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Política 20/09/2024 10:18
Por: Odete Jochims

Rediske: renovação política e luta por justiça territorial

Na terceira e última entrevista entre os prefeituráveis de Candelária, Wilmar Rediske (PDT) fala sobre o que o levou à política e as principais bandeiras da sua candidatura

  • Rediske: “o território de Candelária vai até o Rio Jacuí”
  • O vice : Rudimar Teixeira de Moraes
“Hoje, dia 20 de setembro, se comemora a Revolução Farroupilha de 1835. E dia 6 de outubro vamos comemorar a revolução contra a velha política de Candelária”. Assim, o advogado e candidato a prefeito pelo PDT Wilmar Rediske demonstra o espírito de sua campanha pela Prefeitura. Nascido e criado no Rincão Comprido, Rediske tem sua inspiração política na força da tradição de seu partido e no legado do líder trabalhista Leonel Brizola.

Sobre a sua vida pessoal, o candidato conta que ajudava desde cedo sua família trabalhando como entregador de leite e com o seu pai na lavoura. Na juventude, Rediske passou a atuar no comércio, onde vendia bicicletas e motos. “Em 1983, com 22 anos, abri uma revenda de motocicletas como um dos empresários mais jovens do município”, enfatiza. Ele conta que o seu sócio à época adquiriu a sua parte do negócio. Após ter concluído o curso técnico em Contabilidade no Concórdia, ele abriu uma outra revenda no município de Agudo. Lá, atuou por cerca de 5 anos até os “anos difíceis” do governo Sarney. “Faltava tudo na época”, relembra.

Nesse momento, Rediske voltou suas energias para o estudo do Direito na Unicruz, em Cruz Alta. “Inclusive deixei uma marca na Unicruz: eu criei a logomarca da universidade”, pontua. No curso, testemunhou de perto a força de Brizola, que esteve lá durante uma campanha. Depois, ele conta que participou de debates entre os estudantes no qual cada um deveria representar um candidato. Coube a Rediske personificar o Brizola. “Sempre gostei da ideologia brizolista, de educação e agricultura, mas a partir daí meu interesse cresceu de vez”, afirma.

Ao retornar ao município, Rediske abriu uma revenda da Chevrolet, na qual foi o empresário responsável de 1994 a 2012. O negócio foi encerrado, segundo ele, pois não havia interesse por parte dos seus filhos em continuá-lo. Foi também durante esse período que filiou-se ao PDT. “Cheguei a concorrer a vereador para fortalecer o partido, mas o cargo nunca despertou meu interesse”, pontua.

Contudo, Rediske explica que a principal motivação para se candidatar a prefeito teve início no caso de confusão de limites territoriais entre Candelária e Cachoeira do Sul. Segundo o arquivo da Folha, em 2018, uma empresa da área de noz pecã, estabelecida na área da Várzea do Botucaraí, no sul do município, baseou-se em mapas do IBGE para alterar seu registro de Candelária para Cachoeira do Sul. A partir daí, houve uma pressão para que todo o local passasse a ser oficialmente de Cachoeira – o que não era a vontade de 22 famílias afetadas, que possuíam blocos de produtores vinculados a Candelária.

Interessado, Rediske passou a estudar o assunto. A partir de então, foi montada uma associação de moradores, a Herdeiros da Várzea do Botucaraí, e em 2023 ele entrou com uma ação na Justiça Federal solicitando informações e documentos sobre os limites territoriais entre os municípios de Candelária, Cachoeira do Sul e Rio Pardo, na região de Capão do Valo. Segundo ele, o total da área em litígio pode chegar a 20 mil hectares. “A partir do nosso embasamento, a Justiça deu procedência ao nosso pedido”, explica. Agora, é necessário aguardar os próximos passos da ação.

“Eu sendo prefeito, nós vamos fazer um plebiscito já no ano que vem. Podemos pensar grande, com uma linha de trem, um porto junto ao Jacuí e um centro de exportação a partir das três cooperativas que atuam no local. Esse é o presente que embrulhamos para dar a Candelária em seu centenário”, conclui.

 

“Vamos cuidar da futura geração”, afirma

Rediske propõe romper com a velha política a partir de uma nova forma de governar. Para ele, é essencial acabar com as coligações políticas tradicionais, que, conforme o candidato a prefeito, baseiam-se no velho “toma lá dá cá”. Em sua administração, ele enfatiza que seu único compromisso será com a população, especialmente com os moradores do interior, que terão uma participação ativa nas decisões do governo.

Uma das mudanças estruturais se daria nas secretarias municipais. Rediske pretende extinguir o cargo de Secretário de Obras, substituindo-o por primeiro e segundo capatazes. De acordo com o candidato, eles teriam mais conhecimento prático das necessidades da região e abriria a possibilidade de pulverizar o salário do secretário entre os funcionários da área. Rediske também sugere que o Secretário de Agricultura seja um engenheiro agrônomo, reforçando a ideia de uma gestão técnica e qualificada, livre de influências políticas, e a centralidade da agricultura em seu governo. Na área de segurança pública, defende a implementação de um verdadeiro cercamento eletrônico no município, além de pleitear junto ao comando da Brigada Militar a colocação de um posto avançado no Rincão Comprido.

Por fim, Rediske destaca a importância do apoio às mães, que, em sua visão, desempenham um papel crucial na criação de uma nova geração de cidadãos. “O amor de mãe é o mais puro que existe na Terra. Quero ter um pacto com as mães: elas terão privilégio no nosso governo, para que possam cuidar muito bem das nossas crianças”, afirma.

Por esse motivo, outro pilar de sua campanha é a educação. Rediske defende a implementação de creches em turno integral, garantindo às mães o apoio necessário para que possam trabalhar enquanto seus filhos recebem educação, alimentação e cuidados. “O que o Brizola defendia há 40 anos atrás, os governos estão fazendo hoje. Nós vamos cuidar melhor dessa futura geração que vem vindo aí”, conclui.


Por que quero ser prefeito?

“Quero ser prefeito para acabar com a essa política velha. E, no centenário de Candelária, quero dar ao município seu maior presente: através de um plebiscito, resgatar as terras que nos foram subtraídas”

 

Propostas

SAÚDE 

Viabilizar a criação de uma lancheria 24h junto ao Hospital Candelária, para dar mais conforto aos pacientes e, principalmente, seus acompanhantes; criar um sistema municipal de ambulâncias paralelo ao SAMU, de modo a agilizar o atendimento em áreas mais afastadas do interior.

EDUCAÇÃO 

Criar creches e escolas em turno integral, reduzindo desigualdades e permitindo que as famílias conciliem trabalho e educação infantil; lutar pela criação de um Instituto Federal no município, tal qual o de São Vicente do Sul, voltado para o agronegócio.

INFRAESTRUTURA 

Aumentar significativamente a frota de caçambas e patrolas para atender o interior; a partir uma secretaria de Agricultura técnica e qualificada, garantir apoio técnico incondicional ao pequeno agricultor e ao agronegócio; fazer uma estrada nova que ligue Candelária a Cerro Branco (Linha Brasil); iniciar a tarefa de despoluição dos arroios que cortam a cidade, começando debaixo para cima; construir um depósito hídrico junto à área de captação de água da Corsan para ser utilizada em períodos de estiagem; discutir a possibilidade de construir uma barragem no Rio Pardo, que seja benéfica tanto ao rio quanto aos produtores rurais.

 

O vice

Rudimar Teixeira de Moraes (PDT), 61 anos, foi agricultor na localidade de Capão do Valo ao longo de toda a sua vida. Por esse motivo, segundo ele, passa mais tempo em estradas de chão do que em asfalto. Com grande conhecimento do setor rural, Rudimar também é afeito ao tradicionalismo gaúcho, onde participa de rodeios e cultiva amizades.