Por: Charles Silva
Equipe Garibaldi BJJ promove valores através do jiu-jitsu
Uma das modalidades de combate mais difundidas do mundo, esporte tem se tornado cada vez mais acessível
Desde que foi desenvolvido no Brasil, no século passado, o jiu-jitsu é considerado uma das modalidades de combate mais difundidas do mundo. O estilo sempre foi considerado inclusivo e sem barreiras. Contudo, nos últimos anos um novo movimento tem expandido o jiu-jitsu para novos públicos, integrando pessoas das mais diferentes idades, biótipos físicos ou portadores de alguma deficiência, que antes encaravam com receio a possibilidade de praticar uma arte marcial. Um grande exemplo desse movimento pode ser identificado em Candelária, onde a equipe Garibaldi BJJ, sob a orientação do professor Potiguara Garibaldi, tem lutado para tornar o esporte ainda mais acessível a todos.
Entre seus mais de 30 alunos, a equipe Garibaldi BJJ conta com atletas de várias faixas etárias, gêneros e, inclusive, pessoas com alguma deficiência física ou mental. Para o professor Garibaldi, apresentar estas limitações não significa, de forma alguma, uma proibição à prática de algum esporte e com o jiu-jitsu não é diferente. “A arte marcial deve ser para todos e meus alunos não são definidos por suas diferenças. Dentro do tatame eles são atletas com valores humanos e direitos ao acesso como quaisquer outros”, afirma.
Além disso, o professor afirma que também é transformado por seus alunos. “É uma aprendizagem constante, pois também preciso me adaptar a eles. Com o tempo, nos conectamos e compartilhamos mais do que técnicas marciais, mas sim experiências de vida e de superação. É muito gratificante”, afirma.
Vivências
Junior e Pedro, ambos com 12 anos, praticam o esporte há 2 e 3 anos respectivamente, e falam com orgulho sobre a inclusão do jiu-jitsu em suas vidas. Os dois asseguram que adoram a rotina de treino e competições das artes marciais e não pensam em deixar o esporte jamais. “Gostava muito de assistir o UFC e sempre quis praticar jiu-jitso. O que mais gosto é quedar (levar seu adversário ao chão)”, relatou Junior entre risos.
Giovana, de 16 anos, se juntou à equipe há cerca de um ano, buscando combater o sedentarismo. Ela conta que sempre gostou de esportes, mas nunca havia achado uma modalidade em que se encaixasse, até ser acolhida pelo jiu-jitsu. A jovem afirma que se identifica muito com valores do esporte e afirma que a equipe é uma segunda família. “Aqui somos todos irmãos. Existe uma hierarquia a ser seguida, mas, independente do nível de cada um, todo mundo é tratado com respeito e amizade”, expõe.
Os colegas Leandro, 8 anos, e Davi, 9 anos, descobriram a paixão pelo jiu-jitsu há cerca de 3 meses, mas já estão colhendo os benefícios de praticarem uma arte marcial. A mãe de Davi, Olanda Braatz, conta que, após o início dos treinamentos, tem visto o jovem de comportamento introvertido conquistando mais segurança e autoestima em todos os âmbitos de sua vida. Janice Corrêa Buchmayer, mãe do Leandro, relata que introduziu a arte marcial na vida do filho após receber o diagnóstico de TDAH e dislexia. Após alguns meses de treino, tem acompanhado com muita alegria a progresso do filho através da disciplina e respeito introduzidos através do esporte.
Competição
No dia 12 de março, a equipe Garibaldi BJJ irá até Venâncio Aires para participar da Copa Chimarrão de jiu-jitsu. Participarão do evento 18 atletas do grupo. Para isso, a equipe está angariando fundos para cobrir os custos de alimentação e transporte. Garibaldi relata que muitos atletas não têm condições de arcar com as despesas das competições. Entretanto a equipe luta para não deixar ninguém de fora. “A falta de condições financeiras acaba afastando muitos jovens do esporte. É uma dura realidade que lutamos para impedir e conseguir patrocínios é fundamental”, expõe.
Solidariedade
A equipe Garibaldi BJJ irá realizar, no dia 19 de março, um evento beneficente na Rua Coberta Suzana Couto da Silva. Durante a ação, que terá a presença do Professor Alexandre Cabeça, Faixa Preta 3º grau, será realizada a graduação dos alunos da equipe. O evento será aberta ao público, contudo, no local estarão sendo arrecadados materiais escolares, que serão distribuídos para alunos de baixa renda da rede pública de ensino.