Vereadores acionam MP e Prefeitura para averiguar atendimento do plantão hospitalar

O atendimento do plantão médico do Hospital Candelária vem sendo alvo de muitas reclamações por parte de populares. Nos últimos dias, relatos de pacientes ganharam espaço na imprensa local e da região. O Executivo já havia cobrado esclarecimentos à presidência e à diretoria da casa de saúde na terça, 10. Na última sexta, 13, representantes do Legislativo se reuniram no período de recesso parlamentar para debater o tema e, ao longo da semana, distribuíram um dossiê com relatos de pacientes, matérias de imprensa, os números do orçamento municipal repassados ao hospital, entre outros materiais, a diversas entidades.

Uma comissão representativa dos vereadores formada pelo presidente Alan Wagner (PSB) e pelos parlamentares Ginevra da Silveira (PSB), Alexandra Bini (Progressistas) e Jorge Willian Feistler (PTB) entregou os documentos ao Ministério Público (MP) na segunda, 16. Na ocasião, o promotor Martin Albino Jora afirmou que irá instaurar um inquérito sobre a demora e a precariedade nos atendimentos, cobrará ação do município e apurará possíveis irregularidades nos repasses financeiros. Na terça, 17, a comissão teve uma reunião com o prefeito Nestor Ellwanger; com o procurador jurídico Paulo Butzge e com a secretária de Saúde, Grazieli Priebe. O mesmo ofício levado ao MP foi entregue ao Executivo.

O presidente da Câmara, Alan Patrick Wagner (PSB), destacou que são muitas as reclamações sobre o atendimento prestado e que todos os vereadores estão preocupados com a situação. “Nós sabemos que a prefeitura repassa um bom valor e a secretaria de Saúde dá todo o suporte necessário ao Hospital; por conta disso, o Executivo tem o direito de cobrar melhorias”, comentou. De acordo com o Portal da Transparência, o Hospital Candelária recebeu R$ 15,5 milhões do município em 2022; deste valor, 4,5 milhões tem como finalidade a manutenção do plantão médico 24h por dia. 

A vereadora Ginevra da Silveira, vice-presidente da Câmara, confirmou que o dossiê também foi entregue à 13ª Coordenadoria Regional de Saúde na quarta, 18. Segundo a parlamentar, a entidade estava sabedora da situação e aguardava um acionamento. Hoje, o dossiê será entregue ao Conselho Municipal de Saúde. “Nós estamos recebendo reclamações desde o ano passado, mas elas se intensificaram no mês de dezembro e janeiro. Diversos vereadores foram marcados em publicações alegando problemas no atendimento do plantão e o que era esporádico se tornou diário”, explica.

A vereadora aponta que foi encaminhado um ofício ao hospital ainda em dezembro e que a Câmara ainda não teria obtido resposta. A reportagem entrou em contato com Aristides Feistler, administrador do Hospital Candelária, que afirma ter entrado em contato com vereador Jorge Willian logo após o recebimento do ofício. Ele pediu para comparecer a uma sessão da Câmara para esclarecimentos. As sessões retornam em fevereiro.

 

Hospital recebe inquérito com tranquilidade

Procurado pela reportagem, o administrador do Hospital Candelária, Aristides Feistler, declara que averiguações são oportunidades para se chegar aos fatos com a maior transparência possível. “Eu vejo com bastante naturalidade [esta situação]. Acho inclusive bom que isso seja feito, pois damos mais transparência à prestação de contas e não damos margens a comentários maldosos. Vamos desmistificar o que é fato e o que é mentira, pois estamos com a consciência tranquila. Sempre trabalhamos com lisura e transparência com os recursos da Prefeitura”,

Em nota, a secretária de Saúde Grazieli Priebe afirmou que sua pasta, assim como os gestores municipais, está empenhada em atender os anseios da comunidade. Ela esclarece que a administração da casa de saúde, no entanto, está a cargo da Sociedade Beneficente Hospital Candelária (SBHC), que responde por todas as questões relacionadas ao funcionamento da instituição. “Mesmo assim, diante dos questionamentos e reclamações repercutidas na imprensa e nas redes sociais, a municipalidade está também cobrando da administração do hospital os devidos esclarecimentos sobre todas as situações ocorridas. O tema em discussão envolve saúde pública e, por isso, precisa ser tratado com a máxima seriedade e prioridade”, frisa.