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Geral 17/10/2022 09:33
Por: Redação

Projetos da Escola Cristo Rei despertam potencial criativo dos estudantes

Graças à professora de português Maria Costa, alunos dos anos finais do Ensino Fundamental passaram a desenvolver seus próprios jornais, revistas, podcasts, contos e áudiobooks

  • Estudantes do 8º ano trabalhando em seu projeto
  • Turma esteve no palco principal da Feira do Livro para anuncia lançamento do e-book
  • Ocasião permitiu encontro com o escritor e documentarista candelariense, Douglas Roehrs
  • Diretora da Escola Cristo Rei, Aline Puntel (esq.), a professora Maria Costa (dir.) e os alunos do 8º ano

A educação verdadeiramente transformadora é aquela que aproxima a educação da vida real, criando entusiasmo, significado e mobilização por parte dos alunos. Prova disso é o trabalho que vem sendo desenvolvido nas turmas de 6º a 9º do Ensino Fundamental da Escola Cristo Rei, da Vila União. No mês de setembro, a escola trouxe os alunos para conhecerem pessoalmente a redação da Folha de Candelária e o estúdio da Rádio Sorriso. Na oportunidade, nossa reportagem pôde conhecer de perto o trabalho dos estudantes, que impressiona tanto pelo capricho quanto pela qualidade do produto desenvolvido na escola.

Há apenas 8 meses no educandário, a professora de português Maria Iraci Sousa Costa já criou diversos projetos com seus alunos. A turma do 6º ano, por exemplo, desenvolve um jornal da escola; a do 7º, uma revista; o 8º já criou contos em formato de áudio e por escrito; e o 9º produz seu próprio podcast (programa em formato de áudio). A diretora do educandário, Aline Rodrigues Puntel, destaca que a iniciativa foi algo realmente especial. “É uma emoção. Nossos alunos são oriundos de comunidades humildes. Nós ficamos sem palavras ao ver eles demonstrando esse interesse, essa vontade de querer fazer”, pontua.

Segundo a professora Maria, o objetivo inicial era fugir de dois estigmas: o primeiro, de que professora de português só lê os textos dos alunos para buscar erros; e segundo, de que ela seria a única leitora dos trabalhos. “O sentido do texto se constitui na relação entre autor, texto e leitor. Então, se não tiver alguém interessado em ler o que eles produzem, o sentido se perde. Por isso a ideia de um projeto que tivesse um propósito maior para eles e para o local em que eles estavam inseridos”, explica.

Ainda de acordo com a professora, o público leitor dos projetos seria a própria comunidade escolar. No caso de produções que foram parar na internet, o público potencial era ainda maior. “A primeira reação deles foi: ‘opa, agora eu preciso caprichar mais, porque a escola toda vai ver, porque as pessoas podem acessar’. Isso muda a perspectiva com que é encarada a produção”, enfatiza Maria.

 

A importância de uma educação significativa

Ao conversar com os alunos do 8º ano da Cristo Rei, a percepção sobre os projetos é a mesma: entusiasmo. “Nós nunca tínhamos trabalhado com estas abordagens diferentes. Ela é uma professora maravilhosa. Se eu pudesse, eu a carregava para a minha vida toda”, conta Suziane. “Nós não acreditávamos no potencial da nossa criatividade. Mas a nossa professora acreditava. Então passamos a acreditar juntos e seguramos a mão dela com todas as forças”, complementa a estudante.

A animação dos estudantes, entretanto, pode esconder as dificuldades envolvidas no processo. A exigência que trouxe bons resultados não foi bem recebida pelas turmas no início. “No começo, eles não entenderam as minhas cobranças e onde eu queria chegar. Nós tínhamos uma relação bem difícil no primeiro trimestre. Mas quando eles viram os resultados das primeiras produções, aconteceu a virada de chave”, conta a professora. “Nós tivemos várias brigas e discussões, principalmente no início. Mas a gente sabe que é para o nosso bem. É como a frase que todo mundo diz: na escola, os professores são nossos pais. Ela é uma mãe para nós”, contextualiza a estudante Renata, do 8º ano.

Dessa forma, o que era uma exigência exclusiva da professora, passou a ser um trabalho coletivo. “Um dia eu mostrei um áudio e não precisei nem deixar muito tempo para eles dizerem: ‘precisamos refazer’. Antes era eu que exigia; agora, eles que se exigem. Esse é o principal resultado que enxergo neles”, conclui Maria.

 

Alunos lançaram E-Book na Feira do Livro

Na tarde da última terça, 11, os estudantes do 8º ano da Escola Cristo Rei, da Vila União, lançaram oficialmente o E-Book “Era uma vez na EMEF Cristo Rei”. O projeto foi inspirado na produção da coleção “Reino Grande do Sul”, produzida por Rodrigo Keller, patrono da 17ª edição da Feira do Livro. O intuito do projeto é repaginar os contos de fadas para o contexto gaúcho. Dessa forma, surgem contos como “João e o Pé de Pinhão”, “A Marrequinha Esquisita”, “A Prenda e o Sapo”, “Os Porquinhos Baguais”, “O Gato de Alpargatas”, e assim por diante. Tendo tomado conhecimento do projeto, Keller chegou a convidar a turma para participar de uma coleção de livros produzidos por autores mirins, da Editora Junior.

O contos do “Era uma vez na EMEF Cristo Rei”  também foram gravados em formato de áudio. “Como nossas histórias são compostas por vários personagens, nós nos juntamos com colegas da nossa turma e cada um interpreta um personagem”, conta Renata, uma das alunas. A alegria no rosto dos estudantes era indisfarçável. “Quando a professora nos contou que apresentaríamos nosso trabalho na Feira do Livro, nós ficamos muito felizes”, lembra Franklin, outro aluno do 8º ano. Os capítulos em aúdio estão disponíveis gratuitamente nos principais agregadores de podcasts, como o Spotify.