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Geral 24/12/2020 10:10
Por: Redação

Comportamento: sou assim, e daí?

Estilo, opção ou romper um padrão convencional? o que leva algumas pessoas a fazer escolhas que não são comuns aos olhares dos outros

  • Luciele Fernanda Nunes Paranhos, 21 anos,
estudante
  • Dagliani Ribeiro da Rosa, 29
anos, vendedora
  • Aline Schultz, 30 anos,
comunicadora e fotógrafa
  •  Ana Maria Schmitt, 47 anos,
professora e musicista
  • Ricardo Alessandro dos Santos, 35 anos,
tatuador
  • Miriam Gewehr Bender, 61 anos,
nutricionista

A vida em uma sociedade ensina as pessoas a seguirem determinados padrões de comportamento. Mas há quem não aceite esse espírito de manada, que determina que todos pensem, ajam e reajam da mesma maneira. E soa estranho dizer que inúmeras pessoas não sabem conviver com os diferentes. Soa estranho pela natureza complexa do ser humano, capaz de produzir infinitas nuances e formas de pensamento. Não é errado dizer que somos todos diferentes, pois isso é algo ilustrado, inclusive, pela impressão digital única que cada pessoa carrega consigo nos dedos. A fim de retratar o aspecto de diversidade do ser humano, a reportagem da Folha ouviu algumas pessoas que incorporaram ao seu dia a dia uma característica um tanto diferente, seja por estilo, por opção pessoal ou simplesmente para romper com os padrões convencionais de comportamento.

CONFIRA ALGUNS DEPOIMENTOS

“Eu me sinto feliz por ter adotado esse estilo. Mais feliz ainda agora que vejo algumas pessoas em nossa cidade mostrando como é bom o lado colorido da vida. Tenho a dizer que as pessoas vão te olhar diferente por ter o cabelo colorido, mas o bom é ver as crianças apontando o dedo e dizendo o quanto é bonita aquela cor. Isso me faz acreditar que, se você tem vontade de mudar para ter o seu estilo, você precisa fazer e não deixar a opinião das pessoas atrapalhar” Luciele Fernanda Nunes Paranhos, 21 anos, Fernanda Nunes Paranhos, 21 anos, estudante

"Deixar os cabelos crespos naturais foi um ato político, proposital ou não. Nunca tive problemas de ser quem sou. Digo isso pois a forma como usamos os fios de cabelo revela a nossa personalidade. Na minha infância, minha mãe, Dona Elaine, fazia nos crespos o que hoje é chamado de ‘dedoliss’. Devo muito a ela e a meu pai Altair pelo forma como sempre me incentivaram a usar meu cabelo natural. Eles sempre falavam que meus cachinhos eram lindos. Nunca me vi usando meu cabelo de outra forma, mesmo sabendo da pressão estética dos cabelos lisos. Não digo que ‘assumi’ os cabelos cacheados, pois nunca alisei eles, apenas decidi vivê-los. Assim como o movimento Black Power, nos anos 70, hoje os fios de cabelo 3C ao 4C não estão na moda, mas sim é motivo de resistência e orgulho de uma etnia desvalorizada. Tornar-se protagonista da própria história é muito melhor do que ser figurante dela" Dagliani Ribeiro da Rosa, 29 anos, vendedora

“Durante muito tempo da minha vida eu ouvia a palavra ‘gorda’ e achava que era um insulto, uma ofensa. Hoje eu descobri que isso é simplesmente uma característica minha e que eu não sou melhor ou pior por ser assim. A Aline é muito mais do que quilos, medidas ou número de calça jeans. Aprendi a me aceitar como sou e amo cada particularidade do meu corpo e do meu estilo que constroem o meu ser” Aline Schultz, 30 anos, comunicadora e fotógrafa

“Sou professora e musicista. Amo a música, que exprime a mais alta filosofia numa linguagem que a razão não compreende. O motociclismo é uma paixão ou sonho de infância pulsando dentro de mim, uma válvula de escape libertadora. Ainda hoje ouço: andar de moto é perigoso. Perigoso é levantar do sofá num domingo e descobrir que você ficou ali sentado durante anos. Minhas tatuagens, mais de 20 obras de arte que vestem minha pele, são quadros que resolvi não pendurar na parede de minha casa. Opte por aquilo que faz seu coração vibrar! O estilo surge quando sabemos quem somos e quem queremos ser no mundo. Isso te faz verdadeiro” Ana Maria Schmitt, 47 anos, professora e musicista

“A cada ano as tatuagens tem cada vez mais entrado na vida e na casa de pessoas que, até pouco tempo atrás, tinham preconceito em relação a elas. Alguns usam por estilo e outros por uma paixão por esta arte dos desenhos. Eu me sinto bem e gosto muito em ter as minhas. Comecei a usá-las aos 21 anos e hoje as tatuagens são parte da história da minha vida. Porém, quando comecei, ainda havia muito preconceito e dificuldade para encontrar material para esta arte” Ricardo Alessandro dos Santos, 35 anos, tatuador

“Aos 23 anos já havia uns fios de cabelo branco em meio a uma vasta cabeleira, os quais eu arrancava com um puxar de dedos. Aos 30, comecei a colorir os cabelos porque os brancos já apareciam bem mais. Aos 60, senti a necessidade de dar um basta em pintar os cabelos. Em uma viagem de férias conheci várias mulheres que aderiram ao branco pela moda atual. Então pensei: por que não? A partir daí foi tranquilo: logo tudo estava branco. Para mim foi uma opção pela praticidade no meu dia a dia. Amo meu cabelo assim, acho ele muito charmoso”  Miriam Gewehr Bender, 61 anos, nutricionista