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Opinião 20/08/2021 15:39
Por: Redação

Por Erni Bender: Um dia seremos um retrato na parede

Você já parou pra pensar que somos “esquecíveis”? Acha que não? Como é o nome do teu tataravô? Difícil não é? Vou facilitar: trisavô...ainda não? Ta bem, uma mais fácil, bisavô? Lembra?

Você já parou pra pensar que somos “esquecíveis”? Acha que não? Como é o nome do teu tataravô? Difícil não é? Vou facilitar: trisavô...ainda não? Ta bem, uma mais fácil, bisavô? Lembra? Alguns vão lembrar, mas a maioria vai lembrar do avô, e olhe lá, e esse é um processo natural, especialmente nos dias de hoje onde tudo é descartável, nós inclusive muitas vezes somos lembrados quando uteis, mas é pra já que ficamos invisíveis, e depois esquecidos, quando muito, viramos um retrato na parede ou num porta retratos.

Volta a meia vou ao cemitério e encontro centenas de túmulos abandonados, nota-se que este tumulo não vê flores há muito tempo, especialmente aqueles que partiram há muito tempo, que acabaram por ser totalmente esquecidos. Eu já escrevi aqui que quero ser cremado, um dos motivos é esse: passadas duas ou três gerações, ninguém mais visita e sequer sabe quem é, triste realidade, mas comum, afinal, nesse mundo corrido, quem tem tempo para saber de antepassados? Não é uma critica, mas uma constatação de que o mundo não tem mais tempo pra isso. Quando eu era criança (só uns 50 anos atrás), quando havia uma morte, nem precisava ser na família, morte de amigos, era um acontecimento! Não se podia falar alto, de preferência roupas escuras, nada de sorrisos, porém, a vida moderna e a correria que ela se transformou, nos fez frios, morre hoje, um dia ou dois de lembranças e “toca o barco” porque a vida continua.

Claro que não é regra geral, mas é maioria, eu já perdi entes queridos, caso pai, mãe, sogro e sogra, que me renderam muitas lágrimas, e rendem até hoje, tamanho era o carinho e o amor que eu nutria por estes entes queridos, e sei é claro, que tem muitas pessoas que lembra e tem esta saudade. Vi muita coisa já, e hei de ver mais, mas vi filhos dando altas gargalhadas no enterro da própria mãe, uma falta de respeito total, amor então nem se fala, e era uma moça que vi gargalhando no enterro da própria mãe...me marcou, ainda guardo na minha lembrança as gargalhadas dessa moça, que lamentável.

Também existem casos de gente que “morreram” em vida...normalmente idosos que são abandonados pelos filhos, e em alguns casos, ainda usam a aposentadoria do idoso para fazer empréstimo, pegar o dinheiro e deixar o idoso pagar a conta, quase inacreditável, mas muito comum. Outros casos, idosos que moram com os filhos, ajudam na manutenção da casa financeiramente, porém, foram esquecidos e ficaram invisíveis...ninguém dá atenção, sequer um bom dia, nada...restando somente esperar a morte, que triste né?

E você? Já ficou invisível? Ou tem alguém que você faz de conta que é?