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25/08/2009 16:56
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Elei??es 2004 no tapet

Foram ouvidas na tarde de quarta-feira, 11, as testemunhas de dois processos judiciais que buscam a impugnação do mandato eletivo do prefeito Lauro Mainardi. Ambos foram movidos ainda em 2004, logo após as eleições municipais. Porém, no entendimento do juiz eleitoral Gérson Martins da Silva teria ocorrido decurso de prazo na proposição, fato que motivou a coligação derrotada a interpor recurso ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), que entendeu que o prazo foi tempestivo. Desta forma, os processos voltaram à comarca de origem. Lauro esteve acompanhado do advogado Arno Eugênio Carrard, enquanto o candidato da coligação “Unidos Por Candelária”, Elcy Simões de Oliveira e o presidente do Partido Progressista, Mauro Flores, foram representados pelo advogado José Francisco de Oliveira Freitas. O promotor de justiça Elemar Gräbner acompanhou as oitivas como fiscal da lei, uma vez que a ação não é de autoria do Ministério Público. 

JANTAR – O primeiro dos processos diz respeito à realização de um comício realizado no dia 16 de setembro de 2004, na localidade de Linha Bernardino. Segundo alegado pela parte requerente, ao final do ato político teria havido o oferecimento de um jantar aos participantes do evento. Lauro negou que tenha sido oferecido jantar pelos partidos que integravam sua coligação, sustentando que naquela noite, por ocasião da ronda crioula, jantara no CTG Sentinela dos Pampas acompanhado da família e de funcionários de sua empresa, o Casarão Verde. Depois, foram ouvidos pelo menos 12 testemunhas arroladas pelas partes. Alguns apresentaram contradições em relação aos depoimentos prestados na delegacia de polícia por ocasião da abertura do inquérito. Os depoentes se dividiram na justificativa do jantar. Houve quem confirmou que se tratava de evento de cunho benemerente, em favor de Jordão Ellwanger, morador do local que havia recentemente se envolvido em acidente de moto. Por outro lado, teve quem alegou que jantou de graça após a realização do comício.

Testemunha diz que Lauro jantou no CTG
Segundo o registro do livro de atas da comunidade “Unidos em Cristo”, da Linha Bernardino, documento apensado aos autos do processo, o jantar beneficente teria sido programado para após o comício como forma de aproveitar a afluência de público. A Jordão teria sido oferecida a exploração da copa durante o evento e um recibo assinado pelo próprio beneficiário atesta que ele recebeu R$ 172,00 da comunidade proveniente da arrecadação do jantar. Ele confirmou que recebeu o dinheiro, mas não soube precisar a data em que assinou o recibo, e que este teria sido apresentado pelos irmãos Rodrigo e Roberto Kottwitz. Jordão alegou que os irmãos o haviam pressionado para assinar o recibo para abafar uma suposta ação judicial já em andamento na justiça.
Em seu depoimento, o empresário Rodrigo Kottwitz foi dispensado pelo juiz de prestar juramento por confirmar sua ligação com o PMDB, partido ao qual é filiado. Ele confirmou que foi procurado por membros da comunidade que solicitaram a doação de uma certa quantia de carne para a realização de um evento em benefício de um jovem que havia se acidentado de moto. Ele teria doado a carne porque o material para construção do pavilhão da comunidade fora adquirido em sua empresa. Ouvido ontem pela reportagem da Folha, ele contestou a versão de Jordão Ellwanger, dizendo que nem ele nem seu irmão o teriam coagido a assinar qualquer recibo e que nunca teve contato com esta pessoa. Já o torneiro-mecânico José Pedro da Silva Menezes confirmou o que Mainardi havia dito, que na data de 16 de setembro, ele participou da ronda crioula no CTG Sentinela dos Pampas, mas não soube precisar a hora em que o prefeito esteve no local.

Controvérsias e ameaças
De todos os depoimentos relacionados ao comício, somente Jordão disse que o carro de som convidava para um jantar após o ato político, fato que foi negado pelo restante dos depoentes. Depois, inquirido pelo juiz em relação ao depoimento na polícia, ele voltou atrás e disse não se lembrar bem se era ou não anunciado o churrasco. Em relação a um casal amigo de Jordão que também prestou depoimento, a mulher contou que auxiliou nos trabalhos da copa, mas a avó de seu marido confirmou que ela esteve na maior parte do tempo sentada ao seu lado, assistindo ao comício. Outro casal, hoje separado, relatou que a esposa de um vereador havia procurado a mulher nesta semana, oferecendo emprego em troca do não-comparecimento à audiência, ameaçando a ela e a seus filhos se fosse.