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Geral 09/10/2021 10:07
Por: Redação

Morte de recém-nascidos: em nota, hospital afirma que denúncias serão apuradas

Administrador Aristides adianta que algumas informações são falsas, embora esclareça que os dados de cada atendimento não podem ser divulgados por força de lei

  • Encontro na 13ª CRS reuniu representantes dos municípios e do Hospital Candelária (Foto: Jornal Serrano)
  • Também de Herveiras, Liane Rodrigues dos Santos, de 36 anos (Foto: Jornal Serrano)
  • O casal Vandoir e Loreni Seibert, de Herveiras, ambos de 24 anos (Foto: Jornal Serrano)

Nos últimos dias, repercutiu com força nas redes sociais um suposto mau atendimento no Hospital Candelária, relacionado a atendimentos na unidade obstetrícia. A respeito dos fatos, o jornal Serrano - sediado em Barros Cassal e com abrangência em Herveiras - publicou ampla reportagem, com versões sobre a morte de recém-nascidos de Herveiras. Os alegados problemas de atendimento na ala obstetrícia também foi repercutido em recente sessão da Câmara Municipal de Herveiras, conforme destacado na reportagem. Em manifestações, vereadores de Herveiras cobraram esclarecimentos e providências das autoridades de saúde junto ao hospital.

Na citada reportagem, são citados dois casos, com relatos das mães dos recém-nascidos que vieram a óbito, ambos de Herveiras. O primeiro episódio teria ocorido em abril deste ano, envolvendo o casal Vandoir e Loreni Seibert, ambos de 24 anos. No depoimento, Loreni contou que, com sete meses de gravidez, sentiu dores fortes e apresentou sangramento. Após buscar atendimento no posto de saúde de Herveiras, foi encaminhada ao Hospital Candelária, que é referência em partos para Candelária, Herveiras e Vale do Sol. Alega ter demorado para ser atendida e, após ser encaminhada para o quarto, teria sido constatado que os batimentos do coração do bebê estavam baixos. Sustentou ter recebido oito injeções, que serviriam para fortalecer o pulmão do bebê. No dia seguinte, seguiu com muitas dores, reclamando da demora no atendimento. “Após horas de dor e sofrimento, o nosso bebê nasceu, com uma coloração que não parecia normal”, afirmou Loreni, registrando ter questionada a médica e sido informada então que não havia mais o que fazer, pois a criança já estava sem vida.

O outro caso mencionado na notícia é mais recente e envolve a mãe de três filhos Liane Rodrigues dos Santos, de 36 anos. Ela contou que fez o pré-natal no posto de Herveiras e, a partir do terceiro mês, começou a ter pressão alta. No dia 15 de setembro, foi encaminhada ao Hospital Candelária, onde ficou internada. Alegou que na noite do dia 18 chamou as enfermeiras, pois sentia que o nenê já ia descer. Já na sala de parto, contou ter feito força, mas a médica teria dito que ainda não estava na hora. Então teria, de acordo com o relato, descido da mesa de parto e, já caminhando, após uma contração, se abaixado um pouco e a criança nasceu. Conforme contou, a criança teria caído com a cabeça no chão. O bebê teria chorado e sido colocado no berçário. Na sequência, de acordo com Liane, durante seis horas não pôde ver o bebê e, às 3h, teria sido avisada no quarto de que a criança estava tendo paradas cardíacas. “Eles estavam fazendo massagem e ele estava bem pretinhho já”, relatou. “Até que eu consegui chegar lá não tinha mais o que fazer, e perguntaram se queríamos pegar nosso filho no colo, mas ele já estava sem vida”, completou a mulher, que reclamou do tratamento recebido da médica responsável.

Reunião na 13ª CRS e a posição do hospital

A partir da repercussão dos casos, a secretária de Saúde de Herveiras, Rosuita Carla da Silveira, solicitou uma reunião com a 13ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) e a administração do Hospital Candelária. Um encontro realizado no dia 27 de setembro reuniu a coordenadora regional Mariluci Reis, as secretárias de Saúde de Herveiras e de Candelária, e reprsesentantes de Vale do Sol, além do administrador do hospital Aristides..Na oportunidade, a direção do hospital justificou algumas dificultades causadas pela carência de profissionais médicos. Ficou acertado que os municípios, juntamente com a 13ª CRS, iriam traçar uma estratégia para auxiliar o hospital na contratação de médicos obstetras, buscando melhorar o atendimento.

Na nota encaminhada à Folha, a direção do Hospital Candelária informou, em atenção às publicações em redes sociais, que está apurando as denúncias referentes aos atendimentos na Unidade Obstétrica da Instituição e que será realizada sindicância interna para avaliação dos fatos. A direção ainda reforçou o compromisso em contribuir para a investigação dos óbitos que é realizada pelos comitês municipais e regionais de investigação de óbito materno, infantil e fetal. A nota ainda esclareceu que os dados de cada atendimento não poderão ser divulgados na imprensa para proteção dos direitos fundamentais dos pacientes e para cumprimento da Lei Geral de Proteção de Dados. “Por fim, o hospital se solidariza com as famílias e reforça o compromisso em trabalhar para a qualificação dos serviços prestados”, completa o documento datado de quinta, 7. Na matéria divulgada pelo Jornal Serrano, o administrador Aristides lamentou algumas informações reproduzidas, que chamou de falsas e incorretas. Declarou, ainda, que o hospital segue todos os protocolos da rede cegonha, disponibilizando um espaço físico qualificado e uma boa equipe de profissionais.