Logo Folha de Candelária
Geral 02/09/2022 10:39
Por: Odete Jochims

Óculos inteligentes são esperança para jovem candelariense

Eduarda de Freitas, 16 anos, possui má-formação da retina, o que faz com que sua visão se deteriore com o tempo; equipamento permitiria a ela ler e identificar rostos.

  • Óculos inteligentes: dispositivo permite que deficientes visuais consigam ler e identificar rostos
  • Eduarda, 16 anos, atualmente
reside no município de Anta
Gorda com sua mãe
  • A avó, Cleonice, batalha
incansavelmente para garantir
melhores condições para a neta

É possível dizer que a jovem Eduarda de Freitas, 16 anos, filha de Anderson de Freitas e Elisabete Jahnke, luta pela vida antes mesmo de ter nascido. Quando sua mãe estava grávida, ela sofreu uma queda que a fez passar boa parte da gestação no hospital. Em razão dessas complicações, Eduarda nasceu em um procedimento de urgência numa unidade intensiva de saúde em Porto Alegre. Após ter passado 29 dias na UTI, ela finalmente foi liberada. Este, no entanto, era apenas o início de sua batalha. Quando estava na préescola do Colégio Medianeira, escola em que estudou por vários anos, algo na pequena Eduarda (ou Duda, como é carinhosamente chamada) despertou a atenção de seus professores. “Nós notávamos que ela tinha algum problema de visão”, conta a professora Madalena Grehs. “Na época, não sabíamos exatamente o que era”, complementa. Segundo a avó de Duda, a artesã Cleonice de Freitas, a família passou por vários médicos até descobrir que a menina possuía um problema na retina. “Nos aconselharam a acompanhar a situação até os 12 anos. O caso poderia, então, regredir ou agravar. Infelizmente, a dificuldade do caso foi aumentando e hoje ela enxerga muito pouco”, relata a avó. Ao longo desses anos, Duda fez diversos exames não apenas para acompanhar o seu caso de saúde, mas para avaliar os recursos possíveis para tratar o seu problema. Todos sem muito sucesso. “A minha neta já estava exausta desses trâmites. Ela dizia: ‘vó, eu já não aguento mais tantos exames’. Alguns ela precisava ficar hospitalizada para fazer”, comenta Cleonice. Um dia, em junho deste ano, a avó de Duda recebeu uma mensagem da ex-professora de sua neta. Madalena leu uma matéria no jornal Zero Hora sobre óculos inteligentes que estavam sendo distribuídos para estudantes de Gravataí com problemas de visão. “Como eu acompanhei a luta da Cleonice com a saúde da neta, logo pensei que isso poderia dar certo para a Duda”, conta Madalena. No mês de agosto, então, Duda, que no momento reside no município de Anta Gorda, e sua família foram até Gravataí experimentar o aparelho. “Era tudo que sempre procuramos. Por anos nós corremos atrás de uma solução e acredito que agora tenhamos encontrado”, enfatiza Cleonice. Entretanto, o grande obstáculo no momento é o preço do dispositivo: os óculos inteligentes custam em torno de R$ 15 mil. No momento, Cleonice conta que está vendo a possibilidade de obtê-lo através de instâncias públicas. Se não for possível, a família dará início a uma campanha para angariar fundos. “Tenho certeza que dará tudo certo”, finaliza Cleonice, esperançosa. FUNCIONAMENTO – A tecnologia permite que pessoas com deficiência visual compreendam textos e objetos gerais por meio de uma descrição de áudio (que pode ser vinculada a um fone de ouvido). Os óculos inteligentes permitem o reconhecimento de até 200 rostos, a identificação de rótulos de produtos, entre outras funcionalidades.

 ( Por Arthur Mallmann)