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Rural 12/12/2025 14:17
Por: Mariana Bataioli

Chuvas aliviam estiagem no município

AGRICULTURA | Volume variou entre 85 mm e 165 mm no município; soja se recupera e arroz segue estável, enquanto milho apresenta quebra de até 60%

Após mais de três semanas de estiagem, a chuva retornou a Candelária trazendo alívio às lavouras e modificando o cenário da safra de verão. Os volumes registrados ao longo da semana variaram de 85 a 165 milímetros, conforme balanço realizado pelo Escritório de Planejamento Agrícola e Consultoria de Candelária (Agrican). Segundo o engenheiro agrônomo, Adalton Siqueira, o comportamento foi diferente em cada região. “Quanto mais ao sul do município, maior o volume. No norte, choveu menos. Mas choveu muito bem em todo o município, e estávamos precisando muito dessa chuva”, destacou.

Ele explica que a chuva superou as previsões meteorológicas, que indicavam entre 50 mm e 100 mm, mas que o volume está dentro do comportamento esperado para o verão. “Às vezes, as frentes entram e acabam trazendo um acumulado acima do previsto. Ficamos 21 a 23 dias sem uma gota e, de repente, cai 150 mm em 48 horas, o equivalente a três chuvas de um mês inteiro. Mas ainda é melhor isso do que continuar na seca”, afirmou.

Impactos nas culturas

A análise dos efeitos por cultura mostra diferenças significativas. No arroz, não houve danos. “O arroz é irrigado, então essa chuva não afetou em nada. Segue tudo normal”, disse. A soja, por sua vez, foi beneficiada, especialmente porque cerca de 25% da área ainda precisava ser plantada. Com o solo úmido, os produtores poderão concluir a semeadura. “Algumas áreas podem ter alguma dificuldade de emergência, mas o índice de replantio será muito baixo. Não falamos em perda para a soja”, ressaltou. Segundo ele, se o padrão climático se mantiver, a produtividade pode alcançar a média histórica de 55 a 60 sacas por hectare. “Temos boas condições de alcançar essa média, se as chuvas continuarem regulares”, projetou.

No tabaco, os efeitos foram limitados. “Pode ocorrer uma queima de folha ou atraso na coleta, mas são perdas pequenas. Nada muito significativo”, explicou. O milho do cedo, porém, é a cultura mais afetada pela estiagem. Plantado entre o final de julho e meados de agosto, o cereal sofreu com a falta de chuva em um estágio crucial de desenvolvimento. “Temos lavouras com perdas de 25%, outras de 30% e algumas chegando a 60%. O que iria colher 160 ou 180 sacas pode cair para 100 ou 120”, afirmou. Ele calcula uma quebra média de 35% a 40%, considerando todas as áreas. “Mesmo com essa chuva agora, o que já se perdeu, perdeu. Ela ajuda, mas não recupera o dano anterior”, reforçou.

Desafios financeiros agravam cenário no campo

Além dos efeitos climáticos, o engenheiro agrônomo alerta para um agravante financeiro que tem preocupado o setor. “Hoje muitos produtores têm dívidas antigas, das secas anteriores e de enchentes. Isso reduz o investimento nas lavouras, porque o produtor já não consegue aplicar o mesmo nível de insumos”, explicou.

Ele afirma que essa redução pode impactar diretamente na produtividade, mesmo com condições climáticas favoráveis. Também preocupa o preço atual da soja. “Hoje a saca está em torno de R$ 125,00. Há dois anos era R$ 180,00. Para ser mais remunerador, deveria estar acima de R$ 150,00”, destacou.

Quanto às próximas semanas, Adalton afirma que o município ainda pode enfrentar períodos curtos sem chuva por causa da influência do La Niña, especialmente até o fim de dezembro. No entanto, ele acredita que a regularização deve ocorrer a partir de janeiro. “A expectativa é de uma produção normal de soja, desde que as previsões se confirmem. Nada indica grandes problemas”, disse.