O papel da imprensa

A veicula��o de reportagem durante o programa Fant�stico do �ltimo dia 8, denunciando abusos com di�rias em C�maras Municipais ga�chas, alcan�ou grande repercuss�o em todo o Estado. A pol�mica n�o � nova e reproduz uma pr�tica j� denunciada em 2006, inclusive com desdobramentos em Candel�ria. As den�ncias de agora mostram mais uma vez vereadores, assessores e servidores legislativos passeando e se divertindo �s custas do dinheiro p�blico. O pretexto para a viagem � um curso de capacita��o ou aperfei�oamento oferecido por empresas oportunistas, criadas justamente para explorar a falta de controle nas di�rias dos Legislativos municipais. Para aumentar o poder de convencimento sobre o p�blico-alvo, essas empresas normalmente organizam os cursos em cidades tur�sticas. E ent�o junta-se a fome com a vontade de comer. Quem n�o gostaria de poder passear em um lugar bonito sem tirar dinheiro do bolso e, de quebra, ainda obter lucro? Muitos gostariam, mas apenas a alguns � dado esse privil�gio, que independente de ser legal ou n�o, constitui algo imoral e indigno. Pois essa grande e desavergonhada farra com o dinheiro do povo, que tanta falta faz em �reas como a sa�de, a educa��o e a seguran�a, s� ganha o conhecimento p�blico gra�as � atua��o incans�vel e corajosa de um representante da imprensa. O mesmo que j� denunciara abusos exatamente iguais em 2006. A intensa repercuss�o do assunto - que agora finalmente virou caso de pol�cia - tornou-o pauta quase obrigat�ria de outros ve�culos de imprensa. E assim tamb�m aconteceu na Folha, que publica semestralmente relat�rios sobre os gastos com di�rias da C�mara Municipal de Candel�ria desde 2006, quando o Legislativo local, atrav�s de um de seus representantes, foi alvo de den�ncias. Mat�ria veiculada na edi��o do dia 13 do m�s em curso tornou p�blica as despesas da C�mara e da prefeitura com di�rias durante esse exerc�cio de 2010. Al�m dos relat�rios dos dois �rg�os p�blicos, a mesma mat�ria ainda divulgou os totais de despesas de deslocamento que se agregam �s di�rias. A reportagem apenas deu transpar�ncia a n�meros que por sua natureza devem estar sempre � vista do p�blico. Informar e servir ao interesse p�blico est�o no rol das miss�es da imprensa que devem ser saudadas. Mas h� quem, ao contr�rio, prefira demonstrar contrariedade ao exerc�cio do of�cio. Os vereadores Cl�udio Gehres (PP) e Flamarion Galetto (PSDB) criticaram a reportagem da Folha. Em sua argumenta��o, o vereador Flamarion chegou a apresentar n�meros do que a prefeitura gasta em publicidade com alguns �rg�os de imprensa, incluindo a Folha. Sobre os valores gastos com a Folha, vale lembrar que a maior parte das despesas da prefeitura com o jornal refere-se a publica��es legais, determinadas por lei. Seja como for, n�o se compreende qual a rela��o de uma coisa com a outra. A Folha n�o inventou n�meros, considerando terem sido fornecidos pela prefeitura, a C�mara Municipal e o Tribunal de Contas. E apresent�-los � comunidade � um direito leg�timo do jornal. Gostem ou n�o os vereadores.