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Histrias de Casamento - Parte III - O enlade de Roberto e rsula
O dia 29 de abril de 1950 se apresentou nublado, mas foi especial para as famlias Hintz e Grohe, da Linha do Rio. que naquela manh encoberta se casariam dois de seus herdeiros: Roberto Oswaldo Hintz e rsula Edit Grohe. O casamento estava marcado para as 9h. E foi nesse horrio que o jovem casal aportou em frente antiga igreja Sinodal, onde hoje est instalada a escola Lepage, num txi conduzido por Ernesto Schmachtenberg. O veculo era um dos poucos que havia para alugar na poca.
Os noivos eram aguardados pelos pais, os padrinhos Carlos e Herta Zillmer, Vtor e Gerta Nauderer, Arno e Elvira Lindemann e alguns convidados. Ela, ento com 23 anos, usava vestido branco acompanhado de vu e grinalda, buqu de flores e sapatos claros. A roupa tinha sido confeccionada pela irm Gerta, que se dedicava costura. Ele, com 21 anos, vestia terno azul marinho, camisa branca, gravata e sapatos escuros, alm de uma flor de lapela. O traje igualmente fora feito especialmente para a ocasio. A cerimnia, celebrada pelo pastor Walter Wallhouser (ou Werner Wahlhuser), no demorou.
Depois de fazerem o juramento diante do altar, seguiram de volta ao interior para confraternizar com parentes e amigos. Para tanto, foi servido almoo simples, base de churrasco, saladas e cucas, na casa de Alberto e Arlinda Hintz (pais de Roberto). Foi uma comemorao rpida e sem muito festejo, j que a famlia da noiva estava de luto. Dali, seguiram para a moradia de Alberto e Luiza Grohe (pais de rsula), com os quais formaram um novo lar. E assim o jovem casal iniciou sua caminhada.
Roberto e rsula se dedicaram agricultura - trabalho, alis, que j conheciam desde criana. Plantavam fumo e soja e criavam porcos para comercializar e consumir. Unidos, enfrentaram momentos bons e ruins. Bons, como o nascimento da filha Caren (a nica que tiveram) e da neta Janine (tambm nica). Ruins, como as dificuldades financeiras e as perdas ocasionadas por intempries climticas. Por isso, recomearam inmeras vezes. Em todas, mais fortes, esperanosos e experientes.
MUDANA - Apesar de todos os percalos, Roberto e rsula gostavam da vida simples da colnia e se aposentaram trabalhando na lavoura. Entretanto, quando a filha Caren, o genro Vilson e a neta Janine mudaram para a cidade, em busca de uma nova vida, eles repensaram o futuro. "Os trs saram da Linha do Rio em fevereiro de 1999. Logo depois, em dezembro, ns tambm nos mudamos. Vendemos a propriedade e viemos para perto deles", lembra Roberto. "Seria difcil continuarmos sozinhos no interior porque j estvamos envelhecendo", acrescenta.
Ele reconhece que os primeiros dias foram de muita saudade. "Sentimos falta da propriedade. A gente estava acostumado com a lida de tratar dos animais, de ir para a lavoura, mas aos poucos tudo mudou". Pelo fato de terem inmeras amigos na cidade, no demoraram a ser convidados a participar dos encontros da Terceira Idade. E l se vo 10 anos de vida urbana e de convvio com o grupo Alegria de Viver. Roberto foi, inclusive, presidente da Terceira Idade de abril de 2000 a maro de 2010. Hoje, dizem no se arrepender da mudana que fizeram. "Conhecemos muitas outras pessoas, nos divertimos. T muito bom", completa rsula.
UNIO - Embora fossem vizinhos desde a infncia, eles s se conheceram na juventude. Isto porque rsula foi morar em Passo Fundo para ajudar uma irm que havia tido o primeiro filho. E l ficou por durante seis anos. S voltou para Linha do Rio em 1948 porque seu pai estava adoentado. Nesta poca, j com seus 19 ou 20 anos, rsula tambm comeou a frequentar os bailes da redondeza. O salo mais conhecido era o de Arthur Schneider, na Linha Faco, e o da Cooperativa, na Vila Passa Sete. Foi na Linha Faco que ela conheceu Roberto. "Eu a convidei para danar uma polenese, depois tomamos um refrigerante, conversamos. meia-noite, na Valsa das Damas, ela tambm me tirou para danar e a comeamos a nos conhecer melhor", lembra Roberto. Ele recorda, tambm, do dia em que foi pedir a mo de rsula em namoro. "J estava tarde da noite, os pais dela querendo ir dormir e eu no me achava com coragem de falar. Ela tambm j estava s me olhando pra ver se eu pedia logo e a acabei perguntando se ele consentia o namoro. Antes de me responder, perguntou rsula se ela queria". Dali em diante, foram dois anos de namoro at o casamento.
BODAS - Quando completaram 25 anos de casados comemoraram com amigos na Linha do Rio. Os 50 anos foram festejados na comunidade Sinodal, j na cidade. Os 60, completados neste ano, foram relembrados com uma festa surpresa organizada pela filha Caren, a neta Janine e demais familiares, no restaurante Lago Azul. O segredo para manter uma unio por tantos anos se resume, conforme rsula, em respeito, companheirismo, pacincia e tolerncia.
* Os nomes que constam neste texto so de responsabilidade das fontes.
Nmeros e curiosidades
> Levantamento realizado pela Folha no Cartrio de Registros Pblicos da cidade (ou da sede) mostra que em 1950 foram realizados 132 casamentos em Candelria. No ms de abril daquele ano foram seis. Destes, trs foram no dia 29. Portanto, h chance de estes nmeros serem superiores, j que naquela poca tambm havia o Cartrio do distrito de Palmital - atualmente desativado - e o da Vila Botucara.
> O vu da noiva - Esta uma tradio grega. Acreditava-se que a noiva, ao cobrir o rosto, ficava protegida do mau-olhado das mulheres e da cobia dos homens. Entretanto, h uma crena pag de que a noiva era alvo dos maus espritos e para que no fosse reconhecida por eles, escondia o rosto com panos e fazia-se rodear de mulheres vestidas de modo idntico. Esse costume deu origem ao vu e ao cortejo de damas de honra.
> O buqu da noiva - Os primeiros teriam surgido na Grcia e incluam flores, ervas e temperos. Cada flor tinha o seu significado: a hera representava fidelidade; o lrio, a pureza; as rosas vermelhas, o amor; as violetas, a modstia; e as de laranjeira concederiam fertilidade e alegria ao casal.
> Bolo de casamento - At alguns sculos, o po era quebrado sobre a cabea dos noivos durante a recepo do casamento para dar sorte. Se alguma migalha casse no cho, os convidados pegavam e comiam para ter sorte tambm. Com o passar do tempo a prtica foi substituda por bolos. Maioria servia com um creme gelado com um s andar e sem enfeite. Os da realeza tinham muitos andares e eram usados para alimentar os convidados. Quanto mais andares, mais ricos eram os anfitries.
Fonte: www.portalsaofrancisco.com.br