Logo Folha de Candelária
25/08/2009 16:56
Por:

Reflex?es sobre o planejamento familiar

No passado, a riqueza da família se media pelo número de filhos. Ao nascer um filho era a alegria de mais dois braços para trabalhar. Hoje, a preocupação de mais uma boca para comer.
Conheci, nesta semana, na companhia de alguns dos meus alunos, uma senhora de idade que está criando cinco netos pequenos em sua humilde casa. Demonstrou amor e cuidado com as crianças e contou que a filha, mãe das crianças, teria abandonado e destratado seus netos. Ali estava, diante de nós, um autêntico caso de falta de planejamento familiar - assunto que centralizo nesta coluna.
O planejamento é necessário nos mais diversos setores. A família, que é de suprema importância, necessita de constantes planejamentos para que as vidas sejam protegidas e desenvolvidas em alegria e dignidade. Esta semana, o governo de nosso país lançou medidas para controle de natalidade, facilitando o acesso de meios anticoncepcionais para as famílias carentes. Alguns vibraram alegres com as medidas. Outros criticaram, por serem abertamente contra os métodos anticoncepcionais.
Sou contrário aos métodos anticoncepcionais abortivos, pois creio que o óvulo fecundado é uma vida que deve ser protegida pela ordem expressa de Deus e dos homens. No entanto, não sou contra os métodos não-abortivos, como por exemplo, as pílulas anticoncepcionais. Creio firmemente que o seu uso esteja dentro daquilo que chamamos de liberdade cristã, como também, dentro da nossa responsabilidade para com a vida. O mesmo Deus que pediu para nos multiplicarmos, pediu para que cuidássemos uns dos outros e para que sujeitássemos a terra (Gn 1.28). Este domínio sobre a terra exige controle, exige planejamento, pois o seu objetivo é a vida, e uma vida de qualidade. Assim como temos a liberdade de casar ou não casar, temos a liberdade de planejar e verificar quando e quantos filhos nós queremos e podemos ter.
O cristão deve ter a certeza de que os filhos são uma bênção do Doador da Vida (Sl 127). Nessa perspectiva, o casal tomará a decisão ética não de ter o “menor número possível” de filhos, mas de ter “o maior número possível”, pois seus filhos certamente serão uma bênção para a sociedade.
Algumas pessoas, contrárias aos anticoncepcionais, consideram o ato sexual como algo existente apenas para procriação. Ora, isto é desconhecer os planos de Deus para o ser humano, é desconhecer a beleza das palavras do livro bíblico de Cantares a respeito da sexualidade do casal. A Bíblia diz que “Deus viu que não era bom que o homem vivesse sozinho (Gn 2.18)”, e ainda afirma que “é melhor casar do que viver abrasado (Gn 7.9)”. A Palavra de Deus coloca o ato sexual como ação comum na santidade do casamento. Aqueles que apenas apontam para abstinência como método anticonceptivo, precisam lembrar que Deus orienta os casais a não se absterem do sexo, a não se negarem um ao outro. Isto está escrito em1 Co 7.5.
Para concluir, afirmo que o planejamento familiar deve estar alicerçado na certeza de que, ao concebermos uma vida, concebemos algo eterno sobre o qual temos a responsabilidade, tanto na criação e sustento material, como também no sentido espiritual. Logo, não são apenas dois braços para trabalhar, nem mesmo apenas mais uma boca para sustentar, mas um ser completo: corpo e alma. Um ser que Deus quer como seu filho! Um ser por quem, no “planejamento de Deus”, Jesus morreu na cruz.