Por Erni Bender: a linda Curitiba para visitar

Sempre que posso exalto a bela capital paranaense, Curitiba, uma cidade que iniciou sua vocação de referência ecológica nos anos 70, especialmente pelas mãos do excelente arquiteto e urbanista Jaime Lerner. Ele depois se tornou um não tão bom prefeito e, mais tarde, um sofrível governador, encerrando sua carreira política (hic) com uma condenação por improbidade administrativa. Como urbanista, no entanto, Lerner dava show e transformou a cidade de Curitiba na mais bela capital do Brasil, na minha modestíssima opinião.

Uma das primeiras ações do arquiteto foi calçar a Rua XV de novembro, principal rua do centro da cidade, e resgatar o nome que tinha no tempo do império, Rua das Flores, além de transformar 3.300 metros em rua somente para pedestres. O projeto causou polêmica na época, mas só trouxe benefícios, fazendo os críticos se tornarem defensores do tal “calçadão”, que abriga lojas e bares por toda a sua extensão, além de proporcionar imensa beleza com as flores nos canteiros e a tradicional limpeza de Curitiba. Não sei se hoje está assim, não fui a Curitiba este ano por conta da pandemia, mas não se vê papeis no chão ou rolando pelas ruas ao vento. Trata-se de um belo exemplo de educação do povo, que começou quando eu era criança nas escolas públicas onde estudei e que recebiam todas as semanas visitas de agentes do governo e da Polícia Militar. Eles ensinavam que lixo é na lixeira e devíamos separar o lixo, coisa que cobrávamos da mãe. Isso acabou transformando essa capital na mais limpa do país.

Além dessa limpeza, Curitiba conta com parques fabulosos, lindos mesmo, a começar pelo Parque Barigui, local aprazível, com uma lagoa enorme e que tem em seu entorno pistas para caminhadas e ciclovias. São quilômetros de pistas, que permitem caminhar e apreciar a natureza, observando os enormes peixes do rio que atravessa o parque, pássaros, capivaras e até mesmo jacarés. Mas esse é um entre muitos parques de Curitiba. Eu morei lá por 30 anos e não conheço todos, mas sei que é um mais lindo que o outro.

A gastronomia curitibana também é bastante eclética. São restaurantes poloneses, austríacos, alemães, húngaros, japoneses, franceses, enfim, quase do mundo todo, além, é claro, de churrascarias de dar inveja aos gaúchos.

Porém, tudo isso transformou Curitiba numa capital muito visada por todo o Brasil e suas grandes indústrias atraíram moradores do país todo e até mesmo do exterior. Isso transformou Curitiba numa capital enorme, onde tudo que se possa fazer obrigatoriamente passa por filas. Claro, é o preço do progresso, mas tenho saudade do tempo em que morava por lá e em 15 minutos atravessava a cidade. Hoje você não sai nem do bairro em 15 minutos. São muitas ruas, avenidas largas, quatro pistas ou mais, lotadas de veículos parados em um imenso congestionamento. Impossível ir ao supermercado e não enfrentar filas para comprar carne ou pão e, mais ainda, para pagar no caixa.

Sem dúvida nenhuma Curitiba é linda, limpa, parques, gastronomia e tudo mais, porém virou uma mega metrópole, onde se locomover virou um problema, mesmo com o eficiente sistema de transporte urbano, que não conta com metrôs, mas canaletas exclusivas para ônibus urbano.

Adoro visitar, tenho mãe e irmãos por lá, passo três, quatro até cinco dias, mas morar já não faz parte de meus planos. Me chamem do que quiser, mas meu lugar é Candelária.