Claudir Dullius: o colono humilde e candidato a padre que virou empresário de sucesso

“Você também pode ter sucesso”. O título da palestra do empresário Claudir Dullius ganha um especial significado ao final de sua explanação. Como um menino que nasceu em uma humilde família de colonos tornou-se um empresário de sucesso, dono de diversas lojas espalhadas pelo estado? O relato do próprio Dullius, rico em detalhes e que chamou a atenção pela simplicidade e a sinceridade, mostra como isso se tornou possível. Além disso, a atenta plateia que acompanhou a palestra no auditório da Acic na noite de quarta, 28, percebeu como pode ser verdadeira a frase que dá título à palestra. O evento foi uma iniciativa conjunta das secretarias municipais de Assistência Social e de Indústria, Comércio e Habitação, e atraiu um expressivo número de pessoas, formado, entre outras pessoas, por lideranças locais, empresários, professores e estudantes. 
Com o auditório lotado, Claudir Dullius começou se desculpando pela sua maneira simples de se comunicar, salientando não ser exatamente um palestrante, mas sim um empresário. Com o auxílio de um projetor, mostrou imagens de sua infância na bucólica localidade de Nova Santa Cruz, interior do atual município de Santa Clara do Sul. Descreveu-se como um menino sonhador. Mas a realidade que o cercava não lhe prometia grandes perspectivas. Era o mais velho dos seis filhos de um casal de agricultores, cuja pequena propriedade garantia apenas a subsistência da família. Em busca de um futuro melhor, decidiu inicialmente estudar para tornar-se padre. Mas não demorou a descobrir sua falta de vocação a partir da constatação: “tinha muita mulher bonita”. Depois, foi trabalhar numa pequena fábrica de calçados de Novo Hamburgo. A partir daí, começou a levar para sua terra natal sapatos para vender aos amigos e conhecidos. Além de relógios. “Que funcionam até hoje”, lembrou mais de uma vez. E assim Claudir descobriu sua veia de comerciante e com apenas 21 anos abriu a primeira loja Dullius em Santa Clara do Sul. Essa loja funcionava apenas às quintas, sextas, sábados e domingos, após a missa. Durante um passeio pela cidade de Cruzeiro do Sul, percebeu que lá só tinha uma loja de calçados. Viu ali uma oportunidade e não a desperdiçou. Em uma das tantas passagens engraçadas que contou, lembrou que tratou de preencher todas as prateleiras com caixas de sapato vazias para impressionar os clienntes. Mas não esqueceu de marcá-las com x, para não confundir com as que tinham sapatos.
Com inspiração no menino sonhador, Claudir logo abriria uma loja em Lajeado. E, de loja em loja, hoje soma 22, distribuídas em 13 cidades gaúchas, e um total de 230 colaboradores. Com uma projeção de faturamento de R$ 70 milhões para este ano, ele agradece a Deus por não ter nascido no topo da escada. Certamente, o sentimento de realização seria bem menor. Dirigindo-se aos jovens, procurou transmitir o pensamento de que essa realização não se deu por acaso. Nesse sentido, aconselhou-os a ler. “A leitura é fundamental para ser diferente e vencer”, ensinou. Confiança, determinação e vencer são algumas de suas palavras de ordem. Aos atuais e futuros lojistas e empreendedores, Claudir Dullius deu algumas dicas. “Não precisa entender de tudo. Mas precisa entender de gente.” “Uma empresa tem que ter um DNA próprio.” Ao explicar a última frase, salientou que as suas lojas adquiriram “um jeito Dullius de ser”. Por fim, ainda apresentou alguns conselhos pessoais, que servem para a vida e para os negócios: ter humildade; buscar sempre fazer o melhor; não se acomodar e preservar o desejo de crescer; sonhar; e saber servir e gerar resultados. Durante a explanação, Claudir elogiou a educação da plateia, especialmente dos mais jovens, algo raro de se observar, conforme comentou. Encerrou com um protocolar muito obrigado, exposto também pelo projetor. Porém, em razão dos ensinamentos e da lição de vida que lhes foi oportunizada, os presentes devolveram o agradecimento em forma de calorosos aplausos. E vale destacar: com a plateia toda em pé.