazer a reforma em 1957. Pouco antes, em 1953, ele come�ou a trabalhar como caminhoneiro e Ol�via ficou cuidando do com�rcio. "Era um armaz�m de secos e molhados. Vend�amos tecidos e uma variada linha de g�neros aliment�cios", comentou ela. Alguns anos depois, em 1967, Theofried abriu uma esp�cie de atacado para a venda de bebidas e produtos aliment�cios na cidade. Nesta �poca, outro irm�o dele (Arthur) come�ou a cuidar do armaz�m, na localidade do Arroio Grande. "Foi quando n�s mudamos para a cidade. Ficamos dois anos fora do interior, mas como a Ol�via n�o se adaptou, voltamos para a col�nia. Eu continuei vindo para a cidade todos os dias". E deste jeito os anos se passaram e os filhos foram nascendo. Um sobrinho do casal (Del�zio) chegou a administrar a casa de neg�cios por alguns anos, mas depois se mudou para Restinga Seca e, ent�o, o estabelecimento ficou fechado por uns 10 anos, aproximadamente. Depois, uma das filhas do casal abriu um mercado no local, juntamente com o marido. L�, eles ainda permanecem. O atacado da cidade ficou aos cuidados de Wendler at� 1979. Dali em diante, os filhos assumiram. QUATRO EM UM - Um dado que merece ser destacado � que Theofried e Ol�via t�m relembrado a cerim�nia do casamento. Literalmente j� se casaram quatro vezes. Primeiro, em 1050; depois, em 1975, quando comemoraram os 25 anos de uni�o; em 2000, quando completaram os 50 anos do enlace; e em 2010, quando celebraram os 60 anos. Para esta �ltima festa, eles prepararam um convite contendo as fotos de cada um destes casamentos. O casal teve seis filhos: Elenor, N�vea, Ilmar, Diva, Marcelo e Fl�vio (os dois �ltimos j� falecidos). Estes, lhe deram 12 netos e 13 bisnetos. * Os nomes que constam neste texto s�o de responsabilidade das fontes. Saiba mais N�meros > Levantamento realizado pela Folha no Cart�rio de Registros P�blicos da cidade (ou da sede) mostra que em 1950 foram realizados 132 casamentos em Candel�ria. No m�s de mar�o daquele ano foram seis. E no dia 22 de mar�o h� o registro apenas do casamento de Theofried e Ol�via. Portanto, h� chance de estes n�meros serem superiores, j� que naquela �poca tamb�m havia o Cart�rio do distrito de Palmital - atualmente desativado - e o da Vila Botucara�. Curiosidades > O Padrinho - A escolha de um padrinho � um costume que remonta � Antiguidade, quando se escolhia um bom amigo, na maioria das vezes um guerreiro tribal, para ajudar a proteger a noiva de poss�veis raptores, os quais muitas vezes rondavam o local da cerim�nia. > Costume de jogar arroz - Na China Antiga, mais de 2000 anos antes de Cristo, o arroz j� era tido como s�mbolo de fartura. A tradi��o de atirar gr�os de arroz sobre os noivos, ap�s a cerim�nia do casamento, teve origem quando um Mandarim quis mostrar a sua riqueza, fazendo com que o casamento da sua filha se realizasse sob uma "chuva" de arroz. Fonte: www.portalsaofrancisco.com.br