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Geral 21/09/2018 15:35
Por: Luciano Mallmann

ACCEV comemora seus 13 anos de atuação com boas notícias

Em meio à crise, solução tem sido buscar recursos através das leis de incentivo à cultura. E têm havido boas respostas

Em um determinado trecho da obra A hora da estrela, de Clarice Lispector, a personagem Macabéa, uma retirante, tem contato, na rádio que tem por hábito ouvir, com uma melodia que, por momentos, a encanta e que a leva a pensar que, em algum lugar, deve haver uma forma de vida superior, “mais elevada”, segundo considera. Porém, de certo modo, sente-se excluída desse tipo de existência. Se simplesmente se apropriasse da música e, através dela, desenvolvesse uma vida interior mais rica, certamente não precisaria tomar aspirinas para sanar seu sofrimento existencial, que descreve simplesmente através da palavra “dor”, ou seja, dor da alma. Pois, tal como a liberdade, cultura é um direito, e cabe ao indivíduo escolher entre fazer uso dessa riqueza ou não. Foi certamente por saber desses modos mais elevados de vida que, em 2006, o então secretário de Cultura Jorge Mallmann e o empresário Roque Rathke, hoje diretor de Cultura, se dirigiram ao Gabinete do prefeito Lauro Mainardi com o objetivo de criar uma associação cultural. Seguiu-se uma série de reuniões que culminaram na fundação, em 5 de setembro daquele ano, da Associação Cultural de Candelária Erico Veríssimo (ACCEV), que completou, na quarta-feira, seus 13 anos de existência.

Passados esses anos, o primeiro presidente da entidade, Roque Rathke, comemora o fato de a associação estar acompanhando de perto a evolução cultural da cidade, funcionando como uma espécie de âncora para o que acontece em termos culturais em Candelária. Recorda que, em um primeiro momento, a intenção era criar um coral. A ideia de associação, com diversos núcleos, foi amadurecida no transcorrer de diversas reuniões em 2006. E o primeiro evento organizado pela entidade foi a encenação do presépio vivo, marcando de maneira especial o Natal de 2006. Rathke ressalta o bom funcionamento entre ACCEV e a administração municipal, que valoriza os projetos da entidade. “Alguns projetos se tornam possíveis apenas através da existência da associação”, afirma. E ressalta que a ACCEV hoje contribui em quase tudo que acontece na cidade. “Através da associação, a própria Expocande é de fundamental auxílio. E pensar na cidade hoje sem a associação seria um retrocesso imenso”, opina. Para o futuro, o sonho de Rathke é a formação de uma orquestra de cordas, com violinos e violoncelos.

O secretário municipal de Turismo, Cultura e Esporte, Jorge Mallmann, destaca que a capacidade que a cultura possui de se multiplicar, com os núcleos se reforçando entre si. “O município cresceu muito, em diversos aspectos. Um exemplo concreto é a criação da rua coberta, que, idealizada para a realização dos eventos da associação, se tornou um símbolo dessa vida cultural”, salienta.

No aniversário de 13 anos, uma acontecimento inédito

A atual presidente da ACCEV, Patrícia Loureiro Steffanello, atualmente em seu segundo mandato, tem uma excelente notícia para o município no que se refere à cultura. Trata-se da aprovação de um projeto elaborado enquanto a presidente ainda se recuperava de um delicado tratamento de saúde a que se submeteu recentemente, e que trará para o núcleo de teatro da associação um aporte no valor de R$ 60 mil. Oriundo da Secretaria de Desenvolvimento Social, Trabalho, Justiça e Direitos Humanos, através do CEDICA – Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente -, esse recurso possibilitará a realização de um sonho: a aquisição de uma Kombi, figurinos e cenários, que permitirão ao núcleo Cara & Cor’agem realizar apresentações pelo interior do município, possibilitando que os espetáculos sejam assistidos por um público muito maior. Esse projeto possibilitou a Candelária ser o único município gaúcho contemplado com esse recurso no Estado. Em tempos de crise, uma notícia desse porte possui um valor inestimável, trazendo um novo alento para seguir sempre em frente. Conforme Patrícia, “É preciso apresentar algo novo, porque a arte sempre se reinventa”, destaca. Ao falar dos 13 anos da Associação, a atual presidente se emociona: “Eu sinto um amor tão grande por tudo que a associação significa. Quando se faz algo voluntário, existe esse apego”.

A respeito de trabalhar com a cultura em tempos de crise, Patrícia afirma que existe, sim, essa influência. “Porém, a crise é muito mais política que financeira”, comenta. “Mas acredito que o pior já passou”, arrisca. Diante dessa situação, fala da necessidade de obter apoio através da Lei de Incentivo à Cultura para os projetos. “Os meios existem. E, por ser uma causa em função da comunidade, é preciso se superar a cada dia”, finaliza.

A atual diretoria da ACCEV está composta da seguinte maneira: Presidente: Patrícia L. Steffanello; Vice: Dalton Lucas da Rosa; Secreatária: Jocasta Janine Priebe; Vice-secretário: Luiz Antônio Cândido; Tesoureira: Lorena Butzke dos Santos; Vice-tesoureiro: Diego Rodrigues Trindade; Conselheiro fiscal: Marcos Vinícius Steffanello; Conselho fiscal: Aline Schultz; Conselheiro fiscal: André Jensen; Diretor de divulgação: Elias Gonçalves.