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Polícia 08/03/2024 12:00
Por: Diego Foppa

“Sem adjetivos para qualificar esse ato”, afirma árbitro agredido

Candelarienses Cristiano Ferreira e Lucas Barcelar foram agredidos em partida de futebol disputada em Paraíso do Sul na noite da última sexta, dia 1º

Dois árbitros candelarienes vivenciaram uma situação dentro que campo que muitos experientes do apito jamais passaram de perto lidar. Na noite da última sexta, dia 1º, em jogo válido pela semifinal de um campeonato realizado pela Sociedade Canarinhos do Ipê (Socipê), em Paraíso do Sul, Cristiano Ferreira e Lucas Barcelar foram agredidos por atletas e torcedores. O ato de violência ocorreu no final da partida. Torcedores que acompanhavam a partida filmaram a agressão, que repercutiu a imprensa, em todo o Estado. Ferreira foi o mais atingido. Nas imagens que circulam pelas redes sociais é  possível perceber o árbitro sendo agredido com socos e um chute no rosto. Devido à gravidade dos ferimentos, ele precisou ser socorrido por ambulância. Ele foi liberado após passar por exames que atestaram não ter ocorrido lesão cerebral. 

Na segunda, 4, Ferreira registrou um boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia Civil de Candelária. No entanto, o caso será investigado pela Delegacia de Paraíso do Sul, pois o fato ocorreu no município. De acordo com o delegado responsável pelo inquérito, João Gabriel Parmegianni Pes, o caso está sendo como lesão corporal grave. Ainda segundo a autoridade policial, algumas pessoas serão ouvidas na próxima segunda, 11. O inquérito deverá ser concluído em até 30 dias. 

Em nota, a Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer de Paraíso do Sul lamentou o ocorrido, esclarecendo que o campeonato é organizado por uma entidade privada não vinculada aos eventos esportivos da prefeitura. A Sociedade Canarinhos do Ipê (Soicipê), responsável pelo campeonato, repudiou a situação e se colocou à disposição para auxiliar na identificação dos agressores. Além disso, suspendeu temporariamente a final da competição. 

 

“Sem adjetivos para qualificar esse ato”, afirma árbitro agredido

Em entrevista exclusiva para a reportagem da Folha, nesta semana, Cristiano Ferreira, de 48 anos, morador do bairro Princesa afirmou jamais ter passado por algo parecido nos 17 anos em que atua como árbitro de futebol. “A gente passa por algumas situações no decorrer da carreira, mas nunca havia chegado nesse nível”, comenta. Com relação ao ocorrido, Ferreira lembra que a disputa da semifinal havia ido para as penalidades. “Só lembro que um jogador bate o pênalti e o colega dá o gol. Depois disso, só tenho a lembrança de outro jogador vindo para cima de mim. Após isso, só me recordo de luzes da ambulância e do corredor do hospital”, relembra. Um dos agressores teria sido expulso pelo árbitro durante a partida. Na casa de saúde, o candelariense chegou a ficar desacordado por 1h30. “Quando acordei não sabia nem onde estava”, conta. 
Ferreira também relatou que precisará realizar uma tomografia no crânio para apurar se houve alguma lesão na região da cabeça. “Sem adjetivos para qualificar esse ato. Esporte é inclusivo, educativo e saudável. Isso não faz parte do futebol”, afirma o árbitro, que não pretende mais atuar como juiz. “Sofri um atentado. Minha vida vale mais”, afirma. Por fim, ele agradeceu aos populares de Paraíso do Sul que não deixaram “algo pior” acontecer. “Muitas pessoas de lá me perguntando se estou bem. Tive muito apoio, especialmente no público feminino”, conta.