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Geral 13/01/2023 14:09
Por: Arthur Lersch Mallmann

Pacientes alegam demora excessiva no plantão médico

Casa de saúde afirma não faltar médicos, mas por vezes há sobrecarga do profissional plantonista nos finais de semana

  • Plantão médico tem sido alvo de muita reclamação por parte da comunidade | Foto: Arthur Lersch Mallmann / Folha de Candelária
  • Prefeitura teve reunião com a diretoria do hospital para discutir tema | AI Prefeitura / Divulgação

Recentemente, episódios envolvendo demora no atendimento médico ganharam grande repercussão nas redes sociais. Esta semana, o leitor Gilson dos Santos, 40 anos, morador do Rincão Comprido, entrou em contato com a Redação para denunciar a falta de atenção médica por parte da casa de saúde à sua mãe, Marlene Teresinha dos Santos, 64 anos, falecida na manhã de domingo, 8.

Apresentando dor no peito, Marlene foi levada ao Hospital Candelária. “As enfermeiras deram uma medicação para ela e fizeram um eletrocardiograma. Pediram também para aguardar o médico, mas ele não vinha”, explica o filho. Depois, sua mãe teria se sentido um pouco melhor e pediu para ir embora. “Na recepção, disseram para ela aguardar o médico, mas ele não vinha nunca. Ela já estava aguardando 2h por ele”, conta.

Chegando em casa, Gilson colocou a sua mãe em repouso e avisou para o seu pai para que ligasse se precisasse de ajuda para qualquer coisa. “Após cerca de 1h, ele me ligou chorando. Eu já sabia que era”. Marlene havia infartado. A família e os vizinhos levaram ela novamente ao pronto-atendimento, mas já era tarde. “Aí o médico apareceu, mas não dava mais tempo de salvar ela. Ele precisava ter aparecido às 7h quando nós chegamos lá”, lamenta.

A reportagem teve acesso aos dados hospitalares do atendimento. Marlene deu entrada às 6h40 com dor no peito. A equipe de enfermagem aferiu seus dados vitais. Segundo os boletins médicos, a pressão sanguínea, os batimentos cardíacos e a saturação estavam normais. Às 7h15, seus sinais vitais foram verificados e novamente indicavam normalidade. O eletrocardiograma realizado também estava dentro do padrão. A paciente foi conduzida à sala de observação e, segundo os documentos, os procedimentos eram comunicados ao médico plantonista.

A equipe de enfermagem informou que era necessária a realização de outros exames, como a repetição do eletrocardiograma e exames laboratoriais. Às 8h30, consta no documento: “paciente não quer aguardar a avaliação; quer ir para casa”. O retorno de Marlene é registrado às 10h55. “Paciente é trazida pelos familiares no banco traseiro do veículo; não responsiva”. Ainda segundo o boletim médico, foi tentada uma reanimação, mas Marlene foi a óbito às 11h15. “Nós lamentamos que tenha ocorrido essa fatalidade e nos compadecemos com a família. Contudo, em nenhum momento houve negligência do hospital. Ela foi atendida e orientada a ficar em observação”, pontua Aristides Feistler, administrador da casa de saúde.

 

Prefeitura cobra melhor atendimento

Na terça, 10, o prefeito em exercício Cristiano Becker participou de uma reunião com o Presidente da Associação Beneficente Hospital Candelária, Romi Ávila Hugo, e com o administrador da casa, Aristides Feistler, para esclarecer a situação. Também estiveram presentes a Secretária Municipal de Saúde, Grazieli Priebe, e o Diretor Geral de Saúde, Julio Stefanello.

À reportagem, Feistler explicou que em nenhum momento o hospital ficou sem médicos. Ele afirma ser comum atendimentos de urgência e, nestes casos, os pacientes classificados como sem urgência precisam aguardar.  Ainda segundo o administrador, atualmente 36h da escala de plantão do fim de semana são preenchidas com médicos vinculados a uma empresa, a qual envia profissionais de Porto Alegre e outras cidades. Por vezes, isso gera uma sobrecarga nestes profissionais. Na oportunidade, a Secretaria de Saúde se ofereceu para auxiliar o hospital a ter um atendimento de plantão mais efetivo, com grades de horários que não sobrecarreguem estes médicos plantonistas.