Por: Diego Foppa
Rim avalia ano e destaca os principais avanços
Prefeito também fala sobre a necessidade de cortar gastos em função da crise
No encerramento do primeiro ano de seu segundo mandato à frente da Prefeitura de Candelária, Nestor Rubem Ellwanger (Rim) recebeu a reportagem da Folha para fazer um balanço das ações desenvolvidas ao longo de 2025, ano marcado pelas comemorações do centenário de emancipação do município. Durante a entrevista, o chefe do Executivo candelariense abordou as principais realizações da administração municipal, avaliou pontos que, em sua opinião, poderiam ter avançado mais ao longo do ano e comentou os desafios enfrentados. Além disso, projetou expectativas, prioridades e metas para 2026, destacando os rumos planejados para o próximo período de gestão.
ENTREVISTA
> Qual é a sua avaliação geral de 2025?
Primeiramente, quero registrar a grande honra em ter sido o prefeito da comemoração do centenário de emancipação de Candelária. Só se comemora 100 anos uma vez. E, por isso, buscamos valorizar ao máximo esse ano especial para toda a nossa comunidade. Tivemos a maior Expocande da história e também uma Festa da Colônia especial, com atrações nacionais. Acredito que o sucesso dos eventos engrandeceu o município, melhorou a autoestima da população e colocou Candelária definitivamente no mapa dos grandes eventos da região e do estado. Além disso, o Parque de Eventos Municipal Itamar Vezentini também se consolidou como um cartão de visitas da cidade e motivo de orgulho para os seus moradores. É evidente que também tivemos problemas. As enxurradas do mês de junho causaram danos e prejuízos, especialmente na zona rural. Pelos enormes estragos causados pela enchente histórica de maio de 2024, o ano de 2025 nos exigiu ainda muitos sacrifícios e muita superação. Algumas obras de reconstrução ainda estão em andamento. Conseguimos acessar um grande volume de recursos, tanto do Estado como da União para recuperar especialmente o nosso interior, que foi devastado pela enchente. Apesar da ajuda de outras esferas, o município também precisou se desdobrar para dar conta de tantas necessidades. Essa realidade, somada a outros fatores, nos trouxe dificuldades financeiras grandes para o fechamento do exercício. Tivemos outras dificuldades na gestão, como a troca do sistema de gestão pública, que fomos obrigados a fazer pelas denúncias apresentadas contra a empresa que prestava serviço para a Prefeitura há mais de 20 anos. Mas acredito que os problemas surgem e precisamos enfrentá-los, de cabeça erguida e sempre trabalhando visando o bem da nossa população. Apesar de todas as dificuldades, acredito que o balanço do ano é positivo e, desta forma, com esperança no futuro, vamos caminhar em 2026 e nos próximos anos.
> Quais foram os principais avanços deste ano?
Num rápido balanço, acredito que nos primeiros quatro anos do governo Rim e Cristiano, o município teve avanços em todas as áreas. As diversas obras e realizações mostram isso. Tivemos grandes investimentos na educação, na saúde e em pavimentação de ruas. E pela minha identificação com o interior, sempre me envolvi pessoalmente com os serviços de manutenção e recuperação das nossas estradas, trabalho que foi prejudicado pela grande enchente do ano passado. Todo esse esforço realizado por toda a equipe de governo e com a ajuda dos servidores municipais, mesmo com as dificuldades climáticas de estiagens e a grande enchente, foi reconhecido pela grande maioria da população na eleição do ano passado. A votação expressiva nos deu crédito, mas nos deu também mais responsabilidade de fazer ainda mais. É este meu pensamento. Durante nosso governo, sempre procuramos valorizar os servidores municipais, que são muito importantes na missão de servir a comunidade. Neste aspecto, neste ano, conseguimos ter um avanço muito importante, que foi a concessão de um auxílio-saúde para todos os funcionários de carreira. Outros avanços expressivos aconteceram na saúde, onde destaco as ações de melhoria na atenção básica e em serviços especializados, a aquisição de novas ambulâncias, incluindo uma para o Samu e a reinaguração, nessa semana, do posto de saúde do bairro Rincão Comprido. E na educação, é importante lembrar a retomada das obras da creche do bairro Marilene, após mais de oito anos de abandono. E na área educacional, destaco uma conquista histórica neste ano: a compra do complexo do Colégio Ulbra/Concórida, de mais de 6 mil metros quadrados, que é, sem dúvida, o maior investimento do município na educação. E aí não canso de repetir: educação não representa gasto, mas sim investimento no futuro do município.
> O senhor acredita que faltou algo em 2025?
Quem me conhece sabe que sempre fui uma pessoa humilde. Então sei bem que não é possível fazer tudo o que a gente quer e a população espera. Ainda mais nestes tempos de dificuldades financeiras para todos os municípios, que sofrem cada vez mais exigências de outras esferas, mesmo que os recursos para isso não sejam suficientes. Neste aspecto, penso que precisamos melhorar a nossa comunicação e o diálogo com a população. Mostrar não apenas as realizações da Prefeitura, mas também as dificuldades e os desafios que são impostos às administrações públicas municipais.
> Qual é a sua avaliação sobre a saúde financeira do município?
O momento é de dificuldades. Não tem como tapar o sol com a peneira. Mas essa é uma realidade que atinge a maioria dos municípios gaúchos e brasileiros. Temos uma projeção de desequilíbrio orçamentário para 2026, o que nos exigiu importantes cortes em todas as secretarias no próximo orçamento. Existe uma projeção de queda expressiva na receita, o que nos obriga a diminuir as despesas na mesma proporção. Mas esse desequilíbrio orçamentário não é uma situação criada nesse ano. Várias situações pressionaram os gastos do município. Os últimos anos, por exemplo, foram marcados por uma pandemia, que impactou severamente a economia de todo o planeta. Além disso, as condições climáticas desfavoráveis geraram, também, prejuízos para a economia local e também exigiram despesas maiores da administração. Neste aspecto, vale lembrar que a administração 2021/2024 enfrentou, nos três primeiros anos, estiagens e, em 2024, a grande enchente que se transformou na maior tragédia climática do Estado.
O município também sofreu perdas no repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) que, para Candelária, representa a principal fonte de receita do município. Essa perda está diretamente relacionada ao censo de 2022, que estimou uma redução da população do município, gerando alteração da faixa para repasse do FPM e, consequentemente, menos recursos em comparação com a posição anterior. Outro fator que também impactou negativamente as finanças do município foram os valores pagos em precatórios durante todo o período do último governo. Para quem não sabe, precatórios são ordens de pagamento expedidas pelo Judiciário para que o município pague dívidas decorrentes de condenações judiciais definitivas. De acordo com um levantamento do Departamento de Contabilidade da Prefeitura, no período entre 2020 a 2024, o montante pago em precatórios pelo município, somou R$ 24, 5 milhões. É evidente que essa despesa faz muita diferença no esforço de equilibrar o orçamento do município. E também é importante destacar que essas dívidas são todas originárias de governos anteriores e foram apenas herdadas pela atual administração. E é preciso dizer mais uma vez que essa situação de crise não é um privilégio de Candelária. Tem municípios que já decretaram colapso financeiro e não conseguem nem pagar os salários dos servidores. Na região, até mesmo o município de Santa Cruz do Sul que, apesar de todo o seu poderio econômico, assinou, em junho deste ano, um decreto de redução expressiva de gastos para combater uma crise no orçamento.
> E as projeções para 2026?
Para o ano novo, vamos ter que apertar o cinto e, na medida do possível, seguir realizando as ações e os investimentos necessários para promover o desenvolvimento de Candelária. Temos consciência do potencial de crescimento do município, pela localização central no estado, e que vai ser impactado positivamente ainda mais pela duplicação da RSC 287 que muito rapidamente irá chegar aqui. Teremos também projetos para desenvolver o turismo local e a paleontologia, que são riquezas importantes de Candelária. E queremos seguir valorizando nossa vocação na área agropecuária, melhorando as condições de vida dos moradores do interior. Para finalizar, aproveito a oportunidade para desejar um feliz e abençoado Natal a todos candelarienses e também para os que escolheram o município para morar e trabalhar. E também desejar um ano novo de muitas realizações alegrias e, principalmente, com saúde, que é o maior patrimônio do ser humano.