Por: Odete Jochims
Neste ano letivo lei passará a restringir uso de celulares em escolas
Na última segunda-feira, 13, o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva sancionou o Projeto de Lei 104/2015, de autoria do deputado federal
Alceu Moreira (MDB), que restringe o uso de aparelhos eletrônicos portáteis,
especialmente telefones celulares, nas salas de aula das escolas públicas e
privadas do ensino básico em todo o país. A medida será regulamentada por
decreto dentro de 30 dias e entrará em vigor no início do próximo ano letivo,
em fevereiro.
A nova legislação alcançou apoio entre governistas e
oposicionistas, refletindo um consenso também observado em outros países, como
França, Espanha, Grécia, Dinamarca, Itália e Holanda, que já adotam restrições
semelhantes ao uso de celulares nas escolas. Nesse sentido, a reportagem buscou
ouvir profissionais que deram sua perspectiva sobre o assunto.
Para Natália Diehl, supervisora escolar da Escola Estadual
de Ensino Fundamental Professor Penedo, a proposta é necessária para garantir o
foco e a atenção dos estudantes durante as aulas. “O smartphone, com redes
sociais e jogos, é um grande distrator. Além disso, o acesso irrestrito torna
difícil controlar e identificar situações de cyberbullying, que a escola busca
prevenir”.
Natália reconhece o potencial pedagógico dos smartphones,
mas ressalta a desigualdade de acesso. “Nem todos os estudantes possuem
aparelhos que suportem aplicativos educacionais, comprometendo a equidade na
educação pública”. A educadora também destaca a importância da capacitação
contínua dos professores para integrar novas tecnologias ao processo de
ensino-aprendizagem.
No Colégio Medianeira, a psicóloga Tânia Steil relata que os
celulares já eram depositados em caixas durante as aulas, sendo liberados
apenas nos intervalos. Para ela, a regulamentação legal é importante, mas deve
ser acompanhada de uma reflexão mais ampla. “A questão começa muitas vezes na família.
Alguns pais transformam o celular em uma espécie de babá, o que prejudica o
neurodesenvolvimento infantil”.
Tânia ressalta os perigos do uso excessivo de telas antes
dos três anos de idade, conforme apontado por estudos em neurociência. “O
prazer imediato dos smartphones limita a criatividade e as habilidades motoras
das crianças. Para adolescentes, o uso moderado é essencial, pois a escola
forma, mas quem educa é a família”.
O que diz a nova lei
A legislação veda o uso de aparelhos eletrônicos portáteis
pessoais durante aulas, recreios e intervalos em todas as etapas da educação
básica (que compreende educação infantil, ensino fundamental e ensino médio).
Mas a norma vai além, e determina que as escolas precisam também criar
estratégias para tratar o sofrimento psíquico e a saúde mental dos
alunos.