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25/08/2009 16:56
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A hist?ria recuperada no Alto Passa Sete

Há 54 anos Nelson Schmachtenberg comprou sua propriedade na localidade de Alto Passa Sete, bem próximo a Ponte do Império. Mudou-se para lá com sua família e passou a tirar do suor do campo o sustento de todos. Além disso, também eram importantes ferramentas de subsistência o moinho de milho e engenho de serra movido à água, relíquias até hoje sem proveniência comprovada. Desde a compra das terras o maquinário sempre funcionou, tanto para a produção familiar como para a prestação de serviços para os vizinhos.
Há três anos Nelson Schmachtenberg faleceu, mas seu legado histórico continuou em pleno funcionamento, sendo administrado desde então por um dos filhos, Deivis Alencar Schmachtenberg. Antes mesmo da morte do patriarca, a família conseguiu, através do apoio da Emater/Ascar, registrar a marca “Moinho Colonial Ponte do Império”, farinha de milho dos tipos amarela e branca classe colonial.
No entanto, conforme explica o atual administrador da propriedade, toda esta produção e também a prestação de serviços precisaram ser paralisadas há cerca de quatro meses. O tempo deixou suas marcas nas construções e as estruturas ficaram comprometidas. “Um pedaço da serraria chegou a cair. Era um perigo de vida para quem se aproximasse”, explica Deivis Schmachtenberg. Sem dinheiro para recuperar o patrimônio, ele procurou o auxílio do Sindicato Rural de Candelária, que, através da Comissão de Turismo Rural e com o apoio do Museu Municipal Aristides Carlos Rodrigues, idealizou uma campanha beneficente para custear a mão-de-obra do empreendimento.
A RECUPERAÇÃO - Fechada a parceria, as obras de restauração iniciaram no início do mês de maio, sob a coordenação de Luis Paulo Alves (Malufi), que explica que a reconstrução primou pelo mesmo padrão original, uma restauração minuciosa nos detalhes. Segundo Schmachtenberg, esta é a realização de um sonho, alegria dividida pela sua mãe, Ilsa Isa Beise Schmachtenberg, e pela irmã, Ironi Cledi Schmachtenberg. “Meu pai me deixou isto e é um dever meu continuar com o trabalho dele para o bem da nossa família”, explica. Com as obras em fase de conclusão, a intenção agora é fazer com que o moinho de milho e o engenho de serra possam incrementar a renda familiar. Além disso, Schmachtenberg evidencia as intenções turísticas para o local, com a inclusão da propriedade na Rota Turística Caminho dos Tropeiros.

A força que vem da água - O moinho de milho e o engenho de serra da família Schmachtenberg são mais uma prova de que com criatividade é possível fazer muitas coisas sem agressões ao meio ambiente. O processo é antigo, mas funcional e gera energia limpa para os maquinários apenas com a força da água. Um canal construído a partir do arroio Passa Sete leva “o combustível” até uma turbina, que é responsável pelo funcionamento das duas estruturas. A água impulsiona a rotação do equipamento e retorna para o arroio. Um ciclo simples, eficaz e ecologicamente correto. A intenção agora é instalar um gerador junto à turbina, o que garantirá energia para abastecer toda a família.

Salvemos o moinho - Segundo o presidente da Comissão de Turismo Rural, José Daltro Emmel, o moinho de água e o engenho de serra do Alto Passa Sete já chamam a atenção pelo seu potencial histórico e turístico há bastante tempo. Com o pedido de auxílio da família Schmachtenberg, toda esta significância voltou a tona e o interesse em ajudar foi imediato. “Junto com o Museu Municipal, na pessoa do curador Carlos Rodrigues, levamos o pedido da família para uma reunião da comissão, que aceitou colaborar por unanimidade”, garante. Emmel ainda explica que o combinado foi custear a mão-de-obra, enquanto a família se responsabilizou pelos materiais utilizados.
Com as obras em fase conclusiva, a Comissão de Turismo Rural instituiu a campanha “Salvemos o Moinho de Água”, que visa arrecadar fundos para pagar a mão-de-obra utilizada. As pessoas interessadas em colaborar colaboram com R$ 10,00. “Quem contribuir tem direito a retirar na propriedade 1Kg de farinha ou um pãozinho de milho durante o mês de agosto”, explica Emmel. O Sindicato Rural e Museu Municipal estão fazendo a venda das cautelas de auxílio. Quem quiser colaborar pode ligar para os fones 3743 1099 ou 3743 1145.