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Saúde 23/04/2024 10:16
Por: Odete Jochims

Câmara de Vereadores recebe coordenador da vigilância epidemiológica para falar sobre a Dengue

Na Sessão Ordinária desta segunda-feira (22), a Câmara de Vereadores recebeu o coordenador da vigilância sanitária em saúde da municipalidade, Leonardo  Ribeiro, para falar sobre o registro de dengue em Candelária, os sintomas da doença, a proliferação dos mosquitos, o combate e a prevenção do Aedes aegypti.

Conforme dados apresentados, Candelária, desde 2018 é um município considerado infestado e segundo Ribeiro, até 2023, encontravam-se somente as larvas do mosquito, “em 2018, encontrávamos somente 1 larva a cada 2 ou 3 meses e nos anos seguintes foram aumentando os focos”.

Ribeiro frisou que atualmente, Candelária tem o vírus circulante, “Nós tivemos um aumento bem expressivo desde a última vez que estive aqui na Casa em fevereiro, falando sobre isso. Hoje, há 73 casos de dengue em Candelária. De março até abril, os casos mais do que dobraram” pontuou.

A Vigilância Epidemiológica trabalha com o que chamam de 'semana epidemiológica’, “na semana 13, tivemos 6 casos; semana 14 foram 9 casos; semana 15, 24 casos; sendo a pior semana e na semana passada foram 15 casos”, ressaltou Ribeiro.

Esta redução da última semana ocorreu, principalmente, pela chegada do frio, em conjunto com o trabalho que está sendo feito no município para controlar a contaminação.

O maior problema de focos do mosquito e dos casos, está no Centro do município, que é relativamente grande, sendo composto por 74 quarteirões, que vão do Rincão Comprido até o Bairro Costa Norte.

Anteriormente, os trabalhos eram realizados por bairros, seguindo um cronograma. Com o aumento dos casos, os bairros e casas que têm maior incidência, tem uma atenção maior voltada.

Com isso, segundo Leonardo, consegue-se uma redução e controle do risco de infecção dos morados próximos às regiões em que foram detectados os focos e casos de infecção. “O problema é que agora os casos estão se espalhando e eles não têm uma relação direta entre si”, detalhou.

Conforme explicou Leonardo, foram feitos três mutirões, “o primeiro foi feito nas imediações da Brigada Militar e uma parte da Intendente Albino Lentz e em terrenos baldios, foram recolhidos uma grande quantidade de lixo. Na Amandio Silva também teve recolhimento de lixo e foi colocado o produto que utilizamos, o que apresentou um bom resultado”, destacou.

Com relação as visitas dos agentes nos locais, “o trabalho é sempre o mesmo. Chegamos ao imóvel, conversamos com os moradores, pedimos para fazer uma visita no entorno do imóvel para eliminar baldes, brinquedos, latas de tintas, pneus, água da chuva, tudo é descartado e orienta-se o morador a manter essa rotina”, pontuou Ribeiro.

Após esse procedimento, as visitas têm sido regulares para que o trabalho seja mantido pelos moradores e proprietários de imóveis e terrenos, caso não esteja sendo cumprido, haverá uma notificação, que será seguida de multa.

O coordenador alertou que a dificuldade maior de controlar a proliferação do mosquito em todo o país, começa pelos ovos que podem chegar até 450 dias no seco sem morrer e neste período, se ele ficar submerso, em 10 dias irá eclodir e sair o mosquito, por isso, os trabalhos devem ser feitos durante todo o ano. Uma fêmea do mosquito Aedes aegypti consegue picar até 10 pessoas em uma noite, aumentando exponencialmente de uma semana para a outra.

Questionado a respeito do uso do fumacê, Leonardo explicou que o veneno utilizado é cedido pelo Estado e pelo Ministério da Saúde e que Candelária possui o maquinário para a aplicação, contudo, é fornecido somente quando há um aumento de casos de hospitalização em curto período, “a eficácia daquela fumaça é abaixo de 20%” e reforçou que o controle ideal é feito através da limpeza dos pátios e entorno das residências, sempre mantendo uma rotina de cuidados, de pelo menos uma vez na semana.

O contato da Vigilância Sanitária de Candelária é 51 3743-8154, com horário de atendimento das 7:30 às 11:30 e das 13:00 às 17:00.

- SINTOMAS DE DENGUE:

A dengue é uma doença febril aguda, sistêmica, dinâmica, debilitante e autolimitada. A maioria dos doentes se recupera, porém, parte deles podem progredir para formas graves, inclusive virem a óbito. A quase totalidade dos óbitos por dengue é evitável e depende, na maioria das vezes, da qualidade da assistência prestada e organização da rede de serviços de saúde.

Todo indivíduo que apresentar febre (39°C a 40°C) de início repentino e apresentar pelo menos duas das seguintes manifestações - dor de cabeça, prostração, dores musculares e/ou articulares e dor atrás dos olhos – deve procurar imediatamente um serviço de saúde, a fim de obter tratamento oportuno. No entanto, após o período febril deve-se ficar atento. Com o declínio da febre (entre 3° e o 7° dia do início da doença), sinais de alarme podem estar presentes e marcar o início da piora no indivíduo. Esses sinais indicam o extravasamento de plasma dos vasos sanguíneos e/ou hemorragias, sendo assim caracterizados:

- Dor abdominal (dor na barriga) intensa e contínua;

- Vômitos persistentes;

- Acúmulo de líquidos em cavidades corporais (ascite, derrame pleural, derrame pericárdico);

- Hipotensão postural e/ou lipotímia;

- Letargia e/ou irritabilidade;

- Aumento do tamanho do fígado (hepatomegalia) > 2cm;

- Sangramento de mucosa; e

- Aumento progressivo do hematócrito.

Passada a fase crítica da dengue, o paciente entra na fase de recuperação. No entanto, a doença pode progredir para formas graves que estão associadas ao extravasamento grave de plasma, hemorragias severas ou comprometimento de grave de órgãos, que podem evoluir para o óbito do indivíduo.

Todas as faixas etárias são igualmente suscetíveis à doença, porém indivíduos com condições preexistentes com as mulheres grávidas, lactentes, crianças (até 2 anos) e pessoas > 65 anos têm maiores riscos de desenvolver complicações pela doença.

- TRANSMISSÃO:

O vírus da dengue (DENV) pode ser transmitido ao homem principalmente por via vetorial, pela picada de fêmeas de Aedes aegypti infectadas. Transmissão por via vertical (de mãe para filho durante a gestação) e por transfusão de sangue são raros.

- DIAGNÓSTICO:

Não existe necessidade da realização de exames específicos para o tratamento da doença, já que é baseado nas manifestações clínicas apresentadas. No entanto, para apoiar o diagnóstico clínico existem disponíveis técnicas laboratoriais para identificação do vírus (até o 5° dia de início da doença) e pesquisa de anticorpos (a partir do 6° dia de início da doença).

- PREVENÇÃO:

Em 21 de dezembro de 2023 a vacina contra dengue foi incorporada no Sistema Único de Saúde (SUS). A inclusão da vacina da dengue é uma importante ferramenta no SUS para que a dengue seja classificada como mais uma doença imunoprevenível. O Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público de saúde.

A vacina contra a dengue entra no Calendário Nacional de Vacinação pela primeira vez em fevereiro de 2024 e em virtude da capacidade de produção laboratorial a primeira campanha de vacinação atende 521 municípios distribuídos em 37 regiões de saúde do país. Embora exista a vacina contra a dengue, o controle do vetor Aedes aegypti é o principal método para a prevenção e controle para a dengue e outras arboviroses urbanas (como chikungunya e Zika), seja pelo manejo integrado de vetores ou pela prevenção pessoal dentro dos domicílios.

Nesse sentido, além das ações realizada pelos agentes de saúde, a população deve fazer a sua parte:

- Uso de telas nas janelas e repelentes em áreas de reconhecida transmissão;

- Remoção de recipientes nos domicílios que possam se transformar em criadouros de mosquitos;

- Vedação dos reservatórios e caixas de água;

- Desobstrução de calhas, lajes e ralos;

- Participação na fiscalização das ações de prevenção e controle da dengue executadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

- TRATAMENTO:

O tratamento é baseado principalmente na reposição de líquidos adequada. Por isso, conforme orientação médica, em casa deve-se realizar:

- Repouso;

- Ingestão de líquidos;

- Não se automedicar e procurar imediatamente o serviço de urgência em caso de sangramentos ou surgimento de pelo menos um sinal de alarme;

- Retorno para reavaliação clínica conforme orientação médica;

- Ainda não existe tratamento específico para a doença.

** Dados e informações sobre transmissão, diagnóstico, prevenção e tratamento via Governo Federal.

Por Maieve Soares/ Assessora de Imprensa Câmara de Vereadores