O telefone toca. Do outro lado da linha alguém, em poucas palavras, relata o que está acontecendo (na maioria das vezes em desespero). Em instantes, a sirene rompe o silêncio e o caminhão vermelho está nas ruas. Situações assim fazem parte da rotina dos Bombeiros Voluntários de Candelária e demostram a importância e confiança que a corporação adquiriu ao longo dos seus 22 anos de atuação, tornando-se uma das mais respeitadas no município. Neste período, foram 5.220 ocorrências atendidas, sendo 398 somente neste ano. Com sede na Rua Intendente Albino Lenz, 460, a corporação conta uma frota de cinco caminhões, quatro deles com auto bomba tanque, sendo um deles adquirido no ano passado com recursos próprios, além de duas viaturas de apoio, um reboque e um barco a motor para encarar os mais variados desafios. Atualmente, os Bombeiros Voluntários se mantém com um convênio com a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) no valor de 15 mil e com um termo de fomento da Prefeitura de R$ 8 mil, sendo ambos mensais. Em contrapartida, a entidade presta serviços no eixo da RSC-287 e em Candelária. 

Conforme o presidente-executivo da corporação, Arzélio Strassburger, os valores custeiam parte do salário de dois funcionários que lidam com a parte burocrática, combustível dos veículos e manutenções necessárias. “Também recebemos doações de empresas e pessoas físicas”, conta. No entanto, Arzélio explica que a entidade é bastante chamada para atendimentos em Cerro Branco e Cabrais, porém, eles só podem atuar nos municípios se forem acionados pelos Bombeiros Militares de Cachoeira do Sul. “Os municípios pertencem à jurisdição de Cachoeira. Temos uma ótima relação com todos os bombeiros militares da região, mas precisamos respeitar esta portaria que limita nossa atuação, apesar de não concordarmos”, ressalta. 

A opção por ajudar a salvar vidas 

Integrar o Corpo de Bombeiros Voluntários é mais do que um desafio. Quem escolhe seguir a carreira reúne características como dedicação, vocação, habilidades técnicas e comprometimento com o próximo. Arzélio se dedica à atividade há cerca de 12 anos e define o trabalho como “ chance para fazer a diferença”. “O que nos move é essa sensação de fazer a diferença podendo ajudar quem precisa em um momento difícil”, afirma. Ainda segundo ele, é sempre preciso atender da forma mais humanizada e técnica possível. “É desafiador. Na maioria das vezes nos deparamos com a gravidade do caso apenas quando chegamos ao local. Por isso, todos precisam estar aptos para realizar com eficiência o atendimento e até mesmo usar os equipamentos certos e de maneira correta. Por isso, ao menos cinco vezes por ano realizamos capacitações para atuações internas e externas”, acrescenta. Aos 27 anos, Natane Fernandes foi jovem bombeira durante cerca de três anos e, atualmente é auxiliar administrativa da entidade. A jovem é responsável por organizar as escalas de plantão e sobreaviso, bem como acionar os bombeiros que estão de plantão, quando ocorrem os chamados. “Cada situação que vivenciamos é singular. Quando toca o telefone já dá aquele frio na barriga, mas dá uma sensação de alívio ao ouvir o som da sirene do caminhão rapidamente se deslocando”, conta.  

Como se tornar um bombeiro voluntário?  

Atualmente, a corporação conta com cerca de 50 bombeiros voluntários, sendo que todos possuem o curso de atendimento pré-hospitalar. Para fazer parte dos Bombeiros Voluntários, os interessados devem ter 18 anos completos e dirigir-se até a sede da corporação com documentos pessoais, uma negativa da polícia comprovando não ter envolvimento em crimes. Os interessados preencherão uma ficha de inscrição e, se aprovados, irão passar por um estágio de três meses, prazo em que terão de participar de treinamentos internos e plantões. Para os menores de 18 anos interessados em se tornar um bombeiro voluntário, o grupo conta com os Jovens Bombeiros, que se reúnem semanalmente aos sábados para treinamentos de primeiros socorros, plantões, entregas de água e combate a incêndios. Contudo, os encontros com os jovens serão retomados somente após o período de pandemia.  

Fotos: Diego Foppa • Folha