Por: Odete Jochims
Rediske: renovação política e luta por justiça territorial
Na terceira e última entrevista entre os prefeituráveis de Candelária, Wilmar Rediske (PDT) fala sobre o que o levou à política e as principais bandeiras da sua candidatura
Sobre a sua vida pessoal, o candidato conta que ajudava
desde cedo sua família trabalhando como entregador de leite e com o seu pai na
lavoura. Na juventude, Rediske passou a atuar no comércio, onde vendia
bicicletas e motos. “Em 1983, com 22 anos, abri uma revenda de motocicletas
como um dos empresários mais jovens do município”, enfatiza. Ele conta que o
seu sócio à época adquiriu a sua parte do negócio. Após ter concluído o curso
técnico em Contabilidade no Concórdia, ele abriu uma outra revenda no município
de Agudo. Lá, atuou por cerca de 5 anos até os “anos difíceis” do governo Sarney.
“Faltava tudo na época”, relembra.
Nesse momento, Rediske voltou suas energias para o estudo do
Direito na Unicruz, em Cruz Alta. “Inclusive deixei uma marca na Unicruz: eu
criei a logomarca da universidade”, pontua. No curso, testemunhou de perto a
força de Brizola, que esteve lá durante uma campanha. Depois, ele conta que
participou de debates entre os estudantes no qual cada um deveria representar
um candidato. Coube a Rediske personificar o Brizola. “Sempre gostei da
ideologia brizolista, de educação e agricultura, mas a partir daí meu interesse
cresceu de vez”, afirma.
Ao retornar ao município, Rediske abriu uma revenda da
Chevrolet, na qual foi o empresário responsável de 1994 a 2012. O negócio foi
encerrado, segundo ele, pois não havia interesse por parte dos seus filhos em
continuá-lo. Foi também durante esse período que filiou-se ao PDT. “Cheguei a concorrer
a vereador para fortalecer o partido, mas o cargo nunca despertou meu
interesse”, pontua.
Contudo, Rediske explica que a principal motivação para se
candidatar a prefeito teve início no caso de confusão de limites territoriais
entre Candelária e Cachoeira do Sul. Segundo o arquivo da Folha, em 2018, uma empresa da área de noz pecã, estabelecida na
área da Várzea do Botucaraí, no sul do município, baseou-se em mapas do IBGE
para alterar seu registro de Candelária para Cachoeira do Sul. A partir daí,
houve uma pressão para que todo o local passasse a ser oficialmente de
Cachoeira – o que não era a vontade de 22 famílias afetadas, que possuíam
blocos de produtores vinculados a Candelária.
Interessado, Rediske passou a
estudar o assunto. A partir de então, foi montada uma associação de moradores,
a Herdeiros da Várzea do Botucaraí, e em 2023 ele entrou com uma ação na
Justiça Federal solicitando informações e documentos sobre os limites
territoriais entre os municípios de Candelária, Cachoeira do Sul e Rio Pardo,
na região de Capão do Valo. Segundo ele, o total da área em litígio pode chegar
a 20 mil hectares. “A partir do nosso embasamento, a Justiça deu procedência ao
nosso pedido”, explica. Agora, é necessário aguardar os próximos passos da ação.
“Eu sendo prefeito, nós vamos
fazer um plebiscito já no ano que vem. Podemos pensar grande, com uma linha de
trem, um porto junto ao Jacuí e um centro de exportação a partir das três
cooperativas que atuam no local. Esse é o presente que embrulhamos para dar a
Candelária em seu centenário”, conclui.
“Vamos cuidar da
futura geração”, afirma
Rediske propõe romper com a velha política a partir de uma
nova forma de governar. Para ele, é essencial acabar com as coligações
políticas tradicionais, que, conforme o candidato a prefeito, baseiam-se no
velho “toma lá dá cá”. Em sua administração, ele enfatiza que seu único
compromisso será com a população, especialmente com os moradores do interior,
que terão uma participação ativa nas decisões do governo.
Uma das mudanças estruturais se daria nas secretarias
municipais. Rediske pretende extinguir o cargo de Secretário de Obras, substituindo-o
por primeiro e segundo capatazes. De acordo com o candidato, eles teriam mais
conhecimento prático das necessidades da região e abriria a possibilidade de
pulverizar o salário do secretário entre os funcionários da área. Rediske
também sugere que o Secretário de Agricultura seja um engenheiro agrônomo,
reforçando a ideia de uma gestão técnica e qualificada, livre de influências políticas,
e a centralidade da agricultura em seu governo. Na área de segurança pública,
defende a implementação de um verdadeiro cercamento eletrônico no município,
além de pleitear junto ao comando da Brigada Militar a colocação de um posto
avançado no Rincão Comprido.
Por fim, Rediske destaca a importância do apoio às mães,
que, em sua visão, desempenham um papel crucial na criação de uma nova geração
de cidadãos. “O amor de mãe é o mais puro que existe na Terra. Quero ter um
pacto com as mães: elas terão privilégio no nosso governo, para que possam
cuidar muito bem das nossas crianças”, afirma.
Por esse motivo, outro pilar de sua campanha é a educação. Rediske defende a implementação de creches em turno integral, garantindo às mães o apoio necessário para que possam trabalhar enquanto seus filhos recebem educação, alimentação e cuidados. “O que o Brizola defendia há 40 anos atrás, os governos estão fazendo hoje. Nós vamos cuidar melhor dessa futura geração que vem vindo aí”, conclui.
Por que quero ser prefeito?
“Quero ser prefeito
para acabar com a essa política velha. E, no centenário de Candelária, quero
dar ao município seu maior presente: através de um plebiscito, resgatar as
terras que nos foram subtraídas”
Propostas
SAÚDE
Viabilizar
a criação de uma lancheria 24h junto ao Hospital Candelária, para dar mais
conforto aos pacientes e, principalmente, seus acompanhantes; criar um sistema municipal
de ambulâncias paralelo ao SAMU, de modo a agilizar o atendimento em áreas mais
afastadas do interior.
EDUCAÇÃO
Criar creches e escolas em turno integral, reduzindo desigualdades e permitindo que as famílias conciliem trabalho e educação infantil; lutar pela criação de um Instituto Federal no município, tal qual o de São Vicente do Sul, voltado para o agronegócio.
INFRAESTRUTURA
Aumentar significativamente a frota de caçambas e patrolas para atender o
interior; a partir uma secretaria de Agricultura técnica e qualificada,
garantir apoio técnico incondicional ao pequeno agricultor e ao agronegócio;
fazer uma estrada nova que ligue Candelária a Cerro Branco (Linha Brasil);
iniciar a tarefa de despoluição dos arroios que cortam a cidade, começando
debaixo para cima; construir um depósito hídrico junto à área de captação de
água da Corsan para ser utilizada em períodos de estiagem; discutir a
possibilidade de construir uma barragem no Rio Pardo, que seja benéfica tanto
ao rio quanto aos produtores rurais.
O vice
Rudimar Teixeira de
Moraes (PDT), 61 anos, foi agricultor na localidade de Capão do Valo ao
longo de toda a sua vida. Por esse motivo, segundo ele, passa mais tempo em
estradas de chão do que em asfalto. Com grande conhecimento do setor rural,
Rudimar também é afeito ao tradicionalismo gaúcho, onde participa de rodeios e
cultiva amizades.