Por: Arthur Mallmann
Câmara irá investigar possíveis irregularidades na Casa
Supostas inconsistências financeiras somariam mais de R$ 80 mil. Caso será investigado também pelo MP
O ano de 2025 mal começou e já ensaia uma polêmica no âmbito político de Candelária. Possíveis irregularidades na Câmara Municipal serão objeto de uma auditoria a ser contratada pela Casa. O assunto, ainda tratado de forma sigilosa, foi abordado em entrevista concedida na manhã de quinta, 23, aos jornais da cidade pela presidente Jaira Diehl, ao lado do assessor jurídico Delmar Faber Júnior e pela contadora Alice da Silva.
Conforme relataram, em meados deste mês de janeiro, a servidora Alice - que atua na Casa como contadora concursada - percebeu inconsistências contábeis durante os trâmites do encerramento do exercício de 2024. No dia seguinte, segundo as informações repassadas, teria sido constatado que as divergências também seriam de ordem financeira. Num primeiro momento, o valor da diferença financeira somaria mais de R$ 80 mil, segundo apurou a reportagem.
Diante da constatação das irregularidades, a Câmara levou o assunto ao conhecimento do Ministério Público, que deverá abrir um inquérito criminal sobre os fatos. Da mesma forma, foi protocolado já na quarta, 22, um pedido para que a Comissão Permanente de Sindicância Administrativa, Processo Disciplinar e Especial do município realize um processo administrativo para apurar as supostas irregularidades.
A presidente Jaira não citou nomes de pessoas que estariam envolvidas nas alegadas irregularidades. Ela informou que o assunto foi levado ao conhecimento também dos vereadores e que, possivelmente, a auditoria a ser aberta irá investigar as contas da Câmara dos últimos quatro anos. As apurações no âmbito da comissão de sindicância irão também apurar eventuais responsabilidades e, se constatados prejuízos, buscar o ressarcimento do dinheiro público. Já o MP deverá investigar eventuais ilícitos penais, a partir de inquérito que será conduzido pela Delegacia de Polícia. O pedido para que o processo administrativo seja conduzido pelo município foi justificado pelo fato da Câmara não possuir uma comissão apta para esse fim.
Durante a entrevista, os representantes da Câmara mencionaram que neste momento não é possível fornecer muitos detalhes, por recomendação do próprio MP. No entanto, segundo revelaram, os indícios são de irregularidades graves e que não podem ser ignorados. Extraoficialmente, a Folha recebeu informações que as irregularidades envolvem a emissão de cheques que teriam sido usados para pagamento de notas expedidas em duplicidade. Essas notas tinham como objeto a retenção de tributos para repasse ao Executivo.
Segundo consta, a Câmara já teria recebido da instituição financeira cópias dos cheques que teriam sido emitidos para pagamento de notas alegadamente já pagas e que foram expedidas em duplicidade. A Câmara ainda teria solicitado ao banco as cópias de todos os cheques de 2024, considerando que a instituição conseguiu antecipar apenas as do mês de dezembro de 2024. O banco pediu duas semanas para enviar as demais cópias. Se não foram citados nomes de uma ou mais pessoa suspeita da prática das irregularidades, sabe-se que a investigação irá se direcionar a pessoa ou pessoas já desligadas da Casa.