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O cinq?enten?rio do Hospital Candel?ria
Inicialmente a instituição de saúde do município era uma entidade particular, passando a denominação atual em 16 de maio de 1957, quando foi comprado por um grupo de investidores da época. Passados 50 anos, a Sociedade Beneficente Hospital Candelária lembra sua história ao longo do tempo, mas não comemora a data. Segundo a administradora, Ladi Loewe de Oliveira, com a crise instalada dentro da entidade, é praticamente impossível haver algum tipo de festividade, ainda mais com os salários atrasados de seus funcionários.
As dificuldades econômicas do hospital já não constam mais novidade para a comunidade local, que constantemente sabe através do boca-a-boca ou pela imprensa das dívidas acumuladas, dos ordenados atrasados e da defasagem em diversos outros setores. Realidade não contestada por Ladi, que aponta os problemas e o trabalho que vem sendo feito para contornar a crise.
Uma das iniciativas do Hospital Candelária foi ingressar no Movimento Saúde para os Hospitais, formado por diversas entidades de saúde de todo o Rio Grande do Sul e que visa assegurar a sobrevivência do sistema de assistência médico-hospitalar pública no Estado, com foco na qualidade e acessos aos serviços oferecidos, equilíbrio econômico-financeiro, mercado e condições de trabalho. Segundo o movimento, a defasagem acumulada pelo Sistema Único de Saúde ao longo de mais de 12 anos frente ao custo dos hospitais impossibilita o pleno funcionamento das entidades. Para cada R$ 100,00 de custos que os hospitais têm para assistir um paciente do SUS, o sistema remunera, em média, R$ 55,00, o que gera um déficit de 81,8% entre custo e receita.
Sem reajuste na tabela do SUS desde 1994, a maioria dos hospitais no RS, não somente a Sociedade Beneficente Hospital Candelária, atinge um alto grau de endividamento. O Movimento Saúde para os Hospitais aponta inúmeras alternativas para contornar a crise e alterar o cenário de decadência da saúde no Estado. A solução mais esperada é o imediato reajuste dos valores pagos a todos os prestadores complementares do SUS no percentual de 82%, o que deve garantir o equilíbrio econômico e financeiro. Outra solução é o refinanciamento das dívidas a longo prazo, em 240 meses conforme proposto pelo projeto Timemania, aprovado pelo Plenário da Câmara dos Deputados e que em breve deve ser votado no Senado.
SUPERAÇÃO
Segundo Ladi, a crise é, inevitavelmente, uma realidade. No entanto, ela ressalta que até hoje nenhum paciente ficou sem atendimento. “A presteza no atendimento se deve aos nossos bravos funcionários, que, mesmo com salários atrasados, sempre atenderam bem a todos, um trabalho humanizado que merece todo o nosso reconhecimento”, salienta a administradora. Ela também lembra que, além de acreditar nos propósitos do Movimento Saúde para os Hospitais, o Hospital Candelária ainda realiza diversos trabalhos internos para redução de custos e captação de recursos. Um dos projetos atuais está direcionado para o setor de urgência e emergência, para que os pacientes possam ser atendidos no município e não transferidos para outros hospitais. “Esta é uma ótima alternativa, mas que somente deve apresentar resultados em longo prazo, já que são necessários diversos investimentos em equipamentos e profissionais”, explica.