Por: Diego Foppa
Chuva ameniza efeitos da estiagem
Precipitação desta semana não foi suficiente para reverter o quadro de estiagem, mas amenizou temporariamente os problemas causados pela seca
Muito
aguardada pelos produtores, a chuva que caiu no decorrer desta
semana, especialmente na segunda-feira, amenizou parte dos efeitos da estiagem que
assola setores da agricultura e da pecuária desde o início do verão. Conforme informações
do Escritório de Planejamento Agrícola e Consultoria de Candelária (Agrican), o
acumulado variou entre 20 e 120 milímetros em toda parte do campo. Ainda que
insuficiente para reverter as perdas em cultura como o milho do tarde e a soja,
semeadas mais recentemente, e que encontram-se em fase de desenvolvimento vegetativo,
a chuva amenizou temporariamente os problemas causados pela estiagem, problema
no qual os produtores precisaram conviver em duas das últimas três safras (a
última foi impactada pela enchente). “Umedeceu um pouco o solo que vinha
sofrendo com o estresse hídrico (que pode afetar o potencial produtivo), desde
a metade de dezembro”, comenta o engenheiro agrônomo da Agrican, Adalton Siqueira.
Conforme o engenheiro, a chuva ameniza as perdas principalmente na soja de
ciclo mais longo, cultivada entre o final de novembro e dezembro. “Está em fase
vegetativa. Portanto, ainda tem potencial para se desenvolver, desde que não
falte umidade no solo no decorrer do ciclo da cultura”, relata. No entanto, já
é possível afirmar que as perdas são irreversíveis em alguns pontos e podem aumentar
se não chover. Dados da Emater/RS indicam que o momento é de definição da
produtividade, pois 45% das lavouras estão em florescimento e 10% em enchimento
de grãos. Na prática, isso torna a umidade extremamente necessária, pois
durante as horas mais quentes, as plantas apresentam folhas murchas, mas com
recuperação à noite e pela manhã. Esse mecanismo fisiológico visa reduzir a
perda de água. “Hoje, fazendo uma análise geral, é possível afirmar que existe
uma perda consolidada de aproximadamente 20% da área cultivada, mas esse índice
pode aumentar se a falta de chuva continuar. Certamente a soja plantada mais
cedo foi mais prejudicada, pois está fase formação de legume e enchimento de
grão”, detalha Adalton.
Preocupação também nas lavouras de arroz
Essencial na produção do arroz, a falta de
chuva tem deixado os produtores de arroz em alerta. Isto porque, os
orizicultores tem observado a redução do nível dos reservatórios. Para otimizar
o uso da água e minimizar os desperdícios, alguns têm priorizado o fechamento
de taipas e a redução da lâmina de água nas lavouras. Algumas áreas já
encontram-se em estágio vegetativo, iniciando a formação das primeiras
panículas. Na localidade de Rebentona, no interior de Candelária, o produtor
Osvaldo Machado, de 84 anos, efetuou o plantio de 55 hectares em novembro. Ele
conta que pretende iniciar a colheita em março. “Por enquanto, não tivemos
problemas por conta da falta de água, pois puxamos água do rio”, afirma.
Entretanto, Osvaldo salienta que teme que falte “A chuva dessa semana foi muito
importante, pois muitos produtores estão sofrendo por conta da estiagem e acumulou
uma quantia de água no rio”, disse.
FEVEREIRO INICIA COM MARCAS ESCALDANTES
Fevereiro é o último mês do chamado verão
meteorológico (trimestre de dezembro a fevereiro), embora o verão astronômico
chegue ao fim apenas no dia 20 de março, às 6h01. Como mês de verão, obviamente
é quente e costuma registrar dias de muito alta temperatura com chuva principalmente
de natureza convectiva, ou seja, associada ao ar quente e úmido com altos volumes
localizados que costumam trazer alagamentos, inundações repentinas e tempestades,
algumas severas. Conforme análise da MetSul Meteorologia, fevereiro começará
com calor intenso. Já na próxima semana, as máximas podem superar os 40ºC em
grande número de municípios da região. Em Candelária, segundo a MetSul, a
próxima semana poderá ter chuvas isoladas na terça e quarta. A expectativa é de
chuva para a quinta. Com esse cenário de calor excepcional, uma situação que
deverá ser atentamente monitorada na próxima semana, é a possibilidade de
ocorrência de temporais isolados severos. Essa previsão também indica o agravamento
do quadro de estiagem.