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Geral 18/01/2023 14:57
Por: Arthur Lersch Mallmann

A santa-cruzense Maria Eduarda é destaque no xadrez nacional

Com apenas 8 anos, a menina coleciona títulos e experiências internacionais e hoje já é uma das grandes promessas da modalidade

  • Foto: Divulgação/ Arquivo Pessoal
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Nem o céu é o limite para a pequena enxadrista gaúcha Maria Eduarda Tischler Lema Garcia. A menina é uma grande promessa do xadrez nacional e, desde o ano passado, vem colecionando títulos e escrevendo seu nome na história da modalidade. Com apenas 8 anos, sua mais recente conquista é como Campeã Sul-Americana de Xadrez, competição realizada na cidade de Luque, no Paraguay, de 1º a 7 de dezembro de 2022. A partida que deu o título foi analisada por um dos maiores youtubers de xadrez do Brasil, Rafael Leite, que tem mais de 273 mil inscritos em seu canal no YouTube. O vídeo teve 14 mil visualizações em apenas três dias.

Outro grande feito de Maria Eduarda em 2022 foi sua participação no Campeonato Mundial de Xadrez Infantil 2022 (World Cadet Chess Championship 2022), realizado pela Federação Internacional de Xadrez (Fide). As provas aconteceram de 15 a 28 de setembro no Euphoria Hotel Complex, localizado às margens do Mar Negro na cidade de Batumi, na Geórgia, na Europa Ocidental. A vaga para o mundial foi conquistada ao se consagrar Campeã Brasileira de Blitz e Campeã Brasileira de Clássicas, na categoria Sub8, durante o Campeonato Brasileiro de Xadrez, promovido pela Confederação Brasileira de Xadrez (CBX) no mês de junho em Natal, no Rio Grande do Norte.

Durante a viagem, além de todo apoio e incentivo dos pais, o desembargador federal Eduardo Vandré Lema Garcia e a servidora pública Tiana Willig Tischler, Maria Eduarda teve o patrocínio da Xalingo Brinquedos, Pitt Jeans e Colégio Mauá. A trajetória da pequena no xadrez começou cedo, com apenas 4 anos, mas sua participação em campeonatos teve início apenas no ano passado. Desde então, já são muitas medalhas, troféus e histórias colecionadas. Com dedicação e treinos diários, ela não pensa em parar por aí. Inclusive, o próximo desafio já está agendado: será o Mundial de Xadrez SUB9, que será realizado em Rhodes, na Grécia, dos dias 13 a 23 de abril.

 

Paixão que vem de berço

Na residência da Maria Eduarda Tischler Lema Garcia, na cidade de Santa Cruz do Sul, a aproximadamente 150 quilômetros de Porto Alegre (RS), os tabuleiros de xadrez podem ser encontrados em diferentes cômodos. A paixão da menina pela modalidade foi herdada do pai, Eduardo Vandré Lema Garcia, que é enxadrista desde criança. “Aprendi com os amigos na década de 70, inspirado no santa-cruzense Henrique Mecking, Grande Mestre Brasileiro de Xadrez e que foi considerado o terceiro melhor do mundo”, conta. Na rotina dos enxadristas, os estudos são constantes, sempre respeitando as vontades e os interesses da criança.

Após o Sul-Americano de Xadrez, Maria Eduarda ficou um mês sem treinar. Agora, voltou a praticar em torno de três horas por dia, o que inclui uma hora com o Grande Mestre André Diamant, 5º melhor do País e que no ano passado representou o Brasil nas Olimpíadas de Chennai, na Índia. Também realiza exercícios de tática, treino de finais e partidas. A mãe ressalta que tudo isso só é possível porque a filha ama xadrez. “É impossível estabelecer uma rotina dessas se ela for um fardo para a criança. Por outro lado, a Maria tem uma vida muito equilibrada. Isso tudo é feito sem qualquer prejuízo para a escola, tarefas e brincadeiras com as amigas”, ressalta Tiana.

A expectativa dos pais é continuar com os estímulos para a pequena atleta, mas sempre respeitando as vontades da progênita. “A Maria Eduarda tem muito futuro no xadrez se continuar estudando e treinando, mas essa é uma escolha dela”, garante o pai. A pequena ainda divide a paixão pelo xadrez com outros hobbies: violino, piano e ginástica rítmica. Outra grande adoração é a boneca Baby Alive, que a acompanha em todas as competições e já se tornou um amuleto de sorte e uma marca registrada nos tabuleiros por onde passa. “O xadrez não é só ganhar ou perder, ensina a não desistir, mesmo diante das dificuldades. Quero continuar dando demonstrações de coragem”, diz Maria Eduarda, que em breve começará no terceiro ano do Ensino Fundamental.

 

Trajetória de entrega e superação

A pequena Maria Eduarda Tischler Lema Garcia começou a jogar xadrez com 4 anos. Aos 7 anos, foi campeã do Floripa School Open, realizado em janeiro de 2022, em Florianópolis (SC). Desde o início do ano, as conquistas não param:

Campeã do Wizard Meeting de Xadrez 2022, Categoria Feminino Adulto, em março, em Santa Cruz do Sul (RS);

Aos 8 anos, Campeã Feminina e Segundo Lugar Absoluto SUB18 (masculino e feminino) no Torneio do Sesc, em maio, em Santa Cruz do Sul (RS);

Campeã Panamericana de Rápidas, em Montevidéu, no Uruguai, em maio;

Campeã Brasileira de Blitz e Clássicas, em Natal (RN), em junho;

Vice-campeã Brasileira de Rápidas, em Natal (RN), em junho;

5º lugar no Pan-americano de Clássicas, em Montevidéu, no Uruguai, em junho;

Campeã do Circuito Regional de Xadrez, em Venâncio Aires (RS), em julho;

Jogo ao vivo na televisão aberta contra um repórter da RBS TV, em agosto;

Campeã Sub-12 na Copa Francisco Trois, no Metrópole Xadrez Clube de Porto Alegre, em agosto;

Participação no Campeonato Mundial de Xadrez Infantil 2022, em setembro;

1º Lugar Sub-13 no I Torneio da Primavera, em Cachoeira do Sul, em outubro;

Campeã Sub-10 no Torneio de Rápidas, Metrópole 85 anos, em Porto Alegre, em outubro;

Campeã sub-12 no Torneio de Sobradinho, em novembro;

2º Lugar Feminino Adulto, no IRT de Santa Cruz do Sul, em novembro;

Campeã Sul-Americana de Xadrez em Luque, Paraguay, em dezembro de 2022.

 

Xadrez, um instrumento para desenvolver crianças

Jogador de xadrez desde a infância, o pai da enxadrista Maria Eduarda acredita que o xadrez é um esporte importante por desenvolver o intelecto e o fair play, além de ser um instrumento fundamental para o desenvolvimento das crianças, especialmente nos dias de hoje em que os pequenos são hiperestimulados, sobretudo com eletrônicos. “O xadrez é uma contraposição a isso, pois estimula a reflexão, o foco e a paciência”, ressalta o desembargador federal Eduardo Vandré Lema Garcia. Ele conta que partidas da Maria chegam a levar três horas e, por vezes, ele gasta 30 minutos analisando o tabuleiro apenas para encontrar um único lance.

“Ao longo desse tempo, o cérebro dela está processando pacientemente uma série de combinações táticas apenas olhando para o tabuleiro, sem poder movimentar as peças fisicamente, porém, apenas mentalmente. Eu não tenho dúvida de que esse exercício desenvolverá habilidades importantes para toda a vida dela”, declara. Além disso, reforça que o xadrez é um esporte individual, no qual o atleta precisa tomar decisões importantes sozinho, ao longo do jogo, e terá que conviver com os resultados dessas escolhas. “É um esporte que estimula a tomada de decisões e a responsabilidade pelos seus atos. Nós acreditamos que a empresa que se associar a esse tipo de esporte está sinalizando para a sociedade que ela se preocupa com o desenvolvimento das crianças em face dos reveses da vida moderna e dos desafios que os aguardam”.

Texto: jornalista Michelle Treichel – MTB/RS 12.559